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Porandubas nº 378

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Atualizado em 5 de novembro de 2013 11:24

Abro a coluna com historinhas do inesgotável folclore político de MG.

Bias fortes

Juscelino Kubitschek era presidente da República na década de 50. A questão fronteiriça entre Minas e o ES recrudesceu. JK reuniu os dois governadores dos Estados litigantes. Conseguiu de ambos o compromisso de cessarem, de imediato, as hostilidades, voltando os limites estaduais à situação anterior, enquanto comissão de alto nível das duas Unidades da Federação buscava uma solução. Ao término da reunião, os jornalistas cercaram os dois governadores, querendo saber se havia uma decisão. Bias Fortes, governador de Minas, resumiu : "Acabou-se o qui pro quo, voltamos ao status quo".

Gustavo Capanema

Discursava num comício em Pará de Minas. Citou verbas em cifras detalhadas, que foram de bilhões aos centavos. Um assessor perguntou-lhe :

- Por que tantos quebradinhos ?

Capanema esclareceu.

- Para mentir é preciso ser preciosista. Assim, ninguém percebe que você está mentindo.

Israel Pinheiro

Ouvia as queixas do general Eurico Gaspar Dutra, candidato do PSD em 1945 à sucessão presidencial. Estava muito ressentido com os ataques da mídia. Queria responder. Exigia retratação. Israel Pinheiro interveio.

- General, não se perturbe. Ataque da imprensa é como sol de praia nas férias. A pele arde nos primeiros dias, depois se acostuma.

Juscelino Kubitscheck

Sabia que não podia contar com o vice, Café Filho, que assumiu a presidência da República após o suicídio de Vargas, em 1954. Irritado com Café Filho, JK ouviu a pergunta de um curioso governador nordestino.

- Doutor Juscelino, qual é, em toda essa história, a posição do Café ?

- Que Café ? O vegetal ou o animal ?

Tancredo Neves

Ministro da Justiça de Vargas, que se suicidou tragicamente em 1954. Deixou a pasta da Justiça, e outro mineiro, José Monteiro de Castro, assumiu o poder como chefe da Casa Civil. Tancredo destinou-lhe este telegrama :

- Mais amigos do que nunca, mais adversários do que nunca.

Recuo de Dilma ?

Nos últimos 10 dias, a mídia impressa baixou em alguns graus a temperatura da presidente Dilma no termômetro eleitoral. Notas críticas e análises de colunistas aumentam o cacife das oposições. Este consultor não viu nenhum evento ou situação negativa a sinalizar o rebaixamento da nota de Dilma no ranking. A economia continua nos patamares anunciados, a empregabilidade está nos conformes e a inflação, rondando os 6%, dentro do previsto. Qual teria sido o fator deflagrador do rebaixamento do índice de confiança ?

Atraso nas obras

Uma leitura mais aguda das páginas de política sinaliza atraso nas obras, reunião da presidente com 15 ministros para cobrar providências, definir novas metas para os programas e expandir projetos. É possível que tais sinais mostrem algum arrefecimento da confiança, a par da declaração enfática de Lula : "se encherem o saco, volto em 2018". Vejam bem : 2018. Portanto, não há um Lula disposto a encarar 2014. Até porque o ex-presidente é um oceano de confiança. E tem atividades a desempenhar : palanques nos Estados, articulação intensa para consolidar base governista, aparar arestas entre correligionários e unir o próprio PT, dividido em alas.

Franco favorita

A equação BO+BA+CO+CA= Bolsa+Barriga+Coração+Cabeça continua incólume. Com o bolso das bolsas, sob economia controlada, a geladeira das massas continuará farta; o coração comovido agradecerá a generosidade e enviará à cabeça a decisão de voto em quem patrocina a festa : Dilma (Lula). Este consultor, sem part pris, continua a achar que a presidente Rousseff é franco favorita.

Maluf condenado e candidato

Paulo Maluf tem fôlego de sete gatos. Há muito tempo o MP tenta colocá-lo fora do páreo político. Pois bem, o TJ/SP o condenou por desvios de recursos. Mas não falou em dolo. Maluf poderia se apresentar como candidato em 2014. De qualquer maneira, ele vai recorrer. Maluf terá mais dificuldades do que outras vezes de se livrar das barras da Justiça. Mas conhece como ninguém as veredas da Justiça. Haja recursos.

FFF x BF x MR

É inacreditável. Paulo Maluf, em sua vitoriosa campanha para a prefeitura de SP, conduzida por Duda Mendonça, já usava o bordão : Fez e Fará. Paulo Fez, Paulo Fará. Vê-se, agora, que a lei de Lavoisier continua a ser usada fartamente. Não é que a campanha de Dilma anuncia o bordão : Fez, Faz e Fará ? Claro, João Santana foi aluno de Duda Mendonça. E apenas resgata o velho refrão. Ocorre que o povo, hoje, é mais exigente. Quer coisas Bem Feitas (BF) e Mais Rápidas (MR). Não é possível que tenhamos de dar um mergulho nas lorotas do passado.

Doações vão vingar ?

Expande-se a corrente dos contrários às doações de empresas para campanhas eleitorais. A declaração enfática do ministro do STF, Dias Toffoli, que irá presidir o pleito de 2014, condena as doações de empresas, comparando-as com extorsões. Tudo isso deverá ser avaliado nos próximos dias pelo Congresso. Na visão deste escriba, tudo continuará como d'antes no quartel d'Abrantes.

Petrobrasa

A fogueira de críticas contra a Petrobras está mais alta. Há brasa por todos os lados. Petrobras vira Petrobrasa. A presidente Graça Foster promete recuperar os bons índices da ex maior empresa brasileira. Será que conseguirá colocar novamente a simbólica companhia nos nossos corações ? Os reajustes no preço da gasolina virão a conta-gotas. Em 2014, ano eleitoral, essa possibilidade se torna muito remota. Mas, tudo é possível. O pré-sal já deu muita saliva. E continuará a jorrar verbos e a consumir verbas. Graça precisa se afirmar como gestora de alto nível.

À propósito...

Aliás, a presidente Dilma começa a ter a imagem borrada. De gerente e voltada para resultados, a presidente adquire traços de burocrata e ocupada em mil reuniões.

Pontos fortes e fracos

O Nordeste deverá ser o ponto mais fraco de Aécio Neves. Seu ponto forte, é obvio, será o segundo colégio eleitoral do país, MG (15 milhões de eleitores), onde deverá fazer uma frente de 4 milhões de votos. De dois votantes, um deverá ser aliado de Aécio. Mas o Nordeste deverá ser o ponto forte de Dilma (o Bolsa Família, o programa Mais Médicos) e também o de Eduardo Campos. Que deverá ter uma frente, em PE, de 1,5 milhão de votos. SP, o maior colégio eleitoral (33 milhões de eleitores) dará a Aécio os votos tucanos de Geraldo Alckmin ? Essa é a grande dúvida. O RJ (11 milhões de eleitores) continuará a ser um forte bolsão de votos para Dilma ? SP continuará a dar ao PT 25% a 30% dos votos ? Campos entrará em SP e no Rio ? Aliás, onde será o maior colégio eleitoral (Estado) da presidente ? BA, SP, RS ? Respondam-me essas questões e direi quem serão os dois do segundo turno.

PT x PMDB

O PT quer desbancar o PMDB nas regiões. Vai lançar candidatos a governos para um eleitorado 44% maior que o de 2010. Serão 12 concorrentes. Deverá disputar nos sete maiores colégios eleitorais, que somam 72,6% do eleitorado nacional. Novidades : Rio e Minas, onde, em 2010, apoiou o PMDB e no PR, onde deu apoio ao PT. Em 2014, terá candidatos nesses três Estados.

PMDB com novos

O PMDB prepara-se para realizar uma campanha eleitoral recheada de perfis novos : Paulo Skaf, em SP, que já mostra forte potencial, com cerca de 20% de intenção de votos; José Batista Junior, do grupo JBS/Friboi, em GO; Josué Gomes da Silva, da Coteminas, filho do ex-presidente José Alencar, que poderá compor a chapa encabeçada por Fernando Pimentel (PT), em Minas. O plano do presidente licenciado do partido e vice-presidente da República, Michel Temer, é oxigenar o PMDB, preparando- para a campanha presidencial de 2018.

Empresários

Lula tenta arrumar os caminhos do empresariado para que nele volte a circular Dilma Rousseff. Eduardo Campos virou o queridinho dos empresários. Que começam a inserir a presidente na galeria de pessoas distantes.

Mais Médicos ? Mais votos

Este consultor acaba de chegar do Nordeste. Ouviu testemunho de prefeitos que receberam, em seus municípios, médicos estrangeiros. E aí, como o povo está reagindo ? Resposta : com um sorriso de um lado a outro da boca. O povo está satisfeito, agora não há fila, tem receitas imediatas. Não quer saber se o médico é daqui ou dali. Quer saber apenas se é médico. Votos no bornal de Dilma.

R$ 20 mil

O governador Geraldo Alckmin não quer ficar para trás. Seu plano de carreira para médicos prevê aumento de até 45% para pós-graduados que trabalharem na periferia. Um médico pós-doutorado, com carga horária de até 40 horas, na periferia, poderá ganhar cerca de R$ 20 mil. A saúde agradece.

Contra o aumento do IPTU

A Associação Comercial de São Paulo e entidades do empreendedorismo, entre elas o Sescon/SP, entrarão com uma ação direta de inconstitucionalidade no TJ/SP contra o aumento do IPTU na capital paulista. Com 29 votos a favor e 26 contra, foi aprovada na semana passada na Câmara Municipal de SP a proposta de aumento de até 20% para residências e até 35% para o comércio. O MP já ajuizou uma ação civil pública com pedido de liminar contra a aprovação do aumento, pois a votação não ocorreu com a devida publicidade exigida em lei. "Considerando o alto Custo Brasil, é inadmissível este aumento, que não leva em conta ao menos a capacidade contributiva do paulistano", destaca Sérgio Approbato Machado Júnior, presidente do Sescon-SP.

Usinas atrasadas

O Plano Decenal de Energia contempla 20 hidrelétricas com previsão de entrada em operação entre 2018 e 2022. A maioria delas está na região Norte. E os atrasos chegarão a seis anos.

O culto ao "nós"

O culto ao "nós", que, nos dois mandatos de Lula, foi entronizado nos palanques, não chega hoje com prestígio para convencer as massas. O marketing da louvação, em intenso desenvolvimento no país, desde os tempos galopantes de Collor (que fazia uma corrida diária de cooper, acompanhado de jornalistas), subiu ao pódio do descrédito. Essa é uma das boas novas que se pode anunciar na arena eleitoral do próximo ano. Os últimos governos rebocaram com tanta argamassa as paredes da gestão, que estas ameaçam embaular e desmoronar.

O nosso carbono 14

Tanto o governo Federal, com sua planilha de grandes obras, quanto os governos estaduais deverão passar pelo teste do nosso carbono social. Ou será que não se percebeu a existência de novo processo para medir o tempo (cronogramas) e conferir promessas ? (Lembrando : os testes de objetos da mais remota antiguidade - para descobrir, por exemplo, a verdade sobre o santo Sudário de Turim -, são feitos com o carbono 14, um isótopo radioativo e instável, que declina em ritmo lento a partir da morte de um organismo vivo). O nosso carbono 14, ou melhor, para 2014, é a onda centrípeta, das margens para o centro, com suas percepções e decepções da política. Engodos até podem continuar a engabelar as massas. Há, porém, um culto ao "nós" menos sujeito a firulas demagógicas. É o olhar mais agudo da sociedade sobre as tramóias da política.

Teste sua visão

Fixe os olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5

Conselho ao time que vai entrar em campo

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos manifestantes dos eventos de rua. Hoje, volta sua atenção aos eventuais candidatos aos governos estaduais :

1. Os tempos são de extrema carência de recursos. Os Estados e municípios estão de pires na mão. Urge fazer um pacto, nos Estados, entre forças políticas e a sociedade civil, com vistas à montagem de um plano estratégico voltado para atender às demandas de regiões, setores organizados e classes sociais, principalmente as mais sofridas.

2. As questões regionais, nesse momento de crise, deverão estar acima de posições partidárias e veleidades pessoais. Só assim, os Estados poderão ultrapassar a fronteira das visões estreitas.

3. Urge selecionar os melhores quadros dos Estados, em suas especialidades, e convocá-los em torno de um projeto sólido, viável, crível, capaz de atender aos anseios e expectativas da sociedade.