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Porandubas nº 489

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Atualizado em 26 de abril de 2016 19:58


O ciclo Kubitschek

Figura carismática, Juscelino Kubitschek era jovial, alegre. Encarnava o Brasil moderno. Em 1959, o palhaço Carequinha popularizou uma batucada de Miguel Gustavo - Dá um jeito nele, Nonô :

("Meu dinheiro não tem mais valor. / Meu cruzeiro não vale nada. / Já não dá nem pra cocada. / Já não compra mais banana. / Já não bebe mais café. / Já não pode andar de bonde. / Nem chupar picolé. / Afinal, esse cruzeiro é dinheiro ou não é ?")

O clima ambiental era de descontração, como demonstra a historieta gráfica da revista Careta:

Juscelino: - Preciso de divisas, ouro, seu Alkmim, para as realizações do meu governo.

O ministro: - Ouro, seu Juscelino ?! Eu sou Alkmim, não sou alquimista.

Vestiu a camisa do desenvolvimento, e seu slogan "50 anos em 5" foi um sucesso. Colou. Seu sorriso era a estampa de um país feliz.

(História contada pela historiadora Isabel Lustosa)

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Fluxo do impeachment

Com a Comissão de 21 senadores formada, dia 12 já se pode ter uma votação para julgar a admissibilidade do impeachment. O plenário, por sua vez, deliberará sobre o relatório a ser produzido pelo senador Antônio Anastasia. O acolhimento exigirá maioria simples, ou seja, 41 votos. Hoje, o número de senadores já decididos a acolher chega a 50.

Os já declarados

39 senadores já se manifestaram pelo afastamento definitivo da presidente Dilma. Faltam 15 para completar os 54 necessários. O número será alcançado ? Esta é uma recorrente pergunta que jogam a este consultor. Respondo com estas hipóteses.

Dilma volta ?

1ª abordagem : o país aguenta 180 dias de governo provisório ? Difícil. Este consultor defende a ideia de que em 2 meses a questão estará decidida. Imagine-se, agora, esta situação : um eventual Governo Temer compõe um ministério com nomes de peso. Os ministros, por sua vez, comporão suas equipes. Portanto, haverá um desmonte da paisagem ministerial de Dilma e a substituição por uma batelada de novos protagonistas, os quais seriam defenestrados caso a presidente Dilma voltasse à cadeira presidencial. Este consultor vê o abismo dentro do abismo caso essa hipótese prevaleça. O país estará paralisado. A máquina parada. Um horror. Por isso, não acredita no retorno de Sua Excelência, a presidente Rousseff.

E a força de Lula?

Luiz Inácio é um leão cansado : ruge, mas não morde. Já começou a trabalhar ativamente na linha de defesa de Dilma no Senado. Mas não carrega o calor do envolvimento pessoal d'antigamente. Sua peroração entra por um ouvido do interlocutor e sai pelo outro. Por essa força decadente, Lula teria chorado três vezes por ocasião da votação do impeachment na Câmara.

20 contra 70

Muitos falam de Lula como um grande potencial de amanhã. Trata-se, sem dúvida, do maior líder do PT e adjacências. Segundo as pesquisas, conserva, ainda, cerca de 20% dos votos no Brasil. Mas este consultor costuma ler pesquisas do fim para o começo. E a parte final das pesquisas mostra Lula com quase 70% de rejeição.

Serra

José Serra deverá ocupar um lugar em um eventual Ministério Temer. Fernando Henrique, com sua fala sugerindo a participação do PSDB no novo governo, deu o sinal para que Serra possa entrar na equipe. Se Alckmin ou Aécio não gostarem, a questão poderá, até, ser decidida pela Executiva dos tucanos. Há receio de que Serra, fazendo uma boa gestão em um ministério de infraestrutura, por exemplo, possa se habilitar a ser um forte candidato a presidente em 2018. Pelo PSDB ou pelo PMDB ? Façam suas apostas.

Alckmin no PSB ?

Geraldo Alckmin tem um largo espaço para ocupar. Como governador do Estado mais forte da Federação, terá mais força que Aécio Neves para viabilizar seu nome pelo PSDB em 2018. Mas se o senador Aécio continuar a dominar a máquina tucana, Alckmin não terá dúvidas : será candidato em 2018 pelo PSB.

PT em declínio

O PT perdeu muitos quadros nos últimos tempos. Ameaça definhar nas eleições municipais de outubro. Lula vai ter de rebolar nos palanques para garantir a eleição de petistas em médias e grandes cidades.

Anastasia

O senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) é um dos melhores quadros do Parlamento Nacional. Preparado, contido, organizado, planejador, expressa bem as ideias. Terá muita visibilidade com o cargo de relator da Comissão de Impeachment do Senado. Pelo perfil de harmonia, assepsia e preparo, entra fácil na moldura dos grandes protagonistas do amanhã.

Lira

O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) é um perfil comedido. Empresário, conhece bem os meandros do mercado. Já presidiu a Comissão de Assuntos Econômicos por três vezes e já comandou a Comissão Mista do Orçamento. Presidirá a Comissão do impeachment. Ele e Anastasia pertencem à linha do bom senso.

Renan

O presidente do Senado, Renan Calheiros, pressionado pelas circunstâncias, deverá acelerar o fluxo do impeachment na Câmara Alta. Diz ele que vai fazer tudo para "garantir o máximo de previsibilidade" ao longo do processo do impeachment para evitar "equívocos". Terá, logo, logo, uma conversa demorada com o vice-presidente Michel Temer para acertar as coisas.

Jucá

O senador Romero Jucá está a dois passos do Ministério do Planejamento. Trata-se de importante senador do PMDB. Mas deverá continuar a fazer articulação com os companheiros do Senado mesmo como ministro.

Mariz

Um dos mais afamados e preparados advogados do país está pertinho do Ministério da Justiça : Antonio Claudio Mariz de Oliveira. É um dos mais próximos amigos de Michel Temer!

Henrique

Henrique Alves poderá continuar como ministro do Turismo, acrescentando mais uma área para administrar: o Esporte. Teremos um Ministério do Turismo e Esporte.

Geddel

Geddel Vieira Lima, pela habilidade na articulação política, pode ganhar um posto no Palácio do Planalto.

Padilha e Moreira

São dois auxiliares diretos e leais de Michel Temer. Eliseu Padilha é organizado. O homem das planilhas. Sabe quem são as pessoas. E como se comportam. Deve ocupar a Casa Civil. Já Moreira Franco usa a cabeça para definir diretrizes e rumos. Pode ocupar um Ministério de peso.

Meirelles

Henrique Meirelles quer ser ministro da Fazenda. Há quem aposte que, bem-sucedido, possa usar o cargo como trampolim para uma candidatura presidencial em 2018.

Rodrigo, Márcio e Yunes

Três nomes que estarão, todo tempo, no entorno de Temer. Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado, é uma alavanca na área das relações institucionais. Márcio Freitas é um experimentado jornalista e um bom analista de situações. Administra bem crises. Deverá assumir a Comunicação Social. José Yunes é um velho companheiro do vice-presidente, uma espécie de conselheiro. Que sabe ouvir e dizer as coisas no momento certo. Um assessor de alto nível.

Paulo Rabello

Paulo Rabello de Castro é um dos melhores e mais preparados economistas brasileiros. Didático, criativo, um grande formulador. Seus textos são clássicos. Sempre deu grande ajuda ao PMDB.

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Marketing Eleitoral

Questões importantes que deverão florescer no jardim do Marketing Eleitoral em outubro deste ano :

1 - Campanhas serão municipalizadas ou tendem a receber influência da crise política ?

2 - Micropolítica - política das pequenas coisas - suplantará a macropolítica, temáticas abrangentes ?

3 - O discurso da forma (estética) suplantará o discurso semântico ?

4 - Campanhas privilegiarão pequenas ou grandes concentrações ?

5 - Qual será o papel das entidades de intermediação social (associações, movimentos, sindicatos, Federações, clubes, etc.) ?

Telegráficas respostas :

1) Ambiente geral - estado geral de satisfação/insatisfação do povo - tende a causar impacto nas eleições municipais (os temas locais darão o tom, mas a temperatura ambiental será sentida);

2) A micropolítica, escopo que diz respeito ao bolso e a saúde, estará no centro dos debates;

3) O discurso semântico - propostas concretas e viáveis - suplantará a cosmética, as campanhas meramente publicitárias;

4) Pequenas concentrações, em série, gerarão mais efeito que grandes concentrações;

5) As organizações sociais mobilizarão o eleitorado.