COLUNAS

  1. Home >
  2. Colunas >
  3. Porandubas Políticas >
  4. Porandubas nº 290

Porandubas nº 290

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Atualizado em 13 de setembro de 2011 09:44

Cambada de ladrões

Cabralzinho, líder estudantil em Campina Grande/PB, foi passear em Sobral, no Ceará. Chegou em dia de um formidável comício. No palanque, longos cabelos brancos esvoaçantes, o deputado Crisanto Moreira da Rocha, competente orador da província :

- Ladrões ! Ladrões.

A praça, apinhada de gente, levou o maior susto.

- Ladrões ! Ladrões, porque vocês roubaram meu coração !

Cabralzinho voltou para Campina Grande. Candidatou-se a vereador. No primeiro comício, lembrou-se de Sobral. Suspiro. Imaginou os aplausos, sob a oratória do deputado cearense. Fechou os olhos. E tascou com ar furioso :

- Ladrões !

Correu um frio na espinha da praça.

- Ladrões !

Ninguém se mexeu. Cabralzinho bem sabia que a política em Campina Grande era briga de foice no escuro. Queria o impacto total.

- Cambada de ladrões !

Foi uma loucura ! A multidão avançou sobre o palanque. Pedra, pau, sapatos. O rosto sangrando, acuado, Cabralzinho implorava :

- Espera que eu explico ! Espera que eu explico !

Explicou. Ao médico, no hospital. (Com a verve do amigo Sebastião Nery).

Emenda 29

Dia 28 de setembro, será votada a Emenda 29, voltada para socorrer o sistema de saúde, que está na UTI. Será aprovada. Mas quem pensar que será criado um novo imposto, pode tirar o cavalinho da chuva. Nenhum partido tem motivação para votar um novo tributo temendo represálias da população. Afinal, a carga de impostos é escorchante. O PMDB fechará questão contrária a um novo tributo. O líder Henrique Alves pronuncia esta tarde no plenário da Câmara veemente discurso com duas mensagens fortes : sociedade não tolerará novo imposto; e governos estaduais precisam fazer suas lições de casa e não desviar recursos da saúde para outras frentes.

Carga escorchante

Vejam, a seguir, como os impostos entram no processo produtivo :

Média tributação sobre o faturamento

Energia Elétrica : 38,65%; Comunicações : 36,97%; Indústrias : 35,47%; Combustíveis : 32,74%; Transportes : 29,56%; Comércio : 23,23%; Demais Serviços : 23,83%; Instituições Financeiras : 17,58%; Administração de bens : 14,94%; Agropecuária e Extrativista : 14,29%; Micro e Pequenas Empresas : 9,78%.

A informação é do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT.

Impostos sobre produtos

Já na frente de produtos, eis alguns exemplos dos tributos :

Achocolatado : 38,06%; Agenda escolar : 43,19%; Água mineral : 43,91%; Aparelho de barbear : 40,78%; Balão de borracha : 34,00%; Batedeira : 44,37%; Cachaça : 81,87%; Calça (tecido) : 34,67%; Computador : 33,62%; Maisena : 33,87%; Fralda descartável : 54,75%; Gasolina : 53,03%.

Mobilização do PMDB

Amanhã, quinta-feira, o PMDB deve reunir, em Brasília, cerca de 3 mil militantes. Trata-se do primeiro movimento com vistas à mobilização geral que o partido promove para alavancar o pleito municipal de 2012. Não há uma agenda prefixada, eis que o partido tem a intenção de fazer um primeiro movimento de animação. Já o segundo será no início do próximo ano, quando as bases municipais serão convocadas para a batalha eleitoral. Nesse momento, o PMDB exibirá suas bandeiras, particularmente aquelas que atingem o bolso do eleitor.

Beleza e paciência

"Relacionamento é baseado em duas coisas : beleza e paciência. Se der certo, beleza ! Se não, paciência". (Colaboração de Álvaro Lopes)

PT em 2012

O PT, como o PMDB, quer fazer a maior bancada de prefeitos de sua história. Porque acredita na hipótese de que a alavanca municipal será decisiva para abrir as portas das prefeituras em 2014. O PT quer atingir as cidades grandes e médias. Trabalhará acertando o foco para cerca de 150 municípios. É o bastante para iluminar o panorama eleitoral. Lula está se arrumando para comandar o espetáculo. Com (muito) dinheiro no bolso e (muito) tempo livre para se divertir nos palanques, Luiz Inácio será o maior cabo eleitoral do Brasil em todos os tempos. Vai ser interessante acompanhar e medir o tamanho e a importância de Lula para a eficácia eleitoral.

Reforma política

A cantada e decantada reforma política pode, sim, sair do papel. Este consultor vê viabilidade na aprovação de um sistema de voto misto : meio distritinho, meio distritão. Metade dos eleitos será tirada de uma lista de candidatos do distrito. E a outra metade será pinçada de uma lista geral do Estado, tomando-se como parâmetro os mais votados em todo o Estado. Com o fim das coligações proporcionais, esta fórmula poderá ser interessante por atender mais de perto aos interesses do eleitor. O PT gostaria de ver implantado o voto de lista partidária. Como partido de mando vertical, ele se beneficiaria. Elegeria seus comandantes. O PMDB defende mais o distritão.

Duas formas de vida

"Há apenas duas formas de viver a vida : uma é acreditar que nada é um milagre. A outra é acreditar que tudo é um milagre". (Albert Einstein)

Dilma e Alckmin

Pela segunda vez, a presidente Dilma vai ao Palácio dos Bandeirantes para realizar um ato conjunto com o governador Geraldo Alckmin. Trata-se de parceria entre o governo Federal e o estadual em torno do rodoanel Mário Covas. Dinheiro lá do Planalto para a planície. Dos tempos, ainda, de Lula. Que, convidado, refugou. Alegação : não quer empanar prestígio de Dilma. A esta altura, não empanaria. Ela conserva a liturgia presidencial. E não é de salamaleques. Dilma está demonstrando atitudes suprapartidárias, que merecem aplausos.

Mais solta

Aliás, a presidente Dilma está mais solta e mais leve. Desenvolta foi sua atitude na entrevista que concedeu ao Fantástico, quando perambulou pelo Palácio da Alvorada. Respondeu a todas as perguntas. E cometeu, até, a liberdade poética de chamar a ema macho de emo. A família e seu barulho animam o netinho da presidente.

Enem, hein ?

Por mais que o ministro Fernando Haddad se esforce para subir o conceito das escolas públicas em nosso país, não consegue. As escolas públicas e também privadas receberam notas insuficientes no exame do Enem. Quase 64% foram reprovadas. E destas, mais de 99% são da área pública. Não adianta sofismar dizendo que os alunos é que foram reprovados e não as escolas. Ou, por acaso, não há relação entre causa e efeito ? Alunos estudam em escolas... logo... !

UPPs marquetizadas

A tentativa da bandidagem de reerguer bandeiras no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, quer dizer apenas uma coisa. As tais Unidades de Polícia Pacificadoras ainda não conseguiram se consolidar. A harmonia nas favelas está longe de aparecer. O governador Sérgio Cabral cosmetizou bastante a ideia. Há muito marketing enfeitando esse troféu de Cabral.

Um olho, um ouvido, um coração

"Para toda beleza, há um olho em algum lugar para vê-la.
Para toda verdade, há um ouvido em algum lugar para ouvi-la.
Para todo amor, há um coração em algum lugar para recebê-lo
". (Panin). Colaboração de Álvaro Lopes.

Mensalão à vista

O ministro Joaquim Barbosa sinaliza muita vontade de jogar o pacote do mensalão no plenário do STF logo, logo. A depender dele, as coisas caminharão em ritmo adequado, de forma que, em 2012, antes das eleições, o processo seja concluído. Mas alguns advogados - dos melhores do país - tentam produzir curvas no meio do caminho. Finalidade : jogar a bomba para 2013, após as eleições. Justiça se faça : José Dirceu quer agilidade no julgamento do mensalão. Diz : "é a única coisa que peço, que me julguem nos autos. Porque juízo político já tive na Câmara dos Deputados. Fui cassado sem provas".

Campos só vê aquilo

Eduardo Campos passou a fazer política 25 horas por dia. A hora a mais é por conta da teoria de sistemas, na qual 2 + 2 pode ser cinco. Trata-se do adendo proporcionado pelo elemento organizativo, que junta as coisas. Ou seja, a capacidade de juntar, unir, mobilizar, tecer, costurar é mais um componente na cadeia aritmética. Campos deixou se ver por inteiro por ocasião do programa do PSB em rede nacional. Escolheu, até, uma moeda que entra direto no bolso das pessoas : tarifas de ônibus. Defende sua redução. Leia-se : quero ser candidato em 2014. Um posto nacional.

Demonização da política 

A presidente Dilma fez um alerta : não confundam faxina na administração com demonização da política. Ou seja, não queiram culpar os partidos por erros e desvios de alguns de seus integrantes. Recado dado, recado sentido. Políticos ficaram satisfeitos.

Títono ou saciedade 

"Formosa fábula, a que se conta de Títono. Estando por ele apaixonada, a Aurora, desejosa de lhe gozar para sempre a companhia, implorou a Júpiter que seu amado jamais morresse. Mas, em seu açodamento de mulher, esqueceu-se de acrescentar à súplica que ele também não padecesse as agruras da idade. De modo que Títono se viu livre da condição mortal. Sobreveio-lhe, porém, uma velhice estranha e miserável, como a que toca àqueles a quem a morte foi negada e que carregam um fardo de anos cada vez mais pesados. Então Júpiter, condoído, transformou-o finalmente em cigarra". (A Sabedoria dos Antigos, Francis Bacon).

Comissão da verdade

A Comissão da verdade está nascendo. Viva ! Precisamos abrir todas as frestas do país. Mostrar os buracos, as mazelas, os desvios, os erros. A verdade precisa aparecer como os raios do sol iluminando um novo horizonte.

A diferença 

"Sabe qual é a diferença entre as galinhas e os governos ? Simples : as galinhas botam ovos antes de cacarejar".

Desencontro histórico

Juscelino sempre foi um homem desencontrado com o seu tempo. Sempre mais adiante ! Tragédia de Kennedy em 1963. Juscelino, ex-presidente, era entrevistado e o assunto girava em torno das gestões avançadas dos dois presidentes. A certa altura da entrevista o repórter traçou um paralelo, perguntando :

- O senhor já calculou o que seria, JK no Brasil e Kennedy nos EUA, no mesmo período ?

Juscelino desabafou :

- Foi um desencontro histórico... lamentável ! (José Flávio Abelha em A Mineirice)

Conselho aos gestores públicos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à presidente Dilma. Hoje, sua atenção se volta aos gestores públicos. O sistema de saúde está na UTI. Precisa ser salvo. Para tanto, a aprovação da Emenda 29 se faz absolutamente necessária. Garantirá a aplicação rígida de índices orçamentários no sistema, sem desvios. Nesse sentido, urge fazer as seguintes observações :

1. Governadores e prefeitos precisam fazer a lição de casa e usar rigorosamente os recursos alocados nas frentes da Saúde, sem desvios e curvas na aplicação.

2. A população não aguenta mais criação de novos impostos. Se recursos extras são necessários, que se arrumem recursos em fontes como os royalties do petróleo, etc.

3. É comum dizer-se : dinheiro há, o que é ruim é a gestão. Aplicação rigorosa de recursos, diminuição do Produto Nacional Bruto da Corrupção (PNBC), enxugamento de estruturas, racionalização de processos, simplificação de rotinas seriam, entre outras, medidas absolutamente viáveis e necessárias para se chegar ao Pacote Financeiro para a Saúde.

__________