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Internetismo - A internet dando origem a um novo sistema político

terça-feira, 2 de junho de 2015

Atualizado em 1 de junho de 2015 12:49



Editora:
Quartier Latin
Autor: Marcos Peixoto Mello Gonçalves
Colaboradora: Emilie Brunet
Páginas: 164



Em pouco mais de 80 pequenas páginas (as demais são para a versão do texto em inglês), o autor apresenta o seu "esforço para compreender a era da Internet e suas contradições à luz do Marxismo, enquanto uma teoria da evolução histórica da sociedade". As palavras são da prefaciadora, que além de ter sugerido o tema para a obra, resume as principais mudanças trazidas pela internet para o comércio, aproximando as partes e aumentando oferta e procura.

De fato, a mudança é vultosa: nos últimos anos, quase três bilhões de pessoas estão conectadas entre si ao redor do mundo, podendo conversar, trocar experiências em tempo real e efetuar trocas econômicas, independentemente da distância geográfica. É interessante notar o detalhe trazido pelo autor: cerca de metade dessas pessoas tem 25 anos de idade ou menos, o que o leva a pensar que um novo "sistema cultural, social, econômico e político" está por vir.

A tese do autor apoia-se nas lições de Hobsbawm, segundo as quais foi o comércio praticado pelos burgueses o elemento "revolucionário" surgido dentro do feudalismo capaz de transformá-lo por completo. E tudo isso, pontua, sem que os comerciantes tivessem consciência ou intenção de derrubar o feudalismo. Na mesma lógica, também os criadores e usuários da internet, ao revolucionarem o comércio contemporâneo, não teriam ideia mas ainda assim mudariam, com sua prática, o sistema de produção.

Em sua argumentação, o fenômeno da globalização opõe-se ao Estado-Nação, conceito essencialmente ligado ao capitalismo "proprietário". A lógica da internet seria outra, levando a produção a passar da era industrial e dos serviços a "uma era informacional, de inteligência coletiva, verdadeira sociedade em rede", em que os próprios usuários são também "produtores de conteúdo". Nessa linha, os novos tempos seriam marcados por uma descentralização do poder, uma abertura à participação dos anônimos nos processos decisórios - aqui cita, dentre outros protestos recentes, o ato ocorrido em janeiro de 2012, segundo o qual milhares de sites ficaram propositadamente fora do ar como forma de pressão ao Congresso americano que votaria os projetos de lei SOPA e PIPA, vistos como cerceamento da liberdade na web.

O grande mérito da pequena obra é condensar as melhores características do ensaísmo: inspirar reflexões e o afilamento de argumentos para a discussão.

Sobre o autor :

Marcos Peixoto Mello Gonçalves é doutor em Direito Constitucional pela USP; Mestre em Direito Político e Econômico pelo Mackenzie; bacharel em Direito pela PUC/SP. É professor, advogado, escritor e palestrante.


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Ganhador :

Pedro Rafael Bernal Polastro, de Jaraguá do Sul/SC