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Porandubas nº 85

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Atualizado em 13 de fevereiro de 2007 15:31


MÃOS DADAS

O governador paulista José Serra fez um acerto com o governador tucano de Minas Gerais, Aécio Neves. Ninguém briga até 2008. Os dois começavam a se bicar, cada um desejando cantar mais alto na floresta. Péssimo para ambos. Como são pré-candidatos à presidência em 2010, adaptam-se ao silêncio tático em matéria de política interna. Podem, isso sim, falar mal do governo Lula. É o que fazem. As projeções e a psicologia apontam: ambos serão candidatos. Por partidos diferentes.

LULA CONTRA ? É CLARO

Luiz Inácio diz-se contrário à reeleição. Posicionamento até então pouco conhecido. Nos últimos tempos, o presidente tem detonado o estatuto da reeleição. É claro. Ele aposta na eleição de um adversário, em 2010, para se habilitar a voltar (sim, ele mesmo) em 2014 ou em 2015, se o estatuto for derrubado e o mandato presidencial esticado para 5 anos.

MARTA, A BOLA DA VEZ

Quem não gosta dessa interpretação é a turma de Marta Suplicy, que, hoje, é o mais denso perfil para uma candidatura presidencial em 2010 pelo PT. O PT insistirá numa candidatura própria, mas Lula tenderia, hoje, a apoiar um nome de um aliado com possibilidade de derrotar os tucanos. Quem ? Aécio Neves, por exemplo, como candidato do PMDB. A propósito, Neves será recebido com tapete vermelho nas hostes peemedebistas. Na hora que quiser.

PARTIDO DEMOCRATA

O PFL agora é Partido Democrata. Quer pegar carona na campanha do Partido Democrata norte-americano, de perfil mais progressista, e com pré-candidatos charmosos, como a senadora Hillary Clinton e o senador negro Barack Obama. Porém, não é com uma sigla que os pefelistas abrirão as portas da esperança. Qual é o projeto de país que defendem ? Qual o tamanho de Estado que pregam ? Enfim, que ideário será exposto à sociedade ?

E A SOCIAL-DEMOCRACIA TUCANA ?

Os tucanos também se movimentam para azeitar o ideário. O guru da mobilização será o ex-presidente Fernando Henrique. Mas a impressão é a de que o tucanato está padecendo de velhice, mesmice e muita verborragia.

AS NOVAS-VELHAS BRIGAS DO PT

O PT não tem jeito. O Encontro de Salvador abriu velhas feridas. O grupo de José Dirceu, comandante do Campo Majoritário, contra o grupo de Tarso Genro, que prega a refundação do partido. E outros planetas girando ao redor das estrelas maiores. O puxão de orelhas que o presidente Lula deu nos briguentos petistas de nada adiantou. Ao contrário, muitos revidaram com críticas ao líder máximo. Por isso mesmo, Lula esforça-se para permanecer longe de futricas.

PERDOEM-ME, EU NÃO SEI O QUE FIZ

E o prefeito Gilberto Kassab, depois de ter prometido fazer a mesma coisa - ou seja, expulsar um cidadão de um ambiente público e chamá-lo de vagabundo por fazer queixas contra os serviços municipais de saúde - pede desculpas públicas por meio de artigo em jornal. Kassab sabe que o eleitor será relembrado do imbróglio, nas próximas eleições, quando a cena será passada e repassada nas telas televisivas. Claro, se ele for candidato à reeleição para a prefeitura paulistana.

PMDB NO GOVERNO

O PMDB terá espaço maior no governo, mas não do tamanho que imagina. Lula não conseguirá multiplicar os pães para satisfazer a fome de todos os partidos. Mas a ala dos deputados peemedebistas ganhará força. José Sarney e Renan Calheiros, os maiores investidores do capital peemedebista, continuarão com ações blue-chips, mas em quantidade menor.

MICHEL COM MAIS FORÇA

Michel Temer, revigorado pela união da base peemedebista na Câmara dos Deputados, ganharia, hoje, com muita facilidade de Nelson Jobim, a disputa pelo comando do partido. Essa realidade começa a abrir os olhos dos senadores Calheiros e Sarney, que não pretendem colher uma derrota. Nesse caso, Michel seria reconduzido por mais 2 anos, quando poderia ceder espaço a Jobim. E, na próxima legislatura, na esteira do acordo que garantiu a eleição de Arlindo Chinaglia, Temer seria o candidato mais forte à presidência da Câmara dos Deputados. A conferir.

PAC, AMEAÇAS E OPORTUNIDADES

Quase 700 emendas ameaçam o PAC. O governo terá de redobrar os esforços para desfazer os remendos. A formação ministerial será a tesoura para cortar os excessos. Claro, se a composição satisfizer ao apetite da base aliada.

E A FORÇA NACIONAL, HEIN ?

A Força Nacional de Segurança desembarcou com estardalhaço no Rio de Janeiro. Preparou-se o terreno para grandes descobertas. O tráfico de drogas seria combatido a ferro e fogo. Veríamos levas de bandidos na cadeia. O que vimos ? Uma criança arrastada por quilômetros nas ruas por criminosos, uma barbaridade que excedeu a todas as outras. E uma cena que merece, aqui, um registro: um soldado da Força Nacional de Segurança, em treinamento numa favela do Rio, levando bronca de um tenente da Polícia Militar; o "bravo" soldado corria numa viela, enquanto trocava o fuzil de mãos, um erro primário, segundo o treinador. Não se faz isso em movimento, dizia o tenente. Imaginem essa Força Nacional de Segurança agindo no Iraque, hein ?

MAIOR RIGOR

Reduzir a impunidade, aumentar prazos para condenados por crime hediondo, tudo isso pode ser importante, mas a redução da maioridade penal é medida emocional, que não virá diminuir a criminalidade.

NASCIMENTO NOS TRANSPORTES

O senador Alfredo Nascimento (PR-AM), ex-ministro dos Transportes, já fala como ministro reconduzido à Pasta. É o nome do PR mais forte para fincar estacas profundas no governo. Mas o seu programa tapa-buracos foi um fracasso.

PICCIANI NÃO É CONSENSO

A indicação do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), de 27 anos, para comandar a mais importante Comissão da Câmara dos Deputados, a CCJ, Comissão de Constituição e Justiça, não é consenso na bancada. A indicação tem o patrocínio do governador Sérgio Cabral, que precisa do apoio do pai de Leonardo, Jorge Picciani, presidente da Assembléia Legislativa do Rio. Há uma leva de deputados que quer o peemedebista gaúcho, Mendes Ribeiro, no comando da CCJ.

INTERFERÊNCIA

Aliás, o ex-senador Sérgio Cabral interfere bastante na esfera dos deputados. A pedido de Renan, deu apoio ao nome de Nelson Jobim para presidir o PMDB contra o nome de Michel Temer. De Temer para Sérgio Cabral, que relatava a solicitação de Renan : "Pode dar os seus 3 votos para o Jobim, porque os 53 outros do Diretório do Rio estarão me apoiando". E encerrou a conversa.

HARTUNG APÓIA JOBIM ?

Paulo Hartung, o governador do Espírito Santo, é contabilizado no crédito de Nelson Jobim, candidato dos senadores à presidência do PMDB. Hartung, porém, revelou a Michel Temer: "Lutarei pela unidade. Mas se não houver consenso, apoiarei você". A conferir.

REQUIÃO CONTRA A MÍDIA

O governador Roberto Requião promete que nenhuma verba publicitária será destinada aos grandes veículos de comunicação do Paraná. Requião abriu luta acirrada contra a mídia. Será interessante acompanhar o desfecho da contenda. Como, ao final do governo, estará a imagem do governador ?

A ESTRÉIA DE CLODOVIL

Quem esperava um Clodovil capenga, em sua estréia na Câmara, viu um deputado firme, sem medo de puxar as orelhas de colegas barulhentos, e mostrando que não será um bibelô. Sua performance inicial foi melhor do que a de "meu nome é Enéas", quando assumiu o primeiro mandato.

CIRO FALASTRÃO GOMES

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) vai começar a abrir o bocão. Lutará para o afilhado, que tomou seu lugar no Ministério da Integração Nacional, continuar. Como perderá a posição, vai abrir mais ainda o bico. Ciro é, desde já, o nome mais forte do PSB à presidência da República. Deverá se esforçar bastante para conseguir formar uma base de apoios. Corre o perigo de ser atropelado pela avalanche dos 512 companheiros parlamentares.

FATIAMENTO DA REFORMA

E lá vem a conversa de sempre. Reforma política, só fatiada. É o que avisa o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Ou seja, vamos começar a desenhar um novo Frankenstein.

ADVOGADOS NA ERA ELETRÔNICA

Os 250 mil advogados paulistas ingressam definitivamente na era tecnetrônica. Poderão, doravante, a partir de suas casas ou escritórios, solicitar remédios às farmácias da CAASP, o braço assistencial da OAB/SP. Em 48 horas, no máximo, receberão as encomendas. Serviço recém anunciado pelo novo presidente da Caixa de Assistência dos Advogados, Sidney Uliris Bortolato Alves.

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