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Porandubas nº 311

quarta-feira, 28 de março de 2012

Atualizado em 27 de março de 2012 10:50

Abro a coluna com uma historinha do Maranhão, contada por Sebastião Nery.

José Burnet, chefe da Casa Civil do governador do Maranhão, João Castelo, era deputado estadual do PSD. Em 1962 candidatou-se à Câmara Federal e saiu pelo interior fazendo campanha. Chegou à cidade de Santa Helena, foi para o comício :

- Povo de Santa Helena. Eu gosto tanto desta terra, tanto, que se pudesse nascer de novo pediria a Deus para nascer aqui em Santa Helena.

Foi um sucesso. No dia seguinte estava em Pinheiro :

- Povo de Pinheiro. Eu gosto tanto desta terra, tanto, que se pudesse nascer de novo pediria a Deus para nascer aqui em Pinheiro.

Lá de trás, um caboclo, que por acaso tinha assistido ao comício da véspera em Santa Helena, gritou :

- Doutor, e Santa Helena, doutor ?

- Santa Helena ? Santa Helena ? Santa Helena que me perdoe.

E desceu.

PT em chamas

O PT, por meio de seu comando, avisa que está tranquilo. Não é verdade. O partido nunca esteve tão nervoso. Não se trata apenas da candidatura de Fernando Haddad, imposta pelo ex-presidente Lula, ao partido. Lula espera que Haddad seja eleito prefeito de São Paulo confiando na vontade dos eleitores em querer ver um perfil novo, asséptico. Alas do partido, principalmente a da senadora Marta Suplicy, não engoliram facilmente a encomenda lulista. Há, também, o episódio de troca de liderança do governo na Câmara. O líder Vaccarezza estava desempenhando bem a missão. Em seu lugar, entrou o deputado Arlindo Chinaglia, ex-presidente da Casa e integrante da mesma ala do presidente da Câmara, Marco Maia. Dizem, porém, que o ex-líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira, da mesma ala de Chinaglia e Maia, era o preferido da ministra Ideli. Enfim, o PT não está calmo.

Hegemonia petista

Prosseguem intensas as articulações intra e inter-partidárias com foco no pleito municipal de outubro. Os partidos da base aliada desconfiam que o PT quer por em ação a mais arrojada operação do projeto de expansão política : eleger o maior número de prefeitos em cidades médias e grandes. Na verdade, ao PT não interessa muito colégio eleitoral pequeno. Se obtiver entre 18% a 20% do eleitorado, estará na dianteira do processo político-eleitoral. Esta é sua meta. Daí a disposição (o termo adequado seria ambição) de não abrir mão de candidaturas em capitais e cidades estratégicas. O projeto de hegemonia petista está em curso.

PSB, a terceira via ?

A maior interrogação do momento é sobre a decisão a ser tomada pelo PSB do governador Eduardo Campos em São Paulo. O partido se faz presente no governo Geraldo Alckmin, por meio do secretário de Turismo, Márcio França. Que, aliás, dirige o PSB no Estado. Mas Eduardo Campos é quem dá as cartas. E Eduardo é amigão de Lula. Que injetou recursos nunca vistos em Pernambuco, algo perto de R$ 20 bilhões. Edu parece irmão mais novo de Lula. Veio visitar o ex-presidente para dizer a ele : o PSB não vai caminhar com Serra. Tem duas alternativas : ir de candidato próprio, formando a terceira via, ou fechar com Haddad. A primeira hipótese seria mais compreensível e menos trágica para uma sigla que, até o momento, participa ativamente da administração estadual.

Pimentel, o silencioso

Fernando Pimentel é uma incógnita. Ministro do Desenvolvimento, não se sabe muito o que faz e o que pensa. Não participa de eventos importantes nas frentes de produção. Mas é um acompanhante fiel da presidente Dilma nas viagens internacionais. Está sempre ali na foto, como papagaio de pirata. Pimentel continua em silêncio também sobre as consultorias que lhe teriam dado a bolada de R$ 2 milhões. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República deu 10 dias para o ministro explicar o imbróglio em que se envolveu.

Ficha Limpa no Judiciário

Mas é claro que a adoção da Ficha Limpa nos sagrados espaços do Judiciário será uma decisão a ser aplaudida. Afinal de contas, o Judiciário deve dar o exemplo. O CNJ quer que os tribunais do país contratem apenas pessoas com ficha limpa para ocupar cargos de confiança. A intenção é a de estender as exigências da lei da Ficha Limpa a todos os que não foram aprovados em concurso público.

Dois pesos e duas medidas

Qual será o critério que o Governo do Estado de São Paulo se utiliza para fixar o salário mínimo estadual ? Vejamos os números. Em 2011, ele era fixado em R$ 600,00. Em 2012, foi para R$ 690,00, um aumento de 15%. Tudo seria maravilhoso não fosse esse aumento repassado para as empresas contratadas pelo Estado. Os contratos reajustados neste mês foram aquinhoados com apenas 4,60%. Ora, quem paga a diferença ? Os empresários já fizeram os esforços possíveis para continuar na luta. Enfrentam o alfabeto dos poréns e todavias ! Conclusão : o próprio Governo os joga na informalidade, no buraco da ilegalidade. Não está na hora de uma revisão de critérios de reajustes, senhor governador ?

Imagem da Justiça

Infelizmente, a imagem da Justiça em nosso país está bastante embaçada com as denúncias em série que têm assolado juízes e desembargadores.

Lobão no Senado ?

A presidente Dilma Rousseff dá sinais de que deseja influir na política partidária. Sabe-se, por exemplo, que ela quer emplacar o nome do ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, na presidência do Senado. Com o gesto, a presidente mataria dois coelhos com uma só cajadada : desalojaria um político do comando da área energética, diminuindo o poderio do grupo Sarney, para colocar um técnico, Márcio Zimmermann, de sua inteira confiança; e colocaria Lobão no lugar de Sarney, tirando o atual líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, do tabuleiro. Dilma sugeriu a Renan que se candidatasse ao governo de Alagoas. E mandou que Zimmermann se filiasse ao PMDB. Renan dispõe, hoje, do apoio da maioria dos senadores peemedebistas. E projeções do momento lhe garantem cerca de 50 votos entre os 81 senadores. A estratégia da mandatária até pode dar certo, mas haverá reações fortes.

Páscoa salgada

Nesta Páscoa, os contribuintes enfrentarão uma alta carga tributária incidente sobre os principais itens consumidos, como vinho, bacalhau e os tradicionais ovos de chocolate. A carga tributária do bacalhau importado é de 43,78% e no vinho chega a 54,73%. Já a colomba pascal tem uma carga tributária de 38,68%. Caso o consumidor opte por comemorar a data em um restaurante, os tributos sobre a comida fora de casa e os serviços atingem a margem de 32,31%.

PT versus PMDB

Até o momento, não há razões para deixar de acreditar na polarização PT x PMDB em São Paulo. Serra, uns 35%-38%, contra Haddad, uns 30%.

Chalita, a dúvida

Se Gabriel Chalita conseguir despertar o eleitorado, colocando-se como alternativa capaz de desfazer a polarização, tem condições de avançar. Mas isso dependerá também do jogo dos candidatos do PC do B (Netinho de Paula), PRB (Celso Russomano) e outros. Russomanno, por exemplo, não segurará seus 20% ? Tempo pequeno de Rádio e TV.

PMDB, imersão na identidade

O PMDB atravessa um ciclo de intensas conversas internas. As lideranças do partido, a partir do vice-presidente da República, Michel Temer, se esforçam para fazer uma imersão no tronco da identidade, procurando responder as questões : o que somos, para onde vamos, o que precisamos ? Há um enorme esforço para unir todas as alas do partido. Haverá, sempre, um grupo de descontentes, mas a integração de propósitos tende a ser o fio condutor das disposições partidárias. O futuro do PMDB será redesenhado a partir dos resultados eleitorais de outubro. Seja qual for o resultado, a estratégia de buscar parceiros menores para uma integração/fusão parece consensual.

O bispo

Uma historinha de Zé Abelha, o nosso contador de causos de Minas. No auge da discussão nacional sobre a lei do divórcio, o então bispo auxiliar de Belo Horizonte, D. Serafim Fernandes de Araújo, reitor da Universidade Católica de Minas Gerais, democrata, liberal, torcedor roxo do Galo, o Clube Atlético Mineiro, foi entrevistado :

- O senhor não acha que o bom senso evitaria muitos divórcios ?

- Acho sim, meu filho, e muitos casamentos também.

Câmara e Senado

Ao PMDB, por acordo, o PT decidiu dar apoio para a presidência da Câmara na próxima legislatura, a se iniciar em fevereiro de 2013. Mas o PT, a essa altura, já dá sinais de que poderá não cumprir o prometido. Principalmente, se o Senado continuar nas mãos do PMDB.

O estilo Dilma

Pouco a pouco, a presidente Dilma dá sinais de que pretende intensificar as relações com partidos, comandos e líderes. Chega à conclusão de que seu perfil técnico deve tomar, periodicamente, um banho nas águas mornas da política.

Fusões

Depois de outubro, partidos vão avaliar possibilidades de continuar como estão ou como deveriam ficar. Projeta-se um cenário de fusões, incorporações e parcerias. As pequenas unidades deverão ser engolidas pelas grandes. A conferir !

Demóstenes

"A fim de que possa acompanhar a evolução dos fatos noticiados nos últimos dias, comunico à Vossa Excelência meu afastamento da Liderança do Democratas no Senado Federal". Assim o senador Demóstenes Torres apresentou sua renúncia. O corregedor da Casa, senador Vital do Rêgo (PMDB/PB), enviou pedido de informações ao Ministério Público para saber se há envolvimento de Demóstenes no esquema da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Recife

Embora Francisco Rocha, o Rochinha, da tendência CNB do PT, tenha antecipado que o candidato do partido no Recife "é" João da Costa (PT), atual prefeito do Recife, o diretório estadual petista não aceitou a revelação e permanece analisando as possibilidades de realizar prévias com Maurício Rands (PT), que tem apoio camuflado do governador Eduardo Campos (PSB), e até com a probabilidade do ex-prefeito João Paulo (PT) entrar na disputa contra o seu ex-afilhado político, ex-secretário de Planejamento e ex-amigo durante 30 anos João da Costa. Domingo passado, em São Bernardo do Campos, Lula, Eduardo, Rui Falcão e Rochinha conversaram sobre as eleições no Recife. Os três primeiros nada disseram sobre o que teria sido decidido. Só não se contava com a indiscrição de Rochinha.

Natal I

A campanha em Natal/RN aguarda a posição da ex-prefeita de Natal e ex-governadora do RN, Wilma de Faria (PSB). Se for candidata, deverá ir para o segundo turno. O outro candidato forte é o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), que lidera as pesquisas. O PSDB, aliado ao DEM da governadora Rosalba e do senador José Agripino, trabalha com o nome do deputado Federal Rogério Marinho. O PMDB, com apoio do Ministro Garibaldi Filho e do líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Alves, lançou o nome do deputado estadual Hermano Morais. Caso haja união entre PSDB, DEM, PMDB e o PR do deputado João Maia, Rogério ou Hermano teriam força competitiva. Isolados, não conseguirão andar.

Natal II

O PT aposta no deputado estadual Fernando Mineiro, apesar de Fátima Bezerra, deputada Federal ser o nome mais forte do partido. Por fim, a atual prefeita, Micarla de Sousa, do PV, com grande rejeição, portanto, sem chances. Até maio, ela definirá sua posição. Wilma Faria será o termômetro. Em 2010, seu candidato, Iberê Ferreira de Souza (PSB) perdeu para Rosalba Ciarlini (DEM) a campanha para o Governo do Estado. Derrotada para o Senado, Wilma poderá voltar, este ano, à cena em grande estilo, demonstrando que a política faz curvas. Espera por uma curva na Ficha Limpa.

Demita o sujeito

Severino Cabral, pai do senador Milton Cabral, eleito prefeito de Campina Grande/PB, chamou o secretário :

- Demita fulano.

- Ele não é funcionário da prefeitura.

- Eu sei. Mas quero que ele receba a portaria de demissão, para saber o que eu faria com ele, se fosse.

Conselho aos organizadores da Rio+20

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos novos líderes do governo no Senado e na Câmara. Hoje, sua atenção se volta aos organizadores da Rio+20 :

1. O mundo estará de olho no Brasil, particularmente no Rio de Janeiro, em junho, por ocasião da Conferência Rio+20. Celebridades, especialistas e autoridades da esfera ambientalista se farão presentes ao maior evento mundial da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

2. A essa altura, já se projeta a defasagem da estrutura receptivo-hoteleira do Rio de Janeiro, sinalizando carências e apontando para falhas que poderão manchar a imagem do Brasil às vésperas de outros grandes eventos internacionais.

3. Diante dessa moldura, todos os esforços devem ser empreendidos para que o Brasil não tenha sua imagem borrada com as tintas do despreparo, desorganização, improvisação e incapacidade. Autoridades, olho vivo. E mãos à obra !

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