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Porandubas nº 147

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Atualizado às 07:54

DENISE EXPLODE CORAÇÃO ABREU

Essa Denise Abreu vai dar o que falar. Ela reafirmou no Senado, com muitos detalhes, que Dilma Rousseff a desestimulou a pedir documentos para comprovar a capacidade financeira dos três sócios brasileiros que queriam comprar a Varig e a VariLog, já que a lei proíbe a estrangeiros de possuir mais de 20% do capital das companhias aéreas. Vamos ver o que acontecerá após o substancioso depoimento no Senado. A moça pediu segurança. Teme pela vida. Lula defende Dilma Rousseff com unhas e dentes. Teme pela queimação de sua candidata à presidência da República. Governistas e oposicionistas se armam para mais um embate. Na arena pré-eleitoral.

FEIJÓ EXPLODE CRUSIUS ! CREDO.

Crusius, Credo, não é que Paulo Feijó (DEM), o vice-governador do RS, detonou uma bomba ? Mudar o secretariado - medida tomada pela governador Ieda - mais se parece com a idéia de tirar o sofá da sala para evitar a traição da esposa. O vice deu a dica : o DETRAN é uma fonte de corrupção política. Não há alternativa : o caso deve ser apurado in extremis. E os culpados devem ser rigorosamente punidos. Feijó, vá lá, usou métodos nada heterodoxos para captar o sangue da veia contaminada. Por isso, o senador Heráclito Fortes, do DEM, quer puni-lo. O grampo mostra que até a governadora gaúcha conhecia os fatos. Nesse caso, os meios justificam os fins ? Deixo a resposta no ar maquiavélico. Yeda Crusius está no mato cercado de lobos. E sem cachorro bravo para se defender.

FICHA SUJA

É muita cara de pau. O ministro Carlos Ayres Britto (que ministro digno), que acaba de chegar à presidência do Tribunal Superior Eleitoral, tenta moralizar os costumes eleitorais. Lutou, mas perdeu, na defesa de sua tese, de que nomes com "ficha suja" sejam barrados pela Justiça como candidatos este ano. Valeu a letra constitucional : ninguém é condenado antes de a sentença transitar em julgado. Mas o ministro promete lutar pela moral e pela ética na campanha deste ano.

MARTA E OS MINISTROS PETISTAS

E por falar em ética na campanha, o primeiro exemplo (e que exemplo, hein ?) nasce da cabeça e da vontade de Marta Suplicy, que lidera a intenção de voto na campanha para a prefeitura paulistana. Marta convidou ministros petistas a ajudar em sua campanha. Avaliem de maneira criteriosa a situação : ministro veste-se no manto litúrgico conferido pelo cargo; são detentores de força e mando, a partir da tinta densa na caneta; atraem visibilidade da mídia; suas falas ganham repercussão. E, quando se deslocam para o espaço restrito de uma campanha eleitoral, trazem consigo toda carga simbólica. Se isso não for abuso de poder, este escriba é verdadeiramente um ignorante de marca maior. Ignorante de marca maior, nesse caso, é todo aquele que combate a prática petista : Mateus, primeiro os meus, depois, só muito depois, os teus.

SAMBA DO CRIOULO DOIDO NO RIO

Primeiro, o PMDB do Rio de Janeiro acenou com a possibilidade de fazer coligação com o DEM do prefeito César Maia e, nesse caso, entrar de sola na campanha de Solange Amaral. Segundo, o governador Sérgio Cabral, incendiado por Lula, fez questão de curvar o partido na direção do petista Alessandro Molon. Terceiro, o PMDB dá uma reviravolta e trabalha com a hipótese de ter candidato próprio à prefeitura carioca. Nesse caso, o candidato seria Eduardo Paes.

SÓ QUE...

Só que Eduardo Paes encontrará uma barreira legal, caso seja escolhido como candidato. Saiu do secretariado de Sérgio Cabral nos limites previstos pela legislação. Teria de sair dia 5 de junho. Dia 4, estava em Atenas, na Grécia, acompanhando o próprio governador no evento para escolha dos pré-candidatos à Olimpíada de 2016. Dizem que teria saído dia 5. O Diário Oficial, com sua exoneração, é do dia 6. Há imbróglio no caminho.

GERALDO DÚVIDAS ALCKMIN

A situação de Geraldo Alckmin é cercada de dúvidas. Será consagrado dia 22, data da Convenção ? Sua campanha terá no palanque o governador José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique ? Como se comportarão os vereadores tucanos na linha de frente ? Pedirão votos para ele ou para o prefeito Gilberto Kassab ? Como será a campanha modesta apregoada pelo ex-governador ? Enfim, como será desenvolvida uma campanha em que os cabos eleitorais focarão o norte, com um olho, e o sul, com o outro ? Aconselho a leitura de um livrinho de Ítalo Calvino, chamado O Visconde Partido ao Meio.

CRUISE DAY

Amanhã, sexta-feira, a ABREMAR, Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas, promoverá o maior evento do setor : o Cruise Day. Ao lado da feira focada aos agentes de viagem, será realizado o I Fórum sobre os Cruzeiros Marítimos, com a presença do ministro do Turismo, secretário-executivo do Ministério da Justiça e autoridades portuárias. Na Temporada 2007/2008 cerca de 400 mil pessoas embarcaram em cruzeiros na costa brasileira, um crescimento de mais de 32% em relação à temporada anterior, enquanto a OMT (Organização Mundial do Turismo) afirma que o crescimento médio anual do mercado mundial é de 8%.

APLAUSOS AO GENERAL

Nos últimos tempos, temos observado intensa movimentação nos quartéis envolvendo altas patentes e abrigando o discurso da soberania nacional. Na terça-feira, o general da reserva, Luiz Gonzaga Lessa, ex-comandante militar da Amazônia, foi aplaudido de pé, em evento no Clube Esperia. Alertou contra "a invasão branca", a invasão das ONGs, e as pressões internacionais pela internacionalização da região amazônica. Quem também se sai bem na foto da soberania brasileira é o deputado Aldo Rebelo, do PC do B.

ADESÃO DO BRASIL

A propósito, o Brasil aderiu à Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, patrocinada pela ONU, que propiciará a criação de 216 "nações indígenas" - com autonomia política e administrativa - dentro do nosso território. Em termos práticos : os índios se sentirão desobrigados a cumprir as leis brasileiras. O lobby internacional, apoiado pelo Brasil, é comandado pelo WWF (World Wildlife Fund), sob a chefia do príncipe Charles. Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia votaram contra essa Convenção. De grão em grão, o Brasil perde chão ; de passo a passo, a Amazônia vai pro espaço.

A FARRA CAMPESINA

Está virando moda. A cada mês, a tal de Vila Campesina, de inspiração internacional, e o MST, com suas bandeiras vermelhas, tomam as ruas e promovem uma baita baderna, com direito a quebra-quebra, destruição de plantações, invasão de propriedades. Na capital paulista, invadiram a sede da Votorantim, comandada pelo exemplo de empreendedor, Antônio Ermírio de Moraes. Os holofotes da mídia dão grande visibilidade ao espetáculo. Horas depois, os grupos invasores festejam, nos acampamentos, os resultados alcançados. Sob a algazarra festivo-etílica. Paga, aliás, com o dinheiro do contribuinte. O governo repassa uma montanha de recursos para as chamadas organizações sociais. E que organizações, hein ?

MACHO MAN

O presidente da República ataca, agora, de médico e psicólogo. Diz que o brasileiro tem "a maldita mania de achar que ninguém pode botar a mão nele". Para Lula, nada substitui o toque. E mais : que é machismo evitar o exame retal para prevenir câncer de próstata. É, pode ser. Em matéria de sensibilidade e desconforto, cada um tem sua mania.

O MUNDO PAROU

Moscou parou. Pequim, idem. As placas também mostravam paralisação em Bruxelas, Buenos Aires, Atenas, Pretoria, Beirute, Havana (Raul deixou ?), Londres, São Domingo e muitas outras cidades. O motivo do cruzamento dos braços : greve por reposição salarial. Mas a foto revelava que a paralisação era aqui pertinho, no Itamaraty. Pela primeira vez na história deste país, uma greve de diplomatas vai às ruas de Brasília. Mais precisamente, na Esplanada dos Ministérios. Nos dias que antecederam o movimento paredista, o ministro Celso Amorim deslocou-se em avião do governo para assistir a abertura da Eurocopa. Em Basiléia, na fronteira da Suíça com a Alemanha e a França.

ATÉ QUANDO ?

Dilma Rousseff, a toda poderosa ministra-chefe da Casa Civil, aguentará a bateria de denúncias e escândalos que envolvem seu nome ? Até quando ? Se passar nesse vestibular de sacrifícios e atravessar, incólume, o corredor polonês, consagra-se como candidata.

E TEIXEIRA, O COMPADRE ?

Roberto Teixeira, o compadre e amigo de Lula, recebeu mesmo US$ 5 milhões para intermediar a venda da VarigLog ? Se recebeu por serviços prestados, que serviços foram esses ?

ELIASCH, O HIPOTÉTICO

Johan Eliasch, o empresário que é dono de vastas terras na Amazônia, apresenta-se como defensor da soberania brasileira. Em artigo na Folha de S.Paulo, diz que a Amazônia brasileira é dos brasileiros. Seria engraçado se dissesse o contrário. Passa cosmética na cara depois de matéria veiculada no Fantástico, que mostrou que o empresário prometeu mundos e fundos - benfeitorias nas terras adquiridas - e, até hoje, os moradores não viram nada. Desmascarado, o empresário, agora, faz-se de mocinho. Ele diz que não disse que a floresta amazônica pode ser comprada por US$ 50 bilhões. Mas afirma, no mesmo texto, que o valor despendido pelas seguradoras em decorrência da devastação do furacão Katrina, nos EUA, de U$S 75 bilhões, "foi superior ao hipotético valor capital da floresta amazônica".

EM SUMA

Em suma, pode-se aduzir da afirmação : que a floresta amazônica tem um valor menor do que o valor despendido para enfrentar o desastre do Katrina; mesmo não tendo citado uma cifra, fez uma comparação. A Amazônia custa menos. Como comprador de terras na região, pode ser imitado por milhares de proprietários. O empresário, que se auto-intitula um conservacionista ativo, faz jus ao ativismo.

CONSELHO AOS JUÍZES ELEITORAIS

Esta Coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos aos políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado aos deputados da bancada da saúde. Hoje, volta sua atenção aos juízes eleitorais:

1. Aclarar as regras e disposições para as eleições de outubro. Há, ainda, muitas dúvidas sobre "o que pode e não pode ser feito".

2. Azeitar as máquinas, de forma a dar respostas tempestivas às múltiplas demandas que chegarão às barras dos Tribunais Eleitorais nos Estados.

3. Monitorar de maneira rigorosa o processo, particularmente no que diz respeito a abusos de uso de estruturas públicas e abuso do poder econômico.

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