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Porandubas nº 173

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Atualizado em 13 de janeiro de 2009 16:37

Comecemos o ano lembrando o grande José Américo, ícone da política paraibana, ensaísta, romancista e autor de A Bagaceira, 1928, que abriu o ciclo do romance nordestino :

"paraibano não bate palmas no meio de governo. Paraibano só bate palma no começo e no fim. No começo, de esperança. No fim, de pena".

Façamos como os paraibanos! 

Aplaudamos os 5.563 prefeitos eleitos/reeleitos com as palmas da esperança !

Deixemos parte das palmas para as condolências no final de mandato.

CENÁRIO PAULISTA

2009 começa sob os primeiros desenhos para 2010. O de São Paulo é um dos mais coloridos. O governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab caminham para selar um acordo em torno de Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil, como candidato tucano ao governo do Estado. Tem como fundamento a continuidade da aliança entre PSDB e DEM, que converge para a candidatura de Serra a presidência da República. Haverá certa quebra de braço, pois há outros tucanos na floresta eleitoral : José Aníbal, líder do PSDB na Câmara; Paulo Renato, deputado federal, e o ex-governador Geraldo Alckmin.

AS CHANCES DE CADA UM

Candidato de governador e prefeito da capital, convenhamos, angaria mais força. Ademais, Nunes Ferreira, no posto chave da articulação política, costura diariamente a malha de interesses dos prefeitos paulistas. Zé Aníbal expressa um perfil bem qualificado. Trata-se de um dos melhores nomes da política. Respeitado, articulado, estará na linha de frente das decisões. Alckmin é, hoje, mais um problema que solução. Desgastado, isolado, não ampliou o raio de ação. Mas tem um bom recall no interior do Estado. Poderá ser obrigado a se candidatar a deputado estadual. Paulo Renato tem poucas chances.

AFIF E QUÉRCIA

Pelo acórdão, já em gestação, as vagas da aliança ao Senado estariam garantidas : uma para Guilherme Afif e outra para Orestes Quércia. Afif tem melhores chances. A segunda vaga de senador estaria reservada ao PT. Neste caso, Aloizio Mercadante estaria na melhor posição entre os oposicionistas.

MARINHO PELO PT ?

As chances de Luiz Marinho, novo prefeito de São Bernardo do Campo, vir a ser o candidato do PT ao governo paulista, em 2010, são pra lá de remotas. 

Quatro mães muito formosas parem quatro filhos muito feios. A verdade pare ódio; a prosperidade, orgulho; a familiaridade, desprezo, e a segurança, perigo. (Padre Manoel Bernardes)

PT TERÁ O PMDB ?

O sonho do PT é contar com o apoio do PMDB na aliança em torno da pré-candidata Dilma Rousseff. O PMDB, como se sabe, é uma federação de partidos regionais. Nunca esteve tão unido, nos últimos tempos, como neste ciclo de comando de Michel Temer. Mas não se pode pensar em união plena de forças e quadros para 2010. O PMDB pernambucano, por exemplo, indica que poderá caminhar ao lado de José Serra. Tudo vai depender da decolagem da candidatura da Chefe da Casa Civil. Que, por sua vez, dependerá da decolagem do empacado PAC. Pragmatismo é o conceito que inspirará o PMDB em 2010.

A JOVIAL DILMA

Os traços duros da ministra Dilma foram suavizados. Mais esbelta, mais jovial, menos severa. É oportuno lembrar : os eleitores brasileiros prezam uma novidade. Em gestação, a indefectível comparação : a Bela e a Fera (José Serra).

PAPO ENTRE ELES

Na Couromoda, evento de sucesso conduzido pelo empresário Francisco Santos, enquanto o presidente Lula abria um sorriso "sem azia" na sala VIP, especula-se que a Bela e a Fera,  ao trocarem figurinhas, teriam ficado nas gentilezas:

- Como você ficou bem, ministra. Como está jovial !

- E você, governador, bem que poderia conservar essas olheiras até outubro de 2010.

E POR FALAR EM XUXEXÃO...

É oportuno lembrar que SUCESSÃO sempre esteve presente no abecedário de nossa política. O velho marechal Dutra, que presidiu o Brasil de 1945 a 1951, era motivo de troça por trocar o c pelo x. Sisudo, falava pouco, justificando que "as palavras não foram feitas para serem gastas". Ao ser entrevistado, perguntava se o jornalista trouxera saca-rolha "pois do contrário não sai nada". O bom Millôr fez um "xolilóquio" da xuxexão, lembrando o passeio solitário do velho Marechal no Palácio do Catete, antes das eleições de 50 :

- xerá a xuxexão
Xuxexo imenxo
Que poxa ser xamada
Xuxexão ?

Xó, neste palaxo.
Xoxegado, penxo :
Xerá xuxexo
Ou xó xacoalhaxão ?

A Xuxexão de Lula comexa a xer xuxexo!

GARIBALDI SÓ ABRE PARA SARNEY

Garibaldi Alves é candidato a presidente do Senado. Só deixa de sê-lo se o senador José Sarney, convocado por Lula esta semana, aceitar ser o tertius. Tião Viana não decolou. Garibaldi, hoje, ganharia o pleito. A questão jurídica - possibilidade de sua eleição ser questionada no STF - seria colocada sob a égide da política e, assim, bem administrada. Sarney, por seu lado, trabalha nos bastidores para ser o escolhido. Ele já não impõe tantas restrições quanto fazia há semanas. Um detalhe : a cirurgia da senadora Roseana Sarney foi adiada, deixando o pai mais tranqüilo com o diagnóstico médico.  Pois é, Sarney ficou este tempo todo enrolando com o mais ou menos.

QUE SIGNIFICA...

O Brasil é o país da imprecisão. Nada é certo. Mais ou menos é o termo que pontua as assertivas. Até logo quer dizer até um dia qualquer; pois sim quer dizer não e pois não significa sim; a casa é sua, expressão que se usa ao receber uma pessoa, quer dizer a casa é minha; telefone para marcarmos um encontro quer significar não telefone, pelo amor de Deus. No Rio Grande do Norte ou do Sul, não há grande rio separando o Estado, mas um rio separa Minas Gerais e São Paulo. A Baia de Todos os Santos é uma baía de todos os pecados. Em Petrolândia, não se descobriu uma gota de petróleo. Nem em Petrolina. E o Rio de Janeiro é uma baía.

O CONSELHO DE PASTORE

José Pastore é um dos mais qualificados analistas do mercado de trabalho. Sugere, para enfrentar a crise, um conjunto de medidas, entre as quais a legalização dos serviços terceirizados no país. O Brasil, nessa área, continua a perder o bonde da contemporaneidade.

PALOCCI, O MAIS FORTE

Antonio Palocci é o nome mais forte do PT para enfrentar o candidato tucano ao governo de São Paulo. O deputado espera o julgamento pelo STF do caso em que é parte e relacionado ao mensalão. Palocci continua sendo um quadro respeitado pelo empresariado e pelo sistema político. Com o cacife de competente e qualificado, o ex-ministro da Fazenda é mais palatável que a ex-ministra com fama de perdedora, Marta Suplicy.

ONDE ESTARÁ MARTA ?

Onde estará Marta Suplicy ? Como reaparecerá em cena ?

RENAN NA LIDERANÇA 

Renan Calheiros luta para ser conduzido à liderança do PMDB no Senado. Valdir Raupp deseja continuar no cargo, mas o senador alagoano tem, hoje, votos para desbancar o colega de Rondônia. Raupp seria guindado à liderança do governo no Congresso, cargo sem muita força. Substituirá Roseana Sarney, que se afastará da carga para se submeter a uma cirurgia. A política é mesmo como as nuvens. No céu, vemos a imagem do elefante. Com tromba e dentes. E, de repente, a nuvem do elefante vira uma cobra.

IMAGEM DO BRASIL NO EXTERIOR

A imagem do Brasil no mundo começará a ser burilada pelas tintas da CDN, empresa comandada por João Rodarte. Trata-se de uma ótima oportunidade para o país mostrar sua verdadeira face - um país de dimensão continental, com riquezas naturais incomparáveis, um sistema democrático moderno, um gigantesco ambiente social pontilhado pela pluralidade étnico-racial-religiosa, um espaço sem os conflitos que marcam com sangue boa parte do mundo. Se crise é sinônimo de oportunidade, este pode ser um bom momento para o Brasil inserir-se de maneira positiva na cabeça mundial de formação de opinião. Sem ufanismo e sem exageros.

FRANKLIN PODEROSO MARTINS

A mídia identifica o ministro Franklin Martins como um dos mais poderosos do governo Lula. As razões : proximidade do presidente, analista político e social que desenha cenários interessantes, boa articulação junto à mídia. Tudo isso pode ser verdade, mas o fato de Lula ter, ao lado, um bom jornalista é o suficiente para justificar o seu poder. E não é crível que Franklin leve ao presidente apenas notícias e interpretações positivas sobre a conjuntura. Não seria, assim, um bom jornalista.

QUEDA NAS EXPORTAÇÕES

O agronegócio está diante da luz vermelha : a queda nas exportações deve chegar a US$ 20 bilhões, levando-as a um patamar próximo de US$ 50 bilhões. Será um impacto forte na economia. O saldo da balança comercial do país, de US$ 24,7 bilhões em 2008, deverá ficar entre zero e US$ 5 bilhões  neste ano.

CIRO E O BLOQUINHO

O bloquinho de esquerda, invenção de Ciro Gomes para se cacifar perante o PT, entra em colapso. A candidatura de Aldo Rebelo à presidência da Câmara pode entrar em colapso. O PDT viu que a coisa não tinha futuro e saiu do barco. O ministro Carlos Lupi, do Trabalho, presidente licenciado do partido, ainda dá as cartas. Ele sabe que não é hora de esgarçar o tecido governista. E esse bloquinho apenas faz poeira. E uma poeira que faz cegar os olhos de uns poucos governistas.  Ciro Gomes, o espalha brasa, precisa dar um basta à sucessão de fracassos. 

O luxo do funeral e a suntuosidade do túmulo não melhoram as condições do morto. Satisfazem apenas a vaidade dos vivos. (Dante Veoléci)

MUDANÇAS NA CODESP

José Roberto Serra, presidente da Codesp, que administra o porto de Santos, quer mudar o modelo de arrendamento portuário dos contratos, tornando-os mais consentâneos com a modernidade. Serra pensa em avançar em muitos setores, inclusive com a implantação de um plano de cargos e salários. Um buraco aparece nas curvas do caminho: como compatibilizar as mudanças com os nomes enfiados na Diretoria por partidos políticos ? A Coluna obteve de Brasília a informação de que a intenção federal é a de limpar os entulhos - significando remoção de diretores - para deixar o caminho livre para mudanças.

Deus não levanta edifício sem alicerce; o das virtudes é a humildade. (Padre Manoel Bernardes)

CONSELHO AO SENADOR SARNEY

Esta Coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos aos políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Hoje, volta sua atenção ao senador José Sarney:

  • Não dá mais para fazer firulas. Ou o senhor diz, de forma peremptória, que não é candidato a presidente do Senado ou afirma que deseja o posto.
     

  • Quanto mais adiar essa definição, mais passará a ideia de que usa a curva da dúvida para chegar à meta maquiavélica.
     

  • A imagem pública de um ex-presidente da República não pode cair na vala comum da linguagem tatibitate - muitos verbos e adjetivos e significados perto do zero absoluto.

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