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Porandubas nº 292

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Atualizado em 27 de setembro de 2011 11:03

"Me ajude, governador, me ajude"

Geraldo Alckmin é um colecionador de "causos". Todas as vezes em que encontra este consultor, saca logo a pergunta : "E as Porandubas ?". O governador de São Paulo não é apenas um leitor assíduo desta coluna como um de seus colaboradores. Muitos "causos" engraçados saíram da verve de Alckmin. Leiam mais este, relatado logo ao chegar para a posse de Paulo Skaf no Teatro Municipal.

Um prefeito de São Paulo (omite-se o nome para evitar constrangimento) chega ao governador, e, sem mais delongas, expressa a sua angústia, a sua desolação :

- Governador, pelo amor de Deus, me ajude, me ajude, me socorra ! Estou perdido !

- Por que tanta aflição, prefeito, afinal você está apenas no meio do mandato. Há dois anos, ainda, pela frente.

O prefeito, cochichando no ouvido do governador, em tom de confessionário, conta o motivo do desespero :

- Governador, eu exagerei. Prometi demais, governador. Muito mais do que podia cumprir. E hoje, estou apertado por todos os lados. Não tenho condição de pleitear um novo mandato. Me ajude, governador, me socorra !

Alckmin abriu os braços, balançou a cabeça em sinal de dúvida, mas não teve coragem para dizer : "quem pariu Mateus que o embale". Preferiu abrir uma ruidosa gargalhada!

(Prefeitos, as cobranças pelos exageros vão continuar)

PSD nasceu : ator importante

O PSD nasceu. Será um ator importante na cena nacional. Marcelo Ribeiro, que havia pedido vistas, deu um parecer consolidando o relatório da ministra Nancy Andrighi. O prefeito Gilberto Kassab é um craque. O PSD nasceu. Não foi por unanimidade. Mas o fato é que o PSD forma uma nova camada na estrutura partidária. Peso na balança do poder governamental.

Posse prestigiada

A posse de Paulo Skaf para o terceiro mandato no comando do sistema FIESP/CIESP foi muito prestigiada. Fazia tempo que este consultor não via tantas autoridades reunidas num mesmo evento. O Teatro Municipal de São Paulo ficou lotado. Skaf fez uma peroração em leque. Não leu documento. Fez um passeio panorâmico pelas realizações do mandato, de maneira solta, dando ênfases, fazendo pontuações, intercalando com agradecimentos a governadores, ministros, magistrados, representantes das Forças Armadas, senadores, deputados, prefeitos, etc. Skaf mostrou completo domínio do seu espaço e da conjuntura nacional.

Competitividade

Paulo Skaf, de maneira elegante e equilibrada, deu um recado ao governo. Não há condição de se aprovar nenhum imposto a mais para financiar a saúde. Reconhece que a saúde precisa de mais recursos. Que se arrumem outros mecanismos. A palavra-chave da peroração foi competitividade. Um ponto de convergência a ser atingido com a eficácia da gestão, passando pelos corredores da melhoria da educação, da diminuição do alto custo da energia, dos juros baixos, da ampliação da logística, do aperfeiçoamento da infraestrutura, do preparo da mão de obra especializada, da simplificação da burocracia, enfim, dos arranjos e ajustes nos gargalos que contribuem para maximizar o Custo Brasil.

Vírus e epidemia

O presidente da FIESP fez um alerta : o novo vírus que ameaça contaminar a economia mundial precisa ser muito bem controlado e monitorado por estes nossos trópicos. Sob pena de provocar uma epidemia. É melhor prevenir que remediar.

Pimentel, jogo de cintura

O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, um dos mais próximos da presidente Dilma, mostrou ter jogo de cintura. Aplaudiu vivamente quando Skaf detonou a possibilidade do Congresso aprovar mais impostos para a Saúde. Endossou as reivindicações e ponderações do presidente da FIESP e, na leitura do estágio por que passa o país, deu o devido crédito ao governo FHC. Comentei com o amigo Paulo Delgado, ao meu lado : "Será que ele vai se referir a Fernando Henrique?". O ex-presidente chegou ao evento por volta de 21h30, quando Pimentel discursava. Paulo alertou : "Ele poderá dizer que não viu Fernando Henrique chegar". Claro, seria desculpa esfarrapada. Não teve jeito. Ao mencionar FHC, as palmas se multiplicaram. O tucano levantou-se, comovido, para agradecer. Gesto que repetiu três vezes no evento.

Quatro mães 

"Quatro mães muito formosas parem quatro filhos muito feios. A verdade pare ódio, a prosperidade, orgulho, a familiaridade, desprezo e a segurança, perigo". ( Padre Manuel Bernardes)

Maia, o mesmo tom

Marco Maia, o presidente da Câmara, ganhou muitos aplausos, ao prometer que não será aprovado novo imposto. Nem nesse ou no próximo ano. O que deixou a ministra Ideli Salvatti carregando a cruz. Como se sabe, Ideli acaba de defender a aprovação de um novo imposto para a Saúde. Maia, no mesmo tom de Pimentel, também reconheceu os méritos do governo FHC. Mais palmas. O ex-presidente parecia emocionado. Ao final de cada elogio petista, sobrava a impressão : Lula se isola cada vez mais ao fustigar FHC e tentar apagar os vestígios do passado.

Alckmin, feliz da vida

Geraldo Alckmin, sorriso estampado todo tempo, parecia feliz com a parceria que o governo de São Paulo estabelece com o governo da presidente Dilma. Sua fala foi curta e formal. Ganhou muitos aplausos.

Aloysio : "Nem pense nisso"

O senador mais votado no Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, exibia um ar de felicidade ao argumentar que se sentia muito bem no acolhedor espaço do Senado. Este consultor faz a provocação : "Você seria o melhor candidato tucano à prefeitura. Teve mais de 10 milhões de votos. Conta com um recall extraordinário". E ele : "Nem pense nisso. Estou muito bem onde estou. E não trocarei por nada".

Serra, fechado

Já José Serra pareceu fechado. Em uma rodinha, cheguei a provocar, após intervenção do ministro Garibaldi Alves e do senador Valdir Raupp, de que haviam se encontrado, recentemente, na Paraíba : "Serra, você está viajando bastante". Ele : "Não, não estou viajando tanto". Repliquei : "Serra, estou dando parabéns. Viaje muito. É hora de conversar". Ele entendeu. Afinal, precisa correr mundo para evitar que Aécio Neves lhe feche as portas de 2014.

E esse Jeová, hein ?

"Gostaria de saber o que esse Jeová fez de errado para ter tantas testemunhas assim." (Colaboração de Álvaro Lopes)

Garibaldi, sorriso pelo abacaxi 

Pois é, o ministro Garibaldi cercou-se de técnicos e descasca com eficiência o abacaxi da Previdência. Muito elogiado nas rodinhas que falavam sobre o desempenho da equipe ministerial. O conterrâneo fruía os elogios exibindo os dentes com um imenso sorriso.

Horário político na rede

O horário político eleitoral está chegando ao Twitter. A empresa anunciou que aceitará veicular tweets pagos de candidatos políticos para as eleições presidenciais norte-americanas de 2012. O Twitter afirma que fará pequenas modificações no design dos pedidos por votos, para que eles não sejam confundidos com tweets comuns e nem sejam iguais aos Promoted Tweets, mensagens publicitárias de empresas inseridas obrigatoriamente na linha de atualizações. Quando o usuário passar o cursor por cima da mensagem política será aberta uma janela pop-up dizendo quem pagou pelo anúncio. Outra diferença : eles não aparecerão nas buscas (ao contrário dos tweets de empresas). Políticos também poderão entrar nos programas 'Promoted Account' (conta promovida), ganhando preferência no sistema de indicação de perfis, e em 'Promoted Trends' (Tendência promovida), aparecendo no topo da lista de tendências.

Orlando, confiante  

Orlando Silva é um poço de confiança. Discurso pronto e fluido. Os cronogramas da Copa serão cumpridos. Não haverá bumerangue. Crê nos parceiros e na boa-fé dos empreendedores. Vê chances do Brasil se sair melhor que outras sedes de Copas. O ministro Orlando exala otimismo. É uma ponta de lança nas frentes de simpatia do governo. Ocorre que o Ministério do Esporte, por assumir um escopo estratégico na preparação da Copa, passou a ser muito cobiçado. Partidos querem abocanhar aquele espaço.

Copa 2014 ?

"Faltam 3 anos, 12 estádios e uma seleção". (Anônimo)

Moreira, indignado  

Moreira Franco, nosso ministro de Assuntos Estratégicos, acaba de chegar de Ecaterimburgo, na Rússia, onde participou da Conferência de Altos Representantes nas Questões de Segurança, reunindo 59 países. Indignou-se por não poder se expressar em português. Era proibido. Foi escolhido para fazer o brinde de abertura. Confusão. Foi defendido pelo anfitrião russo. Que sabia espanhol. Moreira teve de brindar em espanhol. Para o russo fazer a tradução. Para a palestra técnica, mesma coisa : português era proibido. Moreira teve de se escudar no francês, que domina bem. Mas o piauiense-carioca não deixou por menos : botou a indignação no ar. Fez um protesto oficial. Sob o argumento de que o português é uma das línguas mais faladas do mundo.

Kassab, expectativa 

O prefeito Gilberto Kassab, muito chamado ao celular por correligionários aflitos que indagavam sobre a votação, esperada para ontem, no plenário do TSE : "Tenha calma, vai dar tudo certo". Kassab espera que o PSD comece com 60 deputados. E vai lutar por outros direitos, entre os quais, tempo de mídia eleitoral para o partido poder competir, em boas condições, ao pleito de 2012.

Lewandowski, elogiado

O presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, recebia muitos cumprimentos por sua posição no comando da Corte. Trata-se de um magistrado atento ao espírito das normas.

De onde virão os 10%

O Senado poderá aprovar o texto original da regulamentação da Emenda 29, que estabelece o gasto mínimo de 10% das receitas da União com a Saúde. A questão é : de onde virão esses recursos ? De onde tirar mais R$ 30 bilhões ? Um dado de fundo : o setor privado gasta 2,5 vezes mais com Saúde do que o setor público.

"Bandidos de toga"

A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, foi dura : "magistratura está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos escondidos atrás da toga". E arremata : "Sabe que dia vou inspecionar o Tribunal de Justiça de São Paulo ? No dia em que o sargento Garcia prender o Zorro". Será que ela quis dizer : no dia de São Nunca ?

Aparências

"Se nós pudéssemos nos ver como os outros nos veem, aprenderíamos até que ponto as aparências são enganosas". (Franklin Jones)

Prévias em São Paulo

Com a oficialização de sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas, praticamente reforça a tese das prévias. Entra para valer. Teria a simpatia do governador Alckmin. O PSDB inaugurará o sistema, pelo visto. O PT diz defender as prévias, mas nesse partido, as coisas parecem combinadas.

Paes é favorito 

No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) é franco favorito na disputa de 2012. Faz boa dobradinha com o governador Sérgio Cabral. O deputado Otávio Leite se esforça para ser o candidato tucano. E os Maia ? Rodrigo Maia, o filho de César, deverá se candidatar à prefeitura. E o pai quer começar tudo novamente, pela casa dos vereadores. Já Fernando Gabeira poderá ser o candidato do PV.

Apelação em Natal ?

Ouvi de alto político potiguar perplexa declaração : "A prefeita de Natal, Micarla de Sousa, decidiu apelar para Jesus". Como ? Decidiu abandonar o catolicismo e entrar no evangelismo. Como evangélica, espera que uma corrente religiosa a conduza aos céus da reeleição. Apelação ? Desespero ? Há quem garanta : é mais fácil o sol de amanhã não aparecer no nascente do que Micarla ganhar um novo mandato de prefeita.

Honesto ganho 

Leonardo Mota, o nosso estudioso de ritos, gestos e práticas do Brasil profundo, é quem conta : estava em Campo Maior, no Piauí. Acabava de fazer uma conferência em torno do tema "Ao Pé da Viola", no salão da Câmara Municipal. O calor fizera-me suar em bicas, e eu ensopara quatro ou cinco lenços. Quando, ainda suarento, recebia os cumprimentos do auditório, um dos meus ouvintes comentou :

- Mas, home, seu doutô, grande dinheiro bem ganho só é esse de Vossa Senhoria !

- Por quê ?

- Por que vamincé sua que só tampa de chaleira...

Conselho aos senadores 

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros do STJ. Hoje, sua atenção se volta aos senadores :

1. Vale a pena um esforço extraordinário para se verificar onde e como abrir novas frentes de recursos para a Saúde. Contanto que estes novos espaços não impliquem criação de um novo imposto.

2. O Senado poderá fazer encaminhamentos e proposta ao Executivo no sentido de realocação de recursos, novas destinações, etc.

3. A definição de 10% de recursos do Orçamento aponta para a indicação de fontes dos novos recursos. Será que as planilhas das estruturas governativas não merecem um reestudo com vistas à redefinição de verbas?

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