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Porandubas nº 118

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Atualizado às 06:19

 

CPMF, O TESTE

O governo blefou ao dizer que não admitiria nenhuma concessão para aprovar no Senado a CPMF nos termos acordados na Câmara. Aécio Neves e José Serra agora pregam alguma concessão. Pois bem: as negociações se aceleram para que, logo, logo, se chegue a um patamar mínimo de benefícios. É mais provável que se estabeleça a diminuição gradativa da alíquota, a partir de 2008.

MAJORITÁRIOS QUIETOS

A decisão do STF no sentido de atribuir também aos partidos a eleição de candidatos majoritários abre horizontes mais tranqüilos na política. Há senadores que pensam em retornar às agremiações. Tudo vai depender da decisão sobre a data de vigência da interpretação do Supremo.

PRIMEIRAS ESCARAMUÇAS

José Serra defende a aprovação da CPMF com ligeiras concessões. Geraldo Alckmin defende simplesmente a extinção da Contribuição. Duas opiniões contrárias, primeiras escaramuças de uma contenda, cujo ápice ocorrerá em meados de março/abril, por ocasião da definição da candidatura à Prefeitura de São Paulo. Alckmin articula por todos os lados. Pensa em sentar na cadeira de Kassab. E se este conseguir mais uns 5 pontinhos lá para fevereiro/março ? Será uma briga e tanto.

ABSOLVIÇÃO DE RENAN ?

Renan Calheiros já esteve mais próximo do cadafalso. Hoje, está um pouco mais afastado. O senador Jefferson Peres está inquieto. Na intimidade, diz que ainda não encontrou provas suficientes para recomendar a cassação de Renan no caso de aquisição de emissoras de rádio em Alagoas, em sociedade com o usineiro João Lira. Uma acareação entre Renan e o desafeto tiraria todas as dúvidas. Lira, porém, refuga temendo batidas mais fortes no coração. Vamos acompanhar as lides.

FORÇAS DESARMADAS

As Forças Armadas passam por um sufoco. O sucateamento é geral na Marinha, no Exército e na Aeronáutica. O "comandante de farda de campanha", Nelson Jobim, até que se empenha em manter a ordem unida, a partir de reforço nos orçamentos das três armas. Há muita promessa e pouca ação. O zunzum que se ouve das bandas desarmadas e que chega aos sentidos de milhares de internautas é uma moldura de indignação.

MEIRELLES SONHA ALTO

Vez ou outra, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, posa de candidato à disposição do sistema. Aparece discorrendo sobre suas tarefas e sobre o futuro do país. Deixa no ar a impressão de que, após o Banco Central, se dispõe a oferecer os préstimos à causa do mundo central, que é - nada mais, nada menos - o Brasil. Se o sonho se desmanchar sob os céus de Brasília, lhe restará um pedaço do planalto central, que é como se deve designar o Estado de Goiás, onde Meirelles quer fincar fortes raízes políticas.

DILMA VIAJA

Dizem que todo pré-candidato ao principal cargo majoritário da Nação tem de passar pelos Estados Unidos e Europa, tomando um banho de civilização e conversando com lideranças mundiais. FHC, Lula e antecessores fizeram isso. O que dona Dilma Rousseff estará fazendo em Nova Iorque, além de assistir a concertos de Ópera ? Eis aí uma boa pergunta. Dilma também pensa naquilo, apesar de insistir em dizer que não será candidata a cargo nenhum.

CIRO ABRE A FALA

Ciro Gomes está afiado. Em palestra promovida pela Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços) - que tem como presidente o empresário Paulo Lofreta - o deputado do PSB fez competente diagnóstico da situação brasileira, açoitando a direita empedernida e a esquerda retrógrada. O pré-candidato à presidência da República garante que o Brasil está defasado três gerações na esfera tecnológica. E sugere arranjos fortes nas áreas tributária, previdenciária, política, e nos programas de saúde e segurança. Defende com vigor a CPMF, argumentando sobre sua destinação. Mas condena o imposto sindical compulsório.

BLOQUINHO DE ESQUERDA

Ciro espera que o bloquinho de esquerda, hoje, com 79 parlamentares (tamanho do PT), lhe dê o passaporte para ser o candidato da base governista em 2010. Ao lhe fazer um questionamento, discorri sobre seu perfil - zangado, querendo brigar até com o vento - que atrapalha inserção plena em determinados segmentos produtivos. O ex-ministro e ex-governador do Ceará tem consciência do fato e promete se esforçar para ser mais palatável. A conferir.

PT, 100 MUNICÍPIOS

A estratégia-mãe do PT para as eleições de 2008 é esta: eleger prefeitos nos 100 maiores municípios brasileiros. Precisa combinar com os outros partidos.

OS PARTIDOS DO BLOQUINHO

Já o bloquinho de esquerda, comandado por Ciro Gomes, promete ter candidatos em 200 grandes e médios municípios. Ou seja, os partidos sabem que o domínio dos grandes colégios eleitorais do Interior do país é vital para o palanque de 2010.

ADVOGADOS E MARQUETEIROS

Os advogados estão se preparando para trabalhar na campanha mais complicada dos últimos tempos: o pleito de 2008. As recentes decisões do TSE e STF terão muita influência sobre as candidaturas. Muitos nomes serão impugnados. Outros entrarão na eleição sub judice. Os advogados esperam desbancar os marqueteiros que, até então, eram os profissionais mais procurados nos pleitos majoritários.

JOSÉ EDUARDO CARDOZO

O deputado José Eduardo Cardozo começa a sair a campo para defender sua candidatura à presidência do PT. Tem o patrocínio do ministro Tarso Genro. Disputará contra o candidato da ministra Marta Suplicy, Jilmar Tatto. José Eduardo seria um sopro de renovação. Tatto seria um empurrão no nome de Marta para a arena de 2010. A ministra quer mesmo é o governo de São Paulo.

TERCEIRIZAÇÃO

A Terceirização está na ordem do dia, acendendo debates sobre a urgente necessidade de regulamentação da atividade. É nessa moldura que o SEAC-SP (Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação) promove, na próxima segunda-feira, dia 29, o Fórum de Terceirização. Líderes empresariais, especialistas, entidades da área de Serviços e autoridades da área trabalhista debaterão temas como pregão eletrônico, relações trabalhistas, encargos e metodologias de contratação na esfera pública. O evento acontecerá no Novotel Jaraguá, em São Paulo, a partir das 8h30.

A LIÇÃO DE GERDAU

O presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, oferece mais uma lição: a diminuição gradual da alíquota da CPMF como forma de o governo controlar mais os gastos e melhorar a eficiência da administração. Sabedoria de um homem que fincou as raízes de seu império mundo afora.

ZUANAZZI, DURO NA QUEDA

Milton Zuanazzi, o presidente da ANAC, é um desafio na balança da política. Quando tudo indicava que iria pender para fora da Agência, eis que continua firme no posto. E diz que só arreda pé se Lula lhe pedir para sair. E o prestígio de Nelson Jobim com Lula, foi para onde ? Ou será que Luiz Inácio está dividindo as partes para reinar sobre ambas ?

O JOGO DE MARANHÃO

José Maranhão, quem diria, hein, é um nome bem considerado para sentar na cadeira de presidente do Senado. É sondado por alguns setores, entre os quais o Palácio do Planalto. Ocorre que Maranhão pensa 24 horas em tomar o lugar de Cássio Cunha Lima no governo da Paraíba. Cássio, segundo se comenta, está um passo da saída. As Altas Cortes deverão se pronunciar em breve sobre a impugnação que José Maranhão apresentou. Uma questão de fundo: a visibilidade do apagado senador paraibano ajuda no jogo que lhe interessa, ou seja, o governo do Estado. Lembra aos ministros que o parlamentar conta com ampla base de apoios. Isso conta, é claro.

A FARRA DA MAGISTRATURA GAÚCHA

A farra da URV - é como se chama o reajuste continuado dos juízes gaúchos, desde março de 1994, que já custou aos cofres cerca de R$ 1,28 bilhão. Assim, não há Estado que agüente. A governadora Yeda Crusius tomou coragem e decidiu enfrentar os magistrados. Palmas para ela.

POLÍTICA JUDICIALIZADA

Dizem que a política nunca esteve tão judicializada. É claro, também nunca esteve tão desmoralizada. Por falta de vontade de fazer a reforma política, os parlamentares chutam a bola em direção aos magistrados das Altas Cortes. Que não prendem a bola em campo.

ELITE DA TROPA

O filme Tropa de Elite coloca o dedo na ferida. Nas últimas semanas, comentários por todas as partes dão conta de que os cidadãos passaram a ter uma visão mais crítica sobre os direitos humanos. E muitos batem palmas para o governador Sérgio Cabral. Algo está ocorrendo para a mudança do ethos nacional.

CONSELHO AO PRESIDENTE INTERINO DO SENADO

Esta Coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos aos políticos e governantes. Na semana passada, o espaço foi dedicado aos senadores do PMDB. Hoje, volta sua atenção para o senador Tião Viana, presidente interino do Senado:

1. Caia logo na real e convença o governo de que é necessário fazer concessões para que a CPMF seja aprovada no prazo mais rápido possível, ainda este ano.

2. Continue a tentar apaziguar os ânimos ao seu redor. A recompensa virá mais tarde.

3. Se cumprir a agenda de substituição de Renan Calheiros na presidência do Senado com eficiência, sem tumultos e discórdias, você terá um final de ano muito tranqüilo. Sucesso.

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