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É possível não engordar em viagens internacionais?

Gabriela Roitburd

Sim, é possível. Confira oito dicas para não perder a linha mesmo longe de casa.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Atualizado em 10 de janeiro de 2014 15:43

A briga com a "balança" no universo feminino é insana, não é mesmo? Conheço poucas mulheres que não estão fazendo algum tipo de dieta para perder peso. Por experiência própria, posso dizer que seguir uma dieta quando se viaja internacionalmente, mais precisamente aos EUA, seja a trabalho ou a lazer, não é tarefa das mais fáceis.

Quem me conhece sabe que sou muito disciplinada com a minha alimentação. Não é à toa que mesmo sedentária engordei um pouco mais de oito quilos na primeira gravidez e nove na segunda - e olha que nem hidroginástica eu fiz! O meu obstetra chegou a me pedir autorização para compartilhar a minha história e os meus partos com outras gestantes para lhes mostrar um "exemplo" de que é possível se ter filhos por parto normal, mesmo sendo sedentária, e apenas tomando cuidado para que o ponteiro da balança não suba demais.

O meu sedentarismo acabou há exatos cinco anos atrás, dois anos após o nascimento do meu filho caçula e quando eu tomei a resolução de abandonar o vício do café e começar a me mexer. A caminhada evoluiu para a corrida e acabei trocando de vício, já que ao invés de cafeína eu agora sou viciada na serotonina que é liberada em função de atividades como a corrida.

Apesar do marido "bom garfo" e de alguns pequenos desvios na dieta, afinal ninguém é de ferro, na maior parte do tempo eu continuo espartana com a minha alimentação, e com a inserção da corrida na minha vida, manter o peso ficou bem mais fácil. Mas essa teoria cai totalmente por terra quando se viaja para os EUA.

Acreditei piamente que tinha encontrado a fórmula mágica para manter a linha inclusive quando viajasse, afinal poderia continuar os treinos de corrida, já que mesmo os hotéis de "meia" estrela costumam ter uma sala de ginástica com ao menos uma esteira funcionando.

Assim, de cinco anos para cá iniciei um verdadeiro laboratório toda vez que viajava para os EUA, testando escapadinhas da dieta, mas sempre mantendo a corrida. Lembro-me de que em 2009 eu passei onze dias a trabalho entre Orlando e Miami, dos quais nove eu consegui correr e praticamente vivi à base de "caesar salad". Voltei para casa certa de que estaria tudo em ordem e simplesmente não acreditei que havia ganhado dois quilos! Sim, apesar de todo o esforço eu ainda havia engordado - e não posso imaginar o que teria acontecido se eu não tivesse feito esforço algum...

Comentei o fato com uma amiga farmacêutica e ela me disse que a "caesar salad" não é tão inofensiva quanto parece, pois é normal adicionarem xarope de glicose no seu molho. Ou seja: ingeri açúcar em doses muito acima do que costumo ingerir e o resultado não poderia ter sido diferente.

Com essa informação em mente achei que estava a salvo e na viagem seguinte planejei só pedir salada sem molho, mas com azeite e vinagre balsâmico à parte. Parecia fácil, mas aí surgiu um problema grave: nem todo o restaurante nos EUA oferece esses temperos separadamente, principalmente os "fast food". Algumas vezes me trouxeram óleo de cozinha (parecia o de soja), mesmo eu tendo pedido "olive oil", ou apenas um potinho de azeite, e em raras ocasiões me trouxeram o vidro inteiro, pois somente tinham molhos industrializados prontos, é mole? Parecia que o que eu pedia era uma verdadeira heresia, afinal, onde já se viu alguém se dar o trabalho de temperar a salada com azeite e vinagre com tanta opção de molho pronto?

A solução foi comer salada sem molho durante toda essa viagem quando o restaurante não dispunha de azeite e vinagre balsâmico. O resultado foi maravilhoso, pois depois de comer salada sem molho e de conseguir manter a corrida eu finalmente não havia engordado ao voltar de uma viagem aos EUA! Só que o preço foi alto, já que salada sem pelo menos umas gotinhas de azeite é no mínimo "disgusting", na falta de uma palavra melhor em português.

A partir daí tudo ia bem, até que eu tive a primeira lesão por causa da corrida e não pude correr em uma viagem a Boston. Acho que não preciso dizer o que aconteceu: sim, engordei! Em outra ocasião fui a Los Angeles - até então eu só conhecia a costa leste dos EUA - e não contava com um fuso de nada mais nada menos do que seis horas de diferença. Fiquei toda atrapalhada e ansiosa, o que me levou a tomar vários potes de sorvete em duas semanas.

Resumindo: quando eu viajava e fazia tudo "direitinho" eu não engordava, mas quando algo saía dos trilhos, já era. Então resolvi listar abaixo algumas dicas para quem pretende viajar ou para quem já viaja normalmente, mas não sabe muito bem como voltar para casa sem alguns quilinhos a mais na bagagem:

1. Na hora da fome, tenha por perto a coisa certa para comer - na hora da fome você come até o que não gosta, então imagine se o que tiver à mão for nada mais nada menos do que algumas guloseimas bem apetitosas? Procure chegar uns dias antes da sua reunião ou passeio começar e busque pelas redondezas do seu hotel um lugar onde você possa comprar uns queijos (lá tem uns palitinhos de queijo para as crianças levarem de lanche bem práticos, embrulhados um a um), uns iogurtes naturais (os gregos são os meus favoritos, mas compre sem açúcar, os chamados "plain"), umas barrinhas (as do Dr. Atkins são ótimas, pois têm baixo teor de carboidrato e são uma delícia!) e umas castanhas (amêndoas, castanhas do Pará, nozes, avelã, etc) - mas antes certifique-se de que você tem um frigobar no quarto para armazenar as coisas que precisam de refrigeração. Se gostar, compre também umas cenouras "baby": elas são crocantes e podem ser um ótimo substituto dos salgadinhos (tudo bem que nada pode substituir um pacote de Lays Salt & Vinegar, mas use a sua imaginação). Sempre tem uma Target ou um Walmart por perto e na pior das hipóteses você consegue comprar alguma coisa nas famosas "pharmacies" como CVS ou Walgreens, onde você pode aproveitar para fazer a festa e também já comprar aqueles cremes e esmaltes maravilhosos a preços convidativos. Mantenha esses "snacks" saudáveis à mão e os consuma sempre que bater aquela fome entre um evento e outro. Sei que os brownies e os cookies dos parques de diversão e "coffee breaks" das reuniões vão lhe parecer muito mais apetitosos, mas eles são os grandes "vilões" das viagens aos EUA;

2. Muita água nessa hora - tenha sempre na bolsa uma garrafinha plástica de água e não a economize. Costumo beber muita água entre o café- da-manhã e o almoço e um pouco menos à tarde, para não ser "acordada" à noite. O incômodo é que você precisará ir algumas vezes a mais ao banheiro, mas os resultados são espetaculares, principalmente para quem tem o metabolismo preguiçoso e não quer desidratar. Às vezes é mais fácil encontrar refrigerante e suco concentrado, então fique prevenida. E não se iluda, pois essas coisas não têm o efeito hidratante da água;

3. Almoço x jantar - a refeição principal dos americanos não é o almoço, e sim o jantar, e eles farão questão de lhe levar aos melhores restaurantes. Sem contar que normalmente celebram o que quer que seja com vinho ou cerveja. A minha sugestão aqui é que você faça uma "boquinha" com aquelas castanhas, cenouras ou queijos que ficaram no seu quarto de hotel para não chegar ao restaurante com muita fome. E antes do jantar você poderá celebrar com uma bebida sem medo de fazer feio, pois já estará com o estômago "forrado". Além disso, adotando essa tática você não sentirá tanta fome durante o jantar;

4. Café-da-manhã x "breakfast" - quem não gosta daqueles buffets americanos com direito a tudo quanto é tipo de cereal, pão, bagel, muffin, cupcake, suco, fruta, mingau e iogurte, sem contar as panquecas, os waffles, os ovos, o bacon crocante, as salsichas e as linguiças? Para não cair na tentação, recomendo que você tome um pouco daquele iogurte que deixou no frigobar antes de sair do quarto, pois até você chegar à mesa do buffet o seu estômago já terá se acalmado um pouco;

5. Formiga - não sou formiga, mas quem não "precisa" de um docinho de vez em quando? O meu fraco é o sorvete, particularmente os da marca Ben & Jerry's - se você ainda não os provou, não deixe de fazê-lo na sua próxima viagem aos EUA. Não consigo entender porque eles ainda não chegaram ao Brasil! O bom é que essa marca oferece muitas opções, desde os muito doces com todas as variações possíveis de chocolate até os mais lights, tipo frozen iogurte com todas as "berries" que você tem direito. Uma sugestão para quem é formiga são as amêndoas confeitadas de chocolate diet - na última viagem eu provei e gostei muito dos pistaches confeitados;

6. Inverno - é lógico que quando você vai a um lugar como Nova York durante o frio quer tomar um daqueles chocolates quentes maravilhosos ou aquelas bebidas lindamente decoradas com chantilly, certo? Errado! Procure pedir bebidas sem adição de açúcar ou aromas (sim, aqueles aromas deliciosos de avelã e baunilha contém açúcar) e se não conseguir viver sem doce, experimente substituir o açúcar por adoçante;

7. Sai, preguiça! - sou o que os americanos chamariam de "early bird", pois adoro madrugar para correr, mesmo que tenha ido dormir muito tarde na noite anterior. Procure encaixar no seu dia algum tipo de exercício, mesmo que seja uma boa caminhada em ritmo acelerado. Outra dica importante para o caso de ir a algum lugar com um fuso muito diferente do que aquele a que está habituada: experimente começar o processo de ajuste ao novo fuso uma semana antes da viagem, diminuindo ou aumentando uma hora por dia, conforme o caso. Demorei uns três dias para começar a me adaptar naquela viagem a Los Angeles e quando estava 100% adaptada já era hora de voltar para casa;

8. Quantidade - parece coisa de francês, mas comigo funciona: procure ingerir os alimentos em menor quantidade, mas mais vezes ao dia. Se entre as refeições você consumir um pequeno "snack" saudável, muito provavelmente diminuirá a quantidade do que ingerirá durante uma refeição. Na medida em que ficamos mais "maduras" deveríamos nos habituar com menores quantidades. Você já percebeu que o nosso metabolismo vai ficando cada vez mais lento a cada dia que passa? Se você já passou dos quarenta deve entender muito bem do que estou falando...

A resposta mais simples e direta à pergunta título é "sim, é possível", mas desde que o universo conspire totalmente a seu favor, ou seja, desde que você se disponha a seguir pelo menos uma boa parte das dicas acima e não aconteçam quaisquer situações de caso fortuito ou de força maior como a impossibilidade de praticar exercícios, a falta de tempo para comprar uns "snacks" saudáveis ou um fuso horário horroroso.

O meu conselho é: programe-se ao máximo para evitar aqueles quilinhos a mais, mas se algo fugir ao seu controle, relaxe e aproveite. Se você voltar para casa um pouco "maior", tenho certeza de que terá valido à pena e que você saberá exatamente o que fazer para retornar ao mesmo peso de antes da viagem. Além disso, não é segredo que temos em nossos guarda-roupas vários tamanhos de calça, "just in case", não é mesmo?...

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* Gabriela Roitburd é advogada empresarial em SP e participante do Jurídico de Saias.

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