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Acossados

Em ano de eleições, o cronista migalheiro chama a atenção do país para as condições de vida no Maranhão.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Atualizado em 24 de agosto de 2012 11:11

No principio, depois que Deus criou o céu e a terra, os mares e os rios, as florestas e os desertos, as trevas e a luz, os bichos e o homem e sua mulher, um pouco depois do principio das coisas e havendo mais gente, mais gente e mais gente, enfim, a população, criou-se essa coisa chamada Estado para cuidar da população e, para cuidar do Estado, inventou-se essa coisa chamada Governo.

Problema é que o Estado tem encarecido muito o seu custo e o Governo, cada vez mais confuso, não consegue domar a sua engrenagem, cada vez mais ineficiente, restando sempre para a população a maior soma das deficiências e dos prejuízos.

Acima da população, é visível, estão as castas predominantes do poder econômico e do poder politico.

A população, embora aparentemente organizada em sociedade, mantida na ignorância pela manipulação das informações, nem percebe que a maioria que decide, dentre os eleitos em seu nome, simplesmente a ignora nos seus afazeres e se omite nos seus deveres.

Para acalanto geral há uma Constituição da República esbanjando os direitos, ilusões e promessas.

O primeiro direito é o direito à vida, que está vinculado ao direito à saúde e como estamos numa democracia, queremos crer, vem em paralelo o direito à liberdade, o qual se vincula ao direito à segurança para garantia da liberdade de ir e vir sem que ninguém seja molestado na sua integridade física ou no seu patrimônio.

Na mesma escala de prioridades, vem a educação, base da civilidade e do desenvolvimento econômico e social.

Governam o Estado três Poderes, independentes e harmônicos entre si. O Legislativo para fazer as leis e a fiscalizar o seu cumprimento, incluindo a execução da lei orçamentária.

O Judiciário para realizar a Justiça, dando a cada um, na medida justa, o que é seu. O Executivo para viabilizar e garantir à população as condições para o exercício intangível de todos os seus direitos.

Só que isso tudo, afora as montanhas de impostos que se paga, custa muito dinheiro, muito mesmo.

Quanto custa eleger um Presidente da República e como isso acontece? Quanto custa a um Presidente nomear para, em tese, ajuda-lo a administrar, um Ministro de Estado? A Constituição diz que é de livre escolha do Presidente, mas na prática não a é. Nessa escala dos entes federados, quanto custa eleger entre aspas um Governador e um Prefeito?

A população desinformada pela manipulação das informações não sabe que os Senadores, os Deputados e os Vereadores declarados eleitos são, na maioria, representantes de outros interesses, de outras plataformas, de outros projetos, envolvidos com outras transações, missionários de outras transformações, a serviço das castas do poder econômico e das oligarquias do poder politico.

Esta minha indignação aqui, mais uma vez, quer chamar a atenção do Brasil para as insuportáveis condições de vida no Maranhão, onde a República para a população continua sendo uma miríade e o Estado de Direito Democrático uma ofensa e uma ameaça para os opressores de longas décadas.

A morte estupida do Alysson, um jovem idealista, como muitos e, felizmente, são muitos mesmo, se atirando em crenças no futuro, rendido por assaltantes quando deixava a namorada na porta de casa, abatido por uma bala na nuca, não só revolta porque era um rapaz esperançoso e muito conhecido, revolta também porque numa cidade como São Luís, num outrora de não longe tão pacata, a violência passeia intimidando e assaltando diuturnamente e matando por nada, ou quase nada, impunemente.

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*Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA






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