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Porandubas nº 48

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Atualizado às 00:08

 

EFEITO TEFLON

A última Pesquisa Datafolha indica que Lula está imune à crise. Conserva a mesma base de votos das pesquisas anteriores. A crise Palocci não borrou o seu perfil. A questão é : Lula resistirá aos bombardeios que certamente serão mais fortes, ao correr da campanha ? Será que o teflon continuará a deixar limpa a sua panela ? Analisemos : Lula continua tendo alta visibilidade ; Alckmin foi submetido a intenso bombardeio nos últimos dias, em função de denúncias sobre amigos beneficiados com verbas de propaganda, vestidos doados à dona Lu Alckmin e sociedade do filho, Thomaz, com a filha do seu acupunturista em uma empresa ; Lula continua inaugurando obras e distribuindo bolsas família ; Alckmin ainda não conseguiu formar o batalhão da campanha e tem postura reativa ; ademais, a torrente de denúncias e escândalos envolvendo o PT e seus generais acabou gerando banalização dos fatos, atenuando os impactos. Lula tira proveito disso.

OS PONTOS DE GAROTINHO

Que Garotinho é populista, todos sabem. Que Garotinho defende o projeto Garotinho e não o projeto do PMDB, todos sabem. Que Garotinho não é o candidato da mídia massiva, todos sabem. Apesar de tudo isso, Garotinho sobe. Sobe na pesquisa Datafolha. Primeiro, porque sabe usar bem os espaços do PMDB nos spots publicitários. Segundo, porque a saturação - "petistas versus tucanos" - está abrindo espaço para uma candidatura alternativa. Garotinho soma essas coisas. Com mais cinco pontos, consolidaria uma posição de candidato do PMDB. Difícil de ser derrubada. É o que pensa, por exemplo, o senador do PMDB de Mato Grosso do Sul, Ramez Tebet. E é o que pensa, também, o presidente do partido, Michel Temer.

ITAMAR DESISTIRÁ ?

Garotinho falará, ainda hoje, com Itamar para pedir seu apoio. Henrique Hargreaves, que foi seu chefe da Casa Civil, garante : Itamar vai dizer a Garotinho que topa ser também candidato do PMDB à presidência. Garotinho está crescendo. Mas não tem as bases do partido. Já Itamar não está nas pesquisas. Mas tem parte das bases.

SEM PALAVRA

O deputado Wilson Santiago (PMDB-PB), que disputa com o deputado Valdemar Moka (PMDB-MS) a liderança do partido, assinou uma carta à direção partidária endossando a idéia de uma eleição para escolha do líder. Mas não esperou. Com uma lista nas mãos, derrubou a lista anteriormente apresentada pelo adversário. E a eleição ficou para as calendas.

ALCKMIN E AS PESQUISAS

Geraldo Alckmin é um crente. Acredita que as pesquisas lhe darão vantagem sobre Lula quando a campanha de TV e rádio começar. É possível. Lula será colocado dentro da crise. Imagens de dólares na cueca, queda dos generais do presidente, denúncias envolvendo familiares, tudo isso poderá sensibilizar as margens sociais. A conferir. Mas as denúncias atingirão também Alckmin. Os petistas procurarão responder à altura. Também a conferir.

REJEIÇÕES

Quem quiser ler bem pesquisas, olhe para as rejeições. Lula tem maior rejeição que Alckmin : 35,7% contra 33,5%, segundo a pesquisa CNT/Sensus. E Garotinho é campeão, com índice que chega a 50%.

O ORÇAMENTO SEM VOTAÇÃO

E o Orçamento, hein ? Ainda não foi votado. A crise atropela a discussão fundamental. O acessório toma o lugar do principal. É o Brasil.

CENSURA PÚBLICA

Acaba de chegar à Coluna uma representação do Ministério Público de Roraima contra o Estado e o governador Ottomar Pinto. Os promotores de Justiça João Paixão e Luiz Antônio Araújo, com olhos de lince, distinguiram na logomarca do governo, representada por três estrelas, conotação pessoal. Entendem que logomarca é brasão, bandeira, armas, selo oficial. Não conseguem, assim, distinguir a marca de um governo dos símbolos do Estado. Seria interessante ver esses dois membros do parquet "cassando" as logomarcas dos governos dos outros 26 entes federativos. Seriam seguramente "gozados" por outros operadores da Justiça. Mas Roraima é muito distante e lá, os olhos da Justiça, às vezes, são os olhos de cada promotor. Adendo : a logomarca do governo Ottomar é usada desde os tempos em que ele governou o Estado pela primeira vez.

COBERTURA DA BAND

Fernando Mitre, o diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes, promete uma cobertura diferenciada. Chegou a vez do conteúdo. A cobertura privilegiará os programas dos candidatos. O conteúdo suplantará a forma. Um programa com os candidatos a presidente abrirá a campanha. Será entre 12 a 20 de julho. E um programa na esfera estadual mostrará as diferenças entre os candidatos, a partir de sua visão de problemas. Mitre ouvirá os partidos e estará de ouvidos atentos às demandas sociais. Ou seja, o marketing do espetáculo não terá muita vez na cobertura da Band. Um passo avançado.

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