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Vou ter um bebê! E agora?

Entendi que tinha envelhecido quando as pessoas começaram a me pedir conselhos. E também quando passaram a me chamar de "tia", mas esta é outra estória...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Atualizado em 6 de maio de 2010 13:18


Vou ter um bebê! E agora?

Christina Montenegro Bezerra*

Entendi que tinha envelhecido quando as pessoas começaram a me pedir conselhos. E também quando passaram a me chamar de "tia", mas esta é outra estória...

Um conselho que sempre me pedem é qual o momento certo na carreira para ter um filho? Respondo às jovens (e às vezes não tão jovens) ansiosas que o momento certo para ter um filho é quando dá aquela vontade. Aquela vontade, sabe? Pelo menos foi o que aconteceu comigo. Nada teve a ver com o momento de carreira.

A carreira foi de certa forma planejada: estudei, prestei vestibular, formei-me, prestei exame da Ordem, participei de processos seletivos, enfim, houve um encadeamento de passos visando a um determinado fim. O momento exato de ter um filho nem tanto.

Claro que conversei com meu marido a respeito disto, afinal, é uma decisão importante para um casal. Mas foi somente quando realmente bateu a vontade e o sentimento de que faltava alguma coisa que engravidei. Sem grandes planejamentos.

Já era gerente, trabalhava muito e acredito que a gestação não comprometeu meu desempenho. Tirando minhas crises de enjôo, foi tudo bem. Quando tive que parar de viajar, por ordens médicas, fazia reuniões virtuais, bendita tecnologia!

Depois da licença maternidade, um susto: fui despedida no primeiro dia de trabalho. Melhor do que uma amiga, que foi despedida 15 dias depois do retorno da licença, quando já tinha deixado de amamentar e o leite havia secado. Isto sim foi cruel!

No meu caso, pude ficar um pouco mais com meu filho, então com 4 meses, e optei por trabalhar como consultora, com horário flexível, nesta empresa maravilhosa que me acolheu como sou e para a qual trabalho até hoje, há muito tempo como efetiva.

O que dizer do que aconteceu de lá para cá? Tive dias e dias. As primeiras viagens internacionais foram difíceis, o taxista tentando não reparar pelo retrovisor as lágrimas silenciosas no caminho para o aeroporto. O porta-retratos com aquele bebê careca e risonho na mesinha de cabeceira do hotel, para matar as saudades. Que bom que pude contar com um marido e uma família presentes, dando força para eu seguir e admirando meu sucesso profissional.

Também tive a sorte de ter chefes compreensivos, mais preocupados com o resultado que eu produzo do que com a forma como organizo meus horários. Procuro ser perfeita em tudo, como todas nós, e falho miseravelmente, como humana que sou.

Admito que não leio a agenda do meu filho todos os dias e ele nem sempre tem o uniforme em ordem para ir para a escola. Um dia mandei-o para a escola de táxi (sozinho) para eu não me atrasar para uma reunião, mas é uma criança feliz - espero. E sabe, com menos de 5 anos, que o trabalho é uma parte importante na vida da mamãe.

A culpa bate, é claro, mas o importante é ter foco. Foco no que se faz. Se é trabalho, é trabalho. Se é filho, é filho. Assim foi que dei conta de cursar um MBA, assumir novas responsabilidades na empresa, fazer ginástica e curtir minha vida em família. Sin perder la ternura. E dando conselhos por aí.

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*Gerente Jurídico, Regulatório e Relações Governamentais da Edwards Lifesciences - Latin America e integrante do grupo Jurídico de Saias







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