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Inovação nos serviços jurídicos - as várias faces (parte 1)

O principal fator na inovação em escritórios é a vontade dos sócios gestores em mudar, ou seja, alterar o "mindset", se incomodar com o "status-quo", pois o resto vem naturalmente: mudar o organograma, diminuindo os graus hierárquicos.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Atualizado em 13 de setembro de 2019 09:21

Acabo de chegar da ILTACON 2019, conferência internacional de tecnologia aplicada ao direito e, para minha surpresa, várias das sessões foram dedicadas à inovação nos serviços jurídicos, mas não exatamente focadas na tecnologia e sim no comportamento humano. Muito interessante!

Como tenho discutido, ultimamente somos bombardeados com notícias sobre os avanços espetaculares que a tecnologia tem atingido em todos os campos (carros autônomos, cirurgias robóticas, robô "Asimo" da Honda, Boston Dynamics, etc.) e há uma tendência natural de todos nós em vincularmos a  inovação à tecnologia, mas não é só isso e nem é tão simples assim.

Obviamente não dá para falar de inovação ignorando a tecnologia, mas novamente existem exemplos onde a inovação não depende dela. Vejam o que fez a empresa aérea KLM para resolver o problema de pequenos objetos esquecidos por passageiros em suas aeronaves quando chegam à Schiphol em Amsterdam. A solução foi um Beagle e não um robô!  Vejam utilizando o link ou o QR code abaixo: Clique aqui.

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Como diz Josh Linkner em seus livros, "Innovation is a way of life" e não apenas um projeto isolado. Você e sua empresa precisam viver e respirar inovação em 100% do tempo!

O processo de inovação pode acontecer como uma "faísca" ou uma ideia maravilhosa que, de repente, pode criar um modelo disruptivo, mas na maioria das vezes é um processo que exige incentivo, organização, disciplina, foco e muita persistência. E são exatamente nestes quesitos que nós brasileiros não somos tão bons.

Novamente citando Josh, as inovações aparecem com o que ele chama de "big little ideas" ou seja, a soma de pequenas atitudes, tais como:  mini ou micro inovações, inovações diárias e todos podem inovar, basta não cercear, não ter ideias pré-concebidas e estar disposto a tentar.

Trazendo a discussão para os serviços jurídicos, precisamos fazer algumas considerações:

A primeira delas é tomar muito cuidado quando "importamos" as ideias e soluções adotadas em países mais desenvolvidos, especificamente dos EUA, dos quais importamos o modelo  estrutural dos escritórios de advocacia corporativos existentes por lá.

Alguns conceitos são comuns, ou seja, frases como "pensar fora da caixa", "fazer o inesperado", "surpreender o cliente", mas as diferenças começam aparecer quando pensamos nas formas de promover e implementar tais atitudes.

Por vários motivos (dimensões dos escritórios, capacidade de investimento,  tempo de existência, maturidade e tamanho do mercado, concorrência, normatização interna e externa e finalmente a cultura anglo-saxônica que  é muito diferente da nossa latina), a organização dos escritórios americanos está num estágio muito mais  estruturado do que os nossos tupiniquins e precisamos estar bastante atentos sobre nossa realidade.

Lá a palavra inovação está muito atrelada à quebra de rigidez e à promoção da integração de equipes e setores de modo a trazer à tona novas ideias. Aqui, somos muito mais flexíveis, adaptáveis e gregários, porém esbarramos nos aspectos disciplinares, organizacionais, conflitos de egos e uma relativa situação de "zona de conforto" financeira.

O principal fator na inovação em escritórios é a vontade dos sócios gestores em mudar, ou seja, alterar o "mindset", se incomodar com o "status-quo", pois o resto vem naturalmente: mudar o organograma, diminuindo os graus hierárquicos; criar grupos multidisciplinares com participação das  novas gerações; promover encontros para escutar sugestões e necessidades de clientes; fazer visita aos clientes com objetivo de conhecer seu negócio; oferecer ao cliente facilidades tecnológicas eficientes (para ele); sugerir(sem que o cliente tenha solicitado) opções de cobrança de honorários. As ideias não têm limite. A nossa acomodação é que as cerceiam. Faça diferente! 

Continua....

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*José Paulo Graciotti é consultor e sócio da GRACIOTTI Assessoria Empresarial, e membro da ILTA - International Legal Technology Association e da ALA - Association of Legal Administrators.

GRACIOTTI ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA.

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