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Porandubas nº 430

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Atualizado às 08:17

Abro a coluna com historinhas de PE e da PB.

O verbo não "vareia"

A Câmara Municipal de Paulista/PE vivia sessão agitada em função da discussão de um projeto enviado pelo prefeito, que pedia crédito para assistência social. Um vereador da oposição combatia de maneira veemente a proposição. A certa altura, disse que "era contra o crédito porque a administração municipal não merecia credibilidade". O líder da bancada governista intervém, afirmando que "o nobre colega não pode jogar pedras no telhado alheio, pois já foi acusado de algumas trampolinagens".

- Menas a verdade - retrucou o acusado. Sou homem honesto, de vida limpa.

- Vejam, senhores, - disse o líder - o nobre colega, além de um passado nada limpo, ainda por cima é analfabeto, pois, "menas" é verbo, e verbo não "vareia".

(Uma historinha de Ivanildo Sampaio).

E minhas ordens, tenente ?

Camilo de Holanda, presidente da PB (nessa época, 1916/1920, governador era presidente), tinha uma namorada. Mas a namorada era mulher de um sargento da PM. Uma vez por semana, o tenente-comandante, auxiliar direto de Camilo, dava prontidão noturno no quartel. Uma noite, Camilo vai chegando à casa de seu amor e vê pendurado na cadeira da sala, o dólmã do sargento. Voltou furioso ao quartel :

- Tenente, e minhas ordens ?

- Que ordens, presidente ?

- Prontidão rigorosa, pois a ordem pública está ameaçada.

O tenente mandou tocar a corneta, dentro de pouco tempo o batalhão estava todo lá. De prontidão absoluta. Não faltava ninguém. Meia-noite, Camilo voltou lépido :

- Tenente, relaxa a prontidão que o perigo já passou.

Ele era o perigo !

O caldeirão da política

A política ferve no caldeirão partidário. A eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, seja qual for o resultado, deixará fortes sequelas, principalmente na concha que abriga os deputados. O líder do PMDB, Eduardo Cunha, ainda é o favorito, mas o cerco sobre os parlamentares que formam a base governista vai se fechando. Teme-se que Cunha na presidência da Câmara baixa aja como um comandante de oposição. Os ministros, de todas as áreas, receberam a missão de puxar votos para Arlindo Chinaglia, que é o líder do governo e ex-presidente da Casa. Até domingo, muita água deverá rolar.

Tucanos com Cunha

É bastante provável que os tucanos abandonem a candidatura do pessebista mineiro Júlio Delgado e entrem na liça em torno de Eduardo Cunha. Não lhes interessa, de nenhum modo, a eleição do petista Chinaglia. E se a disputa for para o segundo turno, é possível, até, que o poder da caneta governista atraia formidável parcela de deputados. Portanto, os tucanos podem engrossar a fileira do carioca Cunha para lhe dar vitória no primeiro turno.

PMDB insatisfeito

O fato é que o PMDB, mesmo contemplado com seis pastas na Esplanada dos Ministérios, está inquieto e muito insatisfeito. Nesses anos do lulopetismo, sempre ficou meio de lado a contemplar o mando petista na máquina. O PMDB é o partido mais capilar do Brasil, tendo o maior número de deputados estaduais, vereadores, senadores e prefeitos. Portanto, tem também enorme força nas bases políticas. Ademais, o ciclo do lulopetismo se aproxima do seu final. E o partido começa a se preparar para o amanhã. O vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, tem agido como algodão entre cristais. Mas tem o compromisso de conduzir seu partido para a avenida larga das eleições de 2016 e 2018. Andando com as próprias pernas e se afastando do PT.

Oposições sem rumo

As oposições ainda não encontraram um rumo. Estão tateando no escuro. Falta-lhes discurso denso. Por exemplo : Aécio Neves, o ex-candidato à presidente da República, está vendo Joaquim Levy ler pela cartilha ortodoxa que os tucanos defendiam na campanha, sob orientação de Armínio Fraga, o experiente economista que já dirigiu o BC. Até se recorda que Levy colaborou com o tucanato. Pois bem, Aécio deveria dizer que Dilma rasgou o discurso da campana petista e passou a ler a cartilha tucana. Ou seja, cumpre a agenda dos tucanos. Muito bem, nossos aplausos, deveria dizer. Faz o contrário : desanca Joaquim Levy e o governo. Uma burrice.

Ministério sem estrelas

Até dizem que Aloísio Mercadante age como primeiro ministro. Ele pode até querer vestir esse manto. Mas esse Ministério é uma moldura sem estrelas. Quem seria capaz de nomear 10 ministros dos 39 que compõem a Esplanada ? Esse fato elevará a visibilidade da presidente, que se mostra cada vez mais centralizadora.

PT em baixo astral

Há momentos de alta e baixa na vida de um partido. Este é um ciclo de baixa para o PT. Mas um ciclo que está demorando muito. Desde o mensalão, o PT desce o despenhadeiro da imagem. O petrolão corroeu mais ainda os cascos de seus navios. PT é o partido mais identificado nas pesquisas com o escopo da corrupção. Por isso, o 5º Congresso do PT, cuja primeira fase será nos próximos dias, em MG, deverá debater os rumos da sigla. Na segunda fase, em Salvador, no final do semestre, o PT apontará suas estratégias de sobrevivência.

Reforma política

Amanhã, quinta, a seccional paulista da OAB abrirá o primeiro grande evento do ano : um seminário sobre reforma política. Sob a direção do presidente Marcos da Costa, especialistas e cientistas políticos debaterão as diversas questões que integram o escopo da reforma política, como sistema eleitoral, as coligações proporcionais, a cláusula de barreira, o financiamento público de campanha, o estatuto da fidelidade partidária, as campanhas eleitorais, a figura do senador suplente, a concentração das eleições em um único ano eleitoral, o estatuto da reeleição, entre outras abordagens. Este consultor estará na mesa das exposições.

Quem tudo quer...

Gilberto Kassab é considerado um hábil articulador. Montou o PSD, um grande partido, e agora está construindo outro, o PL, que seria resgatado. O PL, na época do embaixador Álvaro Valle, era o ícone da direita e se apresentava nos programas de TV com a música "a fuga dos escravos hebreus", que encantava os ouvidos. O carioca Valle morreu e o partido virou outro. Kassab quer remontá-lo e, depois de edificado, fundi-lo com seu PSD, formando a maior bancada da Câmara Federal. Dará certo ? Este consultor acredita que ele terá problemas com o TSE e a oposição de outros grandes entes partidários.

Dilma, responsável ? Alckmin, também

Interessante anotar que a falta d'água, associada à ameaça de apagões de energia, leva o pacote de questões para o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios. Ressalta-se a falta de planejamento na área energética. Mas a questão dos reservatórios secos em SP cai mais no colo de Geraldo Alckmin e nas torneiras de São Pedro do que no colo da presidente Dilma. As obras de captação e interligação de sistemas, em SP, deveriam ter sido iniciadas há anos. Só recentemente foram iniciadas. Perguntaram, durante a campanha, ao então secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, também chamado de "general da água", qual seria o plano B para a falta d'água em SP e ele respondeu na lata : "não há plano B. Vai chover". O porta-voz do céu errou feio.

Dedo na ferida

O presidente da Clia/Abremar, Marco Ferraz, põe o dedo na ferida : a infraestrutura portuária no Brasil é precária. Os tributos, por sua vez, são muito altos. É o que aponta em nota na Folha de S. Paulo. O ambiente de recessão, ou de retração como prefere dizer o ministro Joaquim Levy, expõe ainda mais os graves problemas vivenciados por uma batelada de setores produtivos. Daí a atual temporada dos cruzeiros marítimos no Brasil comportar um número menor de navios que as anteriores. Se o país não cuidar de sua bocarra tributária e não arrumar uma estrutura bem equipada de portos, estará navegando à deriva nos próximos tempos.

Evolução da educação

Recebo de um leitor a seguinte radiografia sobre os "avanços" da educação em nosso país. Com ela, fecho a coluna : Antigamente o ensino comportava o estúdio da tabuada, caligrafia, redação, datilografia... E cobrava-se rigidamente o conhecimento dessas matérias. Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais; cantava-se o hino nacional, com hasteamento da bandeira nacional, antes do início das aulas. Eis o relato de uma professora : Semana passada, comprei um produto que custou R$ 15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receber mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha de me dar R$ 5,00 de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender. Por que estou contando isso ? Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim :

1. Ensino de matemática em 1950 : um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro ?

2. Ensino de matemática em 1970 : um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro ?

3. Ensino de matemática em 1980 : um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Qual é o lucro ?

4. Ensino de matemática em 1990 : um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro : ( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

5. Ensino de matemática em 2000 : um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. O lucro é de R$ 20,00. Está certo ? ( )SIM ( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2009 : um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00. ( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

7. Em 2010 ... : um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00. (Se você é afro-descendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social, não precisa responder pois não podemos reprová-los). ( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

E se um moleque resolver pichar a sala de aula e a professora fizer com que ele pinte a sala novamente, os pais ficarão enfurecidos pois a professora provocou traumas na criança. Também jamais levante a voz para um aluno, pois isso representa voltar ao passado repressor (Pior : O aprendiz de meliante pode estar armado). P S - Pergunta vencedora em um congresso sobre vida sustentável : "Todo mundo está 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos. Quando é que se 'pensará' em deixar filhos melhores para o nosso planeta ?"