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Pela defesa intransigente do acusado

Hoje, completo trinta e três anos de vida, e exorto a Deus, que pelo livre exercício da advocacia, eu possa corroborar com a administração da justiça.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Atualizado em 2 de maio de 2018 16:35

Jesus Cristo foi o mais árduo ativista dos Direitos Humanos. Executado pelo Estado, na condição de arruaceiro. Muitas mortes, em igualdade de condições, ocorreram desde que o Cristo fora supliciado na cruz.

Hoje, aos trinta e três anos de idade, podendo exercer o nobre oficio da advocacia, lembro-me como nunca, do Mestre, Jesus Cristo.

Assim, em que pese à mensagem de amor e de perdão do Cristo, inúmeras pessoas se valem do cristianismo para atacar seus semelhantes. Tal qual nos tempos inquisitoriais, perverte-se a mensagem de amor para exercer a vil e odiosa imputação de heresia as minorias.

No entanto, o exercício da advocacia, nos incita a mensagem do Cristo, haja vista, ser o advogado indispensável à administração da justiça, devendo levantar-se contra a tirania daqueles que pretendem valer-se das leis e do Estado para atacar seus inimigos ideológicos.

Nossa sociedade contemporânea, com a inclusão da mulher no mercado de trabalho, protagonizou no século XX, o advento da democracia, eis que todas as pessoas, sem distinção de gênero, passaram a ter poder de voto, e, portanto, voz na sociedade.

Não obstante, o advento das novas tecnologias, que extinguiram as distâncias através do telefone, da televisão e da internet, remodelaram as relações sociais, e a sociedade, heterogênea e complexa, clama pela mensagem de amor e de fraternidade do Cristo.

Assim, o advogado deve abraçar a causa da justiça e por ela dar a vida, se necessário for. Pois, se existem desgraças e violências odiosas no mundo, existem também aqueles que não se calam diante da vilania odiosa e gratuita, perpetrada por aqueles que não reconhecem o valor da educação, da justiça, da paz, do respeito, da igualdade e da fraternidade.

O advogado precisa ter a sensibilidade do Cristo, para que, em um simples exercício de alteridade, sinta a dor do próximo, como se sua fosse, e lute pela vida e pela liberdade do próximo, como se fosse a sua integridade física e direito de locomoção que estivessem ameaçados.

Portanto, aos trinta e três anos de idade, podendo exercer o nobre oficio da advocacia, recordo-me, como nunca antes havia rememorado, acerca do Mestre, Jesus Cristo.

Lembro-me do Mestre, e meus olhos se tornam enevoados de pranto. O Benemérito Governador da Terra, defensor dos desafortunados, nunca condenou os afortunados, e, sim, abençoou-lhes as obras úteis. Quando os transeuntes se colocaram a favor da pena de morte, propondo-se a executar a pena capital na mulher supostamente transviada, o Mestre, exortado conquanto a execução sumária da pena, a pedradas, disse-lhes: Quem não tem pecado, que atire a primeira pedra.

Sobretudo, no dia da cruz, o divino Mestre, imaculado, rompeu com a pedagogia punitivista do velho testamento, eis que, no odioso instrumento de execução, não exortou o cumprimento da lei judaica, olho por olho, dente por dente. Mas, a sua maneira, deixou-nos o legado de amor e de perdão, quando, a beira do decesso, pronunciou: Pai; perdoa-os. Eles não sabem o que fazem.

Hoje, completo trinta e três anos de vida, e exorto a Deus, que pelo livre exercício da advocacia, eu possa corroborar com a administração da justiça. Amparando os menos favorecidos e possibilitando-lhes o contraditório. Defendo-lhes as causas justas e denunciando as violações aos direitos humanos. Mesmo que isto custe a minha liberdade, ou a minha vida.

Que assim seja!

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*Nelson Olivo Capeleti Junior é advogado.

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