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Liberdade de imprensa

Jornalistas são absolvidos de críticas feitas a ex-presidente do Corinthians sobre Itaquerão

Deputado Andres Sanchez alegou crime contra a honra, mas JECrim de SP considerou liberdade de imprensa.

Da Redação

quarta-feira, 22 de março de 2017

Atualizado às 08:41

O jornalista Thiago Uberreich e o comentarista Marco Antonio Villa, ambos da Jovem Pan, foram absolvidos de crime contra a honra alegado pelo deputado Federal Andrés Sanchez, ex-diretor do clube de futebol Corinthians.

O juiz de Direito José Zoéga Coelho, da vara do JECrim de SP, concluiu que críticas feitas ao político por fatos relativos à construção da Arena Corinthians (com palavras como "bandido" e "sem vergonha") foram apenas exercício não abusivo da liberdade de imprensa.

De acordo com o magistrado, é fato "notório" a existência de sérias dúvidas a respeito de como se deu a construção do estádio de futebol, construção que envolveu o deputado quando era presidente da agremiação, a empreiteira Odebrecht e o próprio primeiro escalão do governo Federal, nos mandatos dos Presidentes eleitos pelo PT - mesmo partido pelo qual Andrés posteriormente se elegeu deputado.

"E tais dúvidas quanto à construção do estádio, seu custeio e remuneração, não são fatos isolados. Elas se inserem no contexto mais abrangente do escândalo que há tempos domina o noticiário do País, conhecido como "petrolão", este cercado de elementos indiciários robustos da malversação de recursos públicos na ordem de bilhões de Reais - e tão robustos que levaram a decisões do Poder Judiciário sobre apreensões milionárias de bens e valores e mesmo prisões cautelares de importantes agentes públicos, inclusive do primeiro escalão da administração pública."

A partir de tais pressupostos, o julgador considerou que as críticas feitas pelos jornalistas mantêm-se nos limites do normal exercício do direito de livre manifestação do pensamento e da normal liberdade de imprensa, sem poder se falar em abuso.

"Tanto pela presidência do clube, tanto pelo exercício de mandato parlamentar, o Querelante estava sujeito a toda sorte de críticas por parte da opinião pública e na exata proporção da importância do seu cargo ou da sua exposição pública."

Segundo o magistrado, diante de tais fatos, não há como esperar outra reação da população que não a reprovação e a revolta.

O escritório Salles Advogados Associados atuou na causa em defesa dos jornalistas.