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Táxis x Uber, por Ruy Alberto Leme Cavalheiro

Táxis x Uber

Ruy Alberto Leme Cavalheiro

Nos anos 70 foi estabelecido prazo para que os veículos pudessem trafegar como táxis - sete anos -, o que fez com que aqueles mais antigos fossem desativados.

sábado, 10 de outubro de 2015

Atualizado em 9 de outubro de 2015 14:04

Acompanhando a saga do Uber x táxis aqui em São Paulo, voltei no tempo para procurar descobrir como se chegou a isso. Nos anos 50/60 os táxis de São Paulo eram antigos Ford ou Chevrolet, preferencialmente, antigos, resistentes, robustos e prestando esse serviço. Havia serviço de lotação feito com antigas limusines, preferencialmente Chrysler, com capacidade para nove pessoas.

Na metade dos anos 60 foi autorizada a entrada dos veículos VW, o popular Fusquinha, e que veio com a denominação de Táxi-mirim; tarifa diferenciada. À época os proprietários de fusquinhas reclamavam que os outros carros encostavam os parachoques nos deles, danificando a peça. Imagine a estrutura daqueles veículos dos anos 40/50, o dano que causavam. Entraram então os veículos da DKW Vemag e alguns Aero Willys, de todos os modelos e que já ficavam na região dos Jardins; eram táxis mais sofisticados.

Nos anos 70 foi estabelecido prazo para que os veículos pudessem trafegar como táxis - sete anos -, o que fez com que aqueles mais antigos fossem desativados. Instalou-se a supremacia dos VW e dos DKW. Poucos Aero Wyllis e quase nenhum Simca. Foi também a época em que as frotas, com exigência de ao menos 15 veículos, oficina, etc., se desenvolvessem.

A partir da metade dos anos 70 foram autorizados: os táxis categoria especial, nas cores vermelho/branco, com rádio para chamadas e modelos de melhor conforto para o usuário, além de tarifa diferenciada. Inicialmente havia dois pontos básicos: de numeração 01/250 com ponto no aeroporto de Congonhas e de numeração 251/500, com ponto na antiga rodoviária (em frente a Estação Júlio Prestes). Faziam pontos em alguns outros lugares, como ainda hoje. 

Nessa época, também, foi autorizado o que se denominou de Táxi Executivo: eram veículos de alto luxo, Ford Galaxy preferencialmente, na cor preta e que ficavam próximos aos grandes hotéis da época, também com tarifa diferenciada. Havia exigência de cadastramento desses motoristas, com aptidão e condição de bem atender a turistas. Esse tipo de táxi desapareceu sem ser notado; não era acessível para o usuário comum.

Assim, duas categorias vêm convivendo nos últimos anos e a condição de taxista, ainda que preparados para tanto, mudou para o perfil de despedidos ou aposentados que de posse de algum dinheiro disso proveniente "compravam" (transferência do cadastro feita entre particulares), a "placa". 

Agora, vejo o retorno do táxi antigamente dito Executivo. Na realidade, não encontro novidade nisso, não vejo alteração do que já existiu, além da não ser um Uber, que se assemelha a remuneração da outrora propalada e conclamada "carona solidária", mas com pagamento.

Por certo que deve se exigir pagamento de quem exerce atividade remunerada, daí a necessidade de melhor apreciação sobre o sistema Uber que não é, singelamente, "carona solidária". E urgente, pelo rumo que as coisas estão tomando, com discussão e até mesmo violência.

Pelo que me recordo, foi assim a evolução dos serviços de táxi desde que passei a acompanhar a questão, como passageiro desde os anos 50, passando pela lotação com ponto em frente ao Palacete Santa Helena, demolido, na Praça da Sé, para voltar para casa no Cambuci.

Disso ficaram as lembranças, principalmente do que era chamado o melhor "ponto" de táxi de São Paulo: na rua Xavier de Toledo, ao lado do falecido Mappin, onde pontificou o "Guarda Luizinho" (que é outra história).

Vamos ver aonde chegamos agora; mas novidade, não estou enxergando.

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*Ruy Alberto Leme Cavalheiro é desembargador do TJ/SP da 3ª Câmara de Direito Criminal e 1ª. Reservada do Meio Ambiente.






 

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