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Gregos e troianos

É sabido que não se pode contentar a todos, tampouco desagradar, mas o presidente Lula conseguiu o impossível. Com sua decisão impensada de homologar a reserva indígena Raposa do Sol, em Roraima; mais que a gregos e troianos, descontentou até quem não estava diretamente envolvido na questão, como o restante da população do Estado.

terça-feira, 3 de maio de 2005

Atualizado em 28 de abril de 2005 08:05

Gregos e troianos


Luiz Leitão*

É sabido que não se pode contentar a todos, tampouco desagradar, mas o presidente Lula conseguiu o impossível. Com sua decisão impensada de homologar a reserva indígena Raposa do Sol, em Roraima; mais que a gregos e troianos, descontentou até quem não estava diretamente envolvido na questão, como o restante da população do Estado. Em Boa Vista, 15 mil pessoas protestaram.

A decisão de Luiz Inácio feriu interesses da população de Paracaima, - município que deverá ser extinto para dar lugar aos índios - e dos próprios índios, que divergem sobre a forma como a homologação foi feita. Pessoas não-índias serão despejadas de suas casas e agricultores perderão suas terras; um total de 15.000 índios de variadas etnias e interesses receberão uma gigantesca área de 1,7 milhão de hectares.

O governador de Roraima, Ottomar Pinto, afirma que Lula teria dito que recebia pressões estrangeiras para fazer a homologação. Lula, quem diria, subserviente a interesses estrangeiros; e a nossa soberania, como fica?

Armou o circo, e, enquanto Roraima pega fogo, manda um Boeing da Força Aérea Brasileira buscar o ditador equatoriano Lucio Gutiérrez e família, sobre o qual pesam várias acusações, como ter recebido uma doação de um traficante de drogas chamado Cezar Fernandez, além de alegações de que as FARC - Forças Armadas Revolucionárias de Colombia (olha as FARC aí de novo) teriam contribuído com recursos para sua campanha.

Gutiérrez e família serão sustentados pelo governo, perdão, pela sociedade; e quanto a uma futura extradição compromissada com o Equador, o STF jamais a concederia, como não o fez em relação ao ex-presidente paraguaio, general Lino Oviedo.

Por que o Brasil concedeu o asilo tão apressadamente, e não qualquer outro país latino americano? Porque Lula precisa de publicidade, não consegue se livrar da obsessão por um assento no Conselho de Segurança da ONU.

Voltando a Roraima, é patética a imagem de quatro policiais federais, sempre tão bem armados, dominados por índios munidos de arco e flecha. E a Polícia Federal vai mandar um "reforço" de 73 homens, para enfrentar um exército de 1.200 índios, além da população revoltada de algumas cidades.

O
ministro da justiça, Thomaz Bastos, diz que se for necessário, irá a Roraima. Pois já deveria estar lá trás anteontem, pela gravidade da situação, cujo controle o governo perdeu e faz de conta que domina.

Os caciques pedem - leia-se ordenam - à Polícia Federal e ao Exército que se retirem, para evitar conflitos mais graves, e agentes e soldados obedecem e desmontam suas barracas sob as vistas dos índios. As últimas notícias dão conta de que o governo pretende enviar mil soldados do Exército para o local, uma inutilidade, pois não será isto que irá convencer os índios. Se houver mortes em Roraima, Lula será o responsável único e direto.

Lula comete uma barbeiragem na condução das questões indígenas, e sequer "tira o traseiro da cadeira", comodista que é, para ir a Roraima dialogar com as várias partes que exigem sua presença.

Numa estupenda demonstração de indiferença com os destinos do país, Luiz Inácio da Silva raramente governa de fato, e quando o faz, comete erros medonhos. Seu despreparo é cada vez mais patente; despreza a classe média, fala impropriedades o tempo todo e só faz aparecer nas capas dos jornais posando para fotos junto a personalidades, ou travestido de "rei" africano. No quesito exibicionismo, uma espécie de Fernando Collor ainda mais excêntrico, pois enquanto este era também um grande freguês da mídia, aparecendo sempre praticando esportes radicais, Lula, com sua deselegante silhueta, projeta apenas a imagem, verdadeira, de um bon vivant, algo que hoje não causa mais furor, mas sim estupor.

Fac- símile de um rei decadente, que não soube o que fazer com seu poder e o está perdendo; triste figura, análoga à de tantos ditadores e tiranetes africanos e sul americanos que tanto reverencia.

Cada vez mais desorientado e ainda com cerca de 18 meses pela frente para demonstrar sua crescente alienação e incompetência, não estarão sendo meros especuladores aqueles que acreditarem e disserem que Luiz Inácio é carta fora do baralho em 2006.

Afinal, como disse Abraham Lincoln, "Pode-se enganar a alguns durante todo o tempo; pode-se enganar a todos durante algum tempo; mas não se pode enganar a todos durante todo o tempo".
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* Administrador e articulista





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