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Enfeiou

O governo comemorou o baixo quórum da passeata na Esplanada dos Ministérios achando que a força do povo tinha dimunuido. Ledo engano. As coisas ainda estão feias. Não bastasse a onda de greves, os caminhoneiros resolveram paralisar as estradas também.

sábado, 13 de julho de 2013

Atualizado em 4 de julho de 2013 10:01

Houve quem no governo comemorasse o baixo quórum daquela passeata na Esplanada dos Ministérios em Brasília não achando que o movimento popular contra o Estado totalitário ineficaz e incompetente em que está se reduzindo o Brasil já está se esvaziando nacionalmente.

Ledo engano. Aquele movimento na semana passada foi coordenado por uma organização não governamental conhecida como UNE e, sabendo disso, as pessoas fora de esquemas que engrossam as manifestações pelas razões de sua própria cidadania não quiseram dar linha nem cerol à passeata chapa-branca.

O que se sabe mesmo é que as coisas começam a ficar feias para o atual governo que tenta, de todas as maneiras, desviar o foco do movimento popular envolvendo os políticos, sempre eles, os mesmos de sempre, com esse anúncio de um plebiscito para a reforma política.

Até o Britinho, que antes de ser ministro do STF era petista de carteirinha, já alertou que esse negócio de plebiscito para a reforma política é um cheque em branco da população para os políticos, ou seja, para a maioria governista. E ele tem toda razão.

Até aquelas duas cumbucas que enfeitam o prédio do Congresso, uma aberta pra cima e a outra emborcada sabem que ali não passa nenhuma reforma eleitoral que prejudique a reeleição dos que já estão lá. Lembram que em política não há suicida. Só o Getúlio que deixou a vida, mas assim mesmo para entrar na história.

Ah por que a coisa está ficando mais feia? Ou - por que o bicho vai deixar correr para depois pegar novamente e aí então comer? (No capítulo do velho dilema - se correr o bicho pega, se ficar o bicho come...)

Explico. Vem uma onda de greves aí e - como se tudo que há não bastasse - na sequência ainda estão em cena os caminhoneiros paralisando as estradas que ainda restam na precária infraestrutura do país. E sabe você o que isso significa? Desabastecimento. Esperem.

Hora de lembrar a advertência do vez por outra esquecido Abraham Lincoln:

- Pode-se enganar todo um povo por algum tempo; pode-se enganar uma parte do povo por algum tempo. Mas não se pode enganar todo o povo o tempo todo.

O povo brasileiro, e em especial o povo do Maranhão, já está nas últimas. Ou melhor, nessa última hipótese.

Abuso de Poder

Não bastassem os desmantelos com as verbas da saúde pública, os últimos dos quais denunciados em duas páginas da Carta Capital desta semana, despontam agora na imprensa nacional novas estripulias da curul governamental, agora no quesito do abuso de poder para a cooptação de cabos eleitorais qualificados tendo em vista as próximas eleições.

Sob o disfarce de um Conselho destinado à formulação de políticas estratégicas para a administração, o mandonismo estadual instituiu um mensalinho de R$ 5.800 a cada militante político que se comprometa a apoiar os candidatos governistas nas próximas eleições.

Jackson Lago recebeu mais de 1 mi e 500 mil votos, sendo eleito governador do Estado por maioria absoluta. Quando foi candidato não exercia nenhuma função pública. Nenhum ilícito restou provado contra sua pessoa.

Mas porque o Jackson, que nem era ainda candidato, compareceu e discursou no aniversário de Codó, quando o José Reinaldo assinou convênio com a prefeitura, o TSE lhe cassou o diploma, mandando entregar o governo imediatamente à segunda colocada nas urnas.

Agora assistimos a todo tipo de abuso de poder político com reflexos negativos à lisura das próximas eleições e o TSE nem mesmo dá andamento ao processo no qual restaram provados os abusos e ilícitos em favor da atual ocupante da curul estadual nas eleições de 2010.

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* Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA.

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