COLUNAS

  1. Home >
  2. Colunas >
  3. Gramatigalhas >
  4. França - Estive em ou na?

França - Estive em ou na?

quarta-feira, 22 de março de 2017

Atualizado em 21 de março de 2017 17:59

O leitor Tereziano Donizete Duran envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Olá, professor José Maria, pergunto: quando nos referimos ao país França iniciamos a frase em França, diferentemente de outros países. Qual a razão?"

Envie sua dúvida


1) Um leitor indaga por que, quando nos referimos ao país França, dizemos em França, assim apenas com a preposição, diferentemente de outros, em que notamos a presença de um artigo.

2) Para não alongar a observação, vamos atentar ao modo de falar de duas cidades brasileiras: a) "Estive em Curitiba"; b) "Estive no Rio de Janeiro".

3) Também observemos dois estados brasileiros: a) "Estive em São Paulo"; b) "Estive no Paraná".

4) Por fim, vejamos dois países: a) "Estive em Israel"; b) "Estive na Turquia".

5) Ora, no primeiro de cada dupla desses exemplos, nota-se a presença de em, que é apenas uma preposição; já na segunda dupla, constata-se a existência de no ou na, que é a junção da preposição em mais o artigo definido (o ou a).

6) Sem necessidade de formulação de grandes teorias, isso demonstra que, enquanto alguns nomes próprios de lugares (cidades, estados, países, continentes) admitem artigos antes de si, outros não admitem.

7) E, para atender à indagação do leitor, assim se deve observar de modo específico para os países: a) alguns vêm sempre sem artigo (como, por exemplo, rei de Portugal); b) outros vêm sempre com artigo (presidente do Brasil, povo do Canadá, importações dos Estados Unidos); c) e há os que admitem ser usados, facultativamente, sem artigo ou com artigo, embora a preferência atual e popular seja por essa última forma (reis de França ou reis da França, grandes de Espanha ou grandes da Espanha, flores de Holanda ou flores da Holanda, cartas de Inglaterra ou cartas da Inglaterra...).

8) Para definir a extensão dessa lista e o enquadramento dos países nas respectivas modalidades, é importante atentar ao ensino de Silveira Bueno: "não há regra para este uso e só a observação diária de cada um poderá remediar a dificuldade" (1968, p. 114).