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Política & Economia NA REAL n° 131

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Atualizado em 1 de dezembro de 2010 14:51

Dilma e suas desculpas

Porta-vozes da sombra da presidente eleita já tratam de espalhar que o ministério que ela está anunciando, visivelmente marcado pelos dedos de Lula, é uma espécie de ministério tampão ou provisório. Com o tempo ela moldaria a equipe a sua imagem e perfeição. Por enquanto, paga a dívida que tem com Lula. A semelhança com a obra do criador é tanta que já se diz com certa ironia que Dilma está fazendo apenas uma "reforma ministerial" para o terceiro mandato de Lula. Maldade à parte, e nisso há a mais pura maledicência, não é bom para quem já carrega a imagem de uma espécie de Lula de saias, iniciar o governo com uma equipe com cara de uma noite mal dormida e mais - com prazo de validade vencido a se crer no que os amigos dela espalham. Dilma precisa dar logo um toque político-pessoal ao seu governo. As perguntas mais frequentes que se ouve fora dos meios políticos continuam sendo : o que será ? como será ?

O feliz e os zangados

Quem está mesmo com todas as velas ao vento nestas primeiras escaramuças da formação do time de Dilma, é o presidente Lula. Até agora, o que não é dele não entrou sem aos menos rubricazinha presidencial. O PT está pacificado só em parte, pois até agora abocanhou quase tudo. Mas teme, pelo andar do tilburi, ficar mais com abacaxis, honrarias e periferias do que aquilo que conta eleitoralmente, partidariamente. Os petistas do nordeste, por exemplo, estão começando a entrar em ebulição com o prestígio do governador Eduardo Campos e seu PSB. Há uma sensação de que Dilma, ao contrário do que esperavam, e José Dirceu disse durante a campanha, será menos petista no governo do que chegou a ser Lula. Já o PMDB fareja certo desprestígio de seu comando. E uma tentativa - que não será difícil - de dispersar suas forças, dividindo-o pelas ambições. O episódio da quase certa escolha do secretário da Saúde do Rio, Sérgio Cortes, para o Ministério da Saúde, acertado diretamente com o governador Sergio Cabral à margem do comando partidário, não foi deglutido. E os pequenos, ansiosos, esperam para ver as migalhas que vão sobrar depois de satisfeito o apetite dos grandes, PT, PMDB e agora PSB.

Estrela ascendente

O secretário de política econômica do ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que deu grande ajuda à presidente eleita durante a campanha aparece na imprensa explicando - ou seria corrigindo ? - declarações do ministro Guido Mantega sobre a possibilidade de o governo expurgar do índice oficial de inflação os aumentos dos alimentos e dos combustíveis, por sua sazonalidade. Com isso, a necessidade de subir os juros, defendida por um bom número de especialistas, seria diluída. Barbosa garante que a política de metas não mudará e que Mantega foi mal interpretado. Ou seja, a inflação para base dos juros será a cheia, sem mágicas. Em tempo : é bom prestar atenção. O secretário de política econômica é cotado para uma assessoria especial de Dilma, diretamente no Palácio do Planalto.

Um caso de amor

De um conhecedor de cabeças coroadas : "Dilma e Mantega não farão um rigoroso ajuste fiscal por convicção, por livre e espontânea vontade. Só o farão em estado de suprema necessidade, atropelados pela realidade".

Lula sobe o morro ?

O presidente da República vai estar hoje, quinta feira, no Rio de Janeiro. A expectativa é saber se ele vai dar um subidinha no Complexo do Alemão ou outro morro carioca, onde, em épocas menos conturbadas, participou de memoráveis inaugurações.

Lula vai subir os juros ?

Há a expectativa entre os agentes do mercado, uns poucos ainda, de que o BC de Lula e Meirelles possa aumentar a taxa Selic na reunião do Copom semana que vem. Seria uma contribuição dos dois a um início de governo sem marolinhas no BC de Dilma e Tombini.

Do Aerolula ao AeroDilma

Nada como viver num país rico, sem desajustes sociais, para se poder comprar um jato presidencial bem novinho a cada oito anos.

Notícia antiga

Na muda os tucanos estavam e na muda vão permanecer por um bom tempo. Segundo especialista em ornitologia política, eles correm o risco de não recuperarem a vistosa plumagem se não voltarem à cena rapidamente. E, de preferência, com garra, um novo canto e sem rusgas no ninho, principalmente aquelas provocadas por vaidades infladas.

Ministeriômetro - Notas técnicas 2

Para entender a lista na nota seguinte, alguns esclarecimentos :

- Os atuais ministros não confirmados, continuam na luta. Mesmo Celso Amorim, que fora do Itamaraty, pensa ser aproveitado em outro local.
- Dilma deve criar pelo menos dois outros ministérios (ou secretarias como tal) e descartar um - o da Comunicação Social.
- Criamos duas outras categorias : "quase confirmados", sobre os quais falta apenas a palavra oficial, e "genéricos", para convidados sem designação da pasta.
- Na lista estão não só estatais, mas também órgãos cobiçados por seu valor financeiro e eleitoral. É o caso da Funasa, por exemplo, do Ministério da Saúde, e do Porto de Santos, hoje na Secretaria dos Portos.
- Note-se que há um bom número de polivalentes, como Paulo Bernardo e Aloizio Mercadante, candidatos a vários postos.
- Acrescentamos mais duas torres ao edifício dos cargos, o BB e os Correios, ambos arduamente disputados pelo PT e o PMDB.

Ministeriômetro - Capítulo IX

A lista mais recente :

Confirmados

Ministério da Fazenda - Guido Mantega
Ministério do Planejamento - Miriam Belchior
Assessoria Especial da Presidência - Marco Aurélio Garcia
Banco Central - Alexandre Tombini

Quase confirmados

Casa Civil - Antonio Palocci
Secretaria Geral da Presidência - Gilberto de Carvalho
Relações Institucionais - Alexandre Padilha
Defesa - Nelson Jobim
Justiça - José Eduardo Cardozo
BNDES - Luciano Coutinho
Saúde - Sergio Cortes
Educação - Fernando Hadad
Petrobras - José Sergio Gabrielli
Comunicações - Paulo Bernardo

Genéricos

Paulo Bernardo
Fernando Pimentel

Candidatos, indicados

Assessoria Especial da Presidência - Nelson Barbosa
Pesca - Ideli Salvatti
Mulheres - Iriny Lopes
Ministério dos Portos e Aeroportos - PMDB, PT e PSB, Henrique Meirelles
Direitos Humanos - Gabriel Chalita
Secretaria de Política das Mulheres - Maria do Rosário, Ideli Salvati
Ciência e Tecnologia - Aloizio Mercadante
Esportes - Manuela D'Avila
Secretaria da Igualdade Racial - Vicentinho (abre vaga para José Genoíno na Câmara), Luis Alberto, uma mulher afro-descendente
Integração Nacional - PMDB, PSB, Ciro Gomes, PT, Fernando Bezerra Coelho
Minas Energia - Graça Foster (assim ela gosta de ser chamada), Edison Lobão
Cidades - Moreira Franco, Marta Suplicy, PP, PSB, PMDB, Fernando Pimentel, Jose Filippi Junior, Luiz Fernando Pezão, Antonio Carlos Valadares, Mario Negromonte
Itamaraty - Antonio Patriota, José Maurício Bustami, José Viegas, Mangabeira Unger, uma mulher
Transportes - Henrique Meirelles, PMDB, PT, PR, Alfredo Nascimento
Cultura - José Abreu, Ideli Salvatti, Emir Sader, Celso Amorim, Antonio Grassi, Ângelo Osvaldo, Ângelo Vanhoni, Fernando Morais
Portos - PSB, Fernando Schimidt
Porto de Santos - PSB
Caixa Econômica Federal - Moreira Franco
Agricultura - Blairo Magi, Osmar Dias, Mendes Ribeiro
Vale - Rossano Maranhão
Previdência - Luis Sérgio, Fernando Pimentel, PMDB
Turismo - Luis Sérgio, Marta Suplicy, Antonio Carlos Valadares
Pequena e média empresa - Alexandre Teixeira, Antonio Carlos Valadares, Paulo Okamoto
Desenvolvimento Agrário - Joaquim Soriano
Desenvolvimento Social - Patrus Ananias
Meio Ambiente - Carlos Minc
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - Abílio Diniz, Aloizio Mercadante, Fernando Pimentel
Funasa - PMDB
STF - PMDB
Banco do Brasil - PT, PMDB
Correios - PT, PMDB

Avulsos

Abrir vaga para José Genoino na Câmara
Abrir vaga para José Eduardo Dutra no Senado
Eva Chiavon
Beto Albuquerque
Marcelo Crivella
Olívio Dutra
Empresário (grife, como Roberto Rodrigues e Luis Furlan no primeiro ministério de Lula)
Sindicalista
Clara Ant (no Palácio do Planalto)
Alexandre Teixeira (Apex)
Jorge Gerdau

Credores

Virgilio Guimarães
Ciro Gomes
Henrique Meirelles (em baixa)
Aloizio Mercadante
Patrus Ananias
Ideli Salvatti
Fernando Pimentel
Osmar Dias

Lulômetro - Capítulo Dois

Apenas um acréscimo às missões de Lula pós-Palácio do Planalto :

- Provar que o mensalão não existiu e anistiar José Dirceu e Cia.

Quando abril chegar

As pompas e circunstancias murcharam também no ambicioso plano nacional de banda larga, uma das vitrines eleitorais lançada pelo presidente Lula para turbinar Dilma. Deu até numa nova Telebrás retirada das tumbas. Previa, nos primórdios, plantar torres de internet de alta velocidade em todo o Brasil num prazo curtíssimo. Depois, contentou-se com levar a banda larga a preços módicos para 300 cidades até dezembro. Na lista das 300, municípios na maioria já com bons serviços particulares, uma facilidade a mais para sua implantação. Mesmo assim, a banda larga universal limitada não tocou. Acaba de ser adiada para abril. Para abril também foi adiada a licitação do trem bala. O poeta Ezra Pound, em poema famoso, diz que "abril é o mais cruel dos meses".