MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. Migalhas Quentes >
  4. Independência da Bahia completa 190 anos
Baú migalheiro

Independência da Bahia completa 190 anos

Em uma trajetória histórica que, em muitos pontos, se confunde com a do Brasil, a Bahia comemora 190 anos de seu memorável 2 de julho

Da Redação

terça-feira, 2 de julho de 2013

Atualizado em 1 de julho de 2013 15:44

Em uma trajetória histórica que, em muitos pontos, se confunde com a do Brasil, hoje a Bahia comemora 190 anos de seu memorável 2 de julho. A festa cívica mais importante do Estado, o dia da Independência da Bahia, é marco da intensa luta pela libertação e retirada definitiva de tropas lusitanas de solo baiano.

Relatos dão conta que a luta pela libertação do Estado durou quase dois anos mas começou, efetivamente, em março de 1823. Apesar da declaração de independência do país no 7 de setembro anterior, tropas portuguesas insistiam em permanecer em território baiano, ignorando e contrariando o acordo unilateral imposto por D. Pedro I.

A insatisfação com o governo militar do brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo, português e declaradamente fiel ao governo lusitano, foi o estopim para a crise. No poder desde fevereiro de 1822, o governante insistia em não reconhecer a liberdade e independência do povo brasileiro, mantendo sob dominação a capital Salvador e o Recôncavo Baiano.

A mais famigerada das batalhas pela libertação, a de Pirajá, foi travada por mais de 8 horas e contou com milhares de soldados. Dentre tantos, mulheres também ganharam destaque e são apontadas como substanciais no processo de independência.

Os nomes trazem personagens como a mártir da causa, madre Joana Angélica, a soldado Maria Quitéria de Jesus, considerada a heroína da independência, e Maria Felipa, pouco conhecida na história oficial.

A data magna baiana, que dá nome a biblioteca, faculdade, escola, eventos, dentre tantos, também foi imortalizada nas palavras do brilhante Castro Alves, no "Ode ao Dous de Julho".

Veja a letra do hino da Independência da Bahia.

__________

"Ode ao Dous de Julho"

Castro Alves

Era no dous de julho. A pugna imensa

Travara-se nos cerros da Bahia...

O anjo da morte pálido cosia

Uma vasta mortalha em Pirajá.

"Neste lençol tão largo, tão extenso,

"Como um pedaço roto do infinito...

O mundo perguntava erguendo um grito:


"Qual dos gigantes morto rolará?!..."

Debruçados do céu... a noite e os astros

Seguiam da peleja o incerto fado...

Era a tocha - o fuzil avermelhado!

Era o Circo de Roma-o vasto chão!

Por palmas-o troar da artilharia!


Por feras-os canhões negros rugiam!

Por atletas-dous povos se batiam!

Enorme anfiteatro - era a amplidão!

Não! Não eram dous povos, que abalavam

Naquele instante o solo ensangüentado...

Era o porvir-em frente do passado,


A Liberdade-em frente à Escravidão,

Era a luta das águias - e do abutre,

A revolta do pulso-contra os ferros,

O pugilato da razão - com os erros,

O duelo da treva-e do clarão!...

No entanto a luta recrescia indômita...


As bandeiras - como águias eriçadas -

Se abismavam com as asas desdobradas

Na selva escura da fumaça atroz...

Tonto de espanto, cego de metralha,

O arcanjo do triunfo vacilava...

E a glória desgrenhada acalentava


O cadáver sangrento dos heróis!...

Mas quando a branca estrela matutina

Surgiu do espaço... e as brisas forasteiras

No verde leque das gentis palmeiras


Foram cantar os hinos do arrebol,

Lá do campo deserto da batalha

Uma voz se elevou clara e divina:

Eras tu- Liberdade peregrina!

Esposa do porvir-noiva do sol!...

Eras tu que, com os dedos ensopados

No sangue dos avós mortos na guerra,

Livre sagravas a Colúmbia terra,


Sagravas livre a nova geração!

Tu que erguias, subida na pirâmide,

Formada pelos mortos de Cabrito,

Um pedaço de gládio - no infinito...

Um trapo de bandeira - n'amplidão!...