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"Direito e Cinema"

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Atualizado em 10 de fevereiro de 2014 13:45




Editora:
Arraes Editores
Coordenadores: José Luiz Quadros de Magalhães e Juliano Napoleão Barros
Páginas: 205



"De repente, rompe-se a inércia passiva na poltrona do cinema e inicia-se um reiterado movimento de ir e vir, em que nos identificamos com os sujeitos e situações representadas e, em seguida, saímos da tela, estabelecendo o distanciamento necessário à crítica e à problematização das repercussões da estória em nossa história". Com essas palavras, os coordenadores dessa atraente coletânea, ambos professores de Direito, asseveram sua crença no exercício analítico proporcionado pelo cinema, defendendo-o também para temas jurídicos.

Composta de 11 capítulos escritos por autores diferentes, cada um deles dedicado a uma diferente película, a obra destaca e comenta diferentes questões enfrentadas pela ciência jurídica.

Usando como pretexto uma improvável história romântica entre um físico rabugento de meia idade e uma ingênua jovem sulista norte-americana, o filme Whatever Works, de Woody Allen, distribuído no Brasil com o nome de Tudo pode dar certo, discute de maneira muitíssimo bem-humorada (escrachada, até) a noção de acaso na vida humana, suscitando, dentre outras reflexões, a necessidade, embora seja também dificuldade, de o Direito acolher o improvável, o imprevisível. Por meio dos comentários à envolvente história, os autores Adriana Goulart de Sena e Mila Batista Elite Corrêa da Costa remarcam que "A ciência é uma pretensão do ser humano de tentar controlar a dinâmica da vida e da natureza, sem perceber que ele, como indivíduo pertencente ao todo, está impregnado dessa dinâmica, ambicionando produzir a falácia de uma ciência pretensamente neutra".

Em Adeus, Lênin, do alemão Wolfgang Becker, outra bem construída narrativa cinematográfica retrata uma mãe da Alemanha Oriental que tendo retornado de um coma, é poupada pelo filho da verdade sobre a queda do muro de Berlim e da derrocada do comunismo. Instado pelo médico da mãe a não deixá-la ter fortes emoções, o filho altera fatos e interpretações da história a fim de esconder-lhe a falência do modelo pelo qual tinha lutado por toda uma vida. Conforme destacado pelo autor do artigo, o advogado Thiago Aguiar Simim, o filme traz à tona, dentre outras questões, que "'Contar a história' acaba sendo um ato performativo, que constitui e influencia a própria história".

O conceito de bem-comum a partir do tratamento cinematográfico a narrativas de distopias, caso do sucesso Blade Runner; a noção de pessoalidade e a responsabilidade que temos sobre a vida dos outros, sob a perspectiva do filme Crash, de Paul Haggins; tantos outros. Conhecido como sétima arte, sem dúvida alguma o cinema é a grande linguagem da contemporaneidade, razão pela qual o diálogo proposto promete ser prolífico.

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Ganhadora :

  • Jaqueline Franco, escrevente do TJ/SP, de Américo Brasiliense

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