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A saída de Sergio Moro e a manipulação do governo. Pode ser o fim do país?

Daniel Toledo

Boa parte colocou muita expectativa em cima do governo Bolsonaro, e principalmente, da figura emblemática do juiz Sérgio Moro e, depois de um certo tempo, tudo começou a conspirar ali dentro.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Atualizado às 10:09

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Estamos vivendo um momento que demanda muita reflexão e que é preciso ponderar tudo o que está acontecendo nos cenários políticos e econômicos atuais. A ideia deste artigo é provocar uma reflexão, e não necessariamente assumir um determinado lado, até porque ainda há muito o que acontecer e precisamos estar com o pé no chão, e não viver de expectativas, como o brasileiro vive, principalmente um determinado grupo, que vive por um fanatismo, causando um verdadeiro atraso ao país.

E parte desse comportamento começou a se formar já na época das eleições. Entretanto, acredito sim que o presidente Jair Bolsonaro veio para fazer a mudança que a nação precisa, mesmo que forçando as coisas um pouco. O Brasil é um país dos direitos e não das obrigações, algo que todo o brasileiro deve ter. Por esses motivos, talvez todas as ações do governo sejam encaradas como uma forma de radicalismo, mas sem rigidez, nada vai acontecer, até mesmo as mudanças que essa população tanto necessita. E, ainda, soma-se isso o eterno jogo de quem é contra e a favor no congresso, impedindo que projetos e ações sociais sejam aprovadas. Temos então a "troca de moedas" senão, nada acontece. E quando alguém tenta quebrar esse ciclo, cria-se uma antipatia muito grande.

Quero deixar claro que o pais não precisa de um regime militar, algo que não sou a favor, mas sim, caberia dizer uma "batuta" um pouquinho mais puxada, para equilibrar as reformas que precisam ser feitas, acabar com a corrupção, ajustar o que precisa ser feito e, principalmente, olhar para as empresas que estão fechando, e que irão gerar um alto índice de emprego.

O fanatismo e a bipolaridade que tomam conta do país, desde a disputa presidencial, são motivos de brigas e rótulos, e não como sendo algo que deva ser discutido em uma roda de amigos. Pelo contrário, pessoas não se falam mais e familiares se afastam, por conta de um posicionamento político, sendo que nem Bolsonaro, Dilma, Ciro e Amoedo, sabem da existência desses, ou seja, muita incoerência. Por isso, acredito que qualquer idolatria nesse sentido reflete a falta de um autoquestionamento ou até mesmo a ausência da capacidade de questionar certos fatos e analisar a realidade.

Boa parte colocou muita expectativa em cima do governo Bolsonaro, e principalmente, da figura emblemática do juiz Sérgio Moro e, depois de um certo tempo, tudo começou a conspirar ali dentro. Tivemos a Joice, o pessoal da Kim, e os demais que foram se afastando, brigando, dividindo poder e opinião.

Em relação ao Moro, tenho uma certa preocupação, porque ele teve uma atitude antiética quando decidiu publicar conversas entre ele e a deputada, ao qual foi padrinho de casamento, e dele com o presidente da república.

A deputada Carla Zambelli, que foi exposta em um dos prints, fez uma live mostrando toda a conversa que teve com o ex-ministro, em que tudo foi abordado de outra forma.

Posso me colocar nesse lugar, pois já aconteceu comigo. Uma pessoa já teve uma conversa comigo sobre determinado assunto, tirou um print de algo simples e criou uma nova narrativa baseada em duas frases. Por conta da experiência, me questionei algumas coisas. Por que Sérgio Moro fez isso? Por que ele apresentou para a Globo? E por que apenas trechos dessas conversas?

Um ministro não está acima de um presidente, porém existem algumas determinações constitucionais que estabelecem certos assuntos relacionados a poderes. Acredito que referente a essa questão ocorreram algumas confusões relacionadas às delimitações desses poderes.

Eu cresci ouvindo o meu pai dizendo quem pode mais, pode menos, dentro de uma empresa. Se você é o dono, e contrata um faxineiro, pode demiti-lo a qualquer momento e inclusive pode também fazer o trabalho dele, senão, temos apenas a figura de um chefe e não um líder. Todas as pessoas que trabalham comigo, sabem que a minha posição sempre foi essa. Da mesma forma que eu sei gerenciar, tenho que saber como resolver os problemas do dia a dia que aquele colaborador solucionava.  E fiz isso várias vezes.  Além de administrar e saber lidar com os vários tipos de personalidades, diferenças e talentos.

E esse é o caso do presidente da república. Ele não precisa entender de saúde, economia ou justiça. É preciso saber contemporizar pessoas com honestidade e rigor.

Quando o ministro Moro saiu e publicou as mensagens, ele cometeu alguns crimes, e por isso a PGR pediu autorização para investigar o que houve, principalmente em relação a fala do ministro. A partir do momento que ele decidiu expor essas conversa, cometeu crimes, assim como ele acusou o presidente de cometer crimes também.  Muitos criticaram a PGR, mas estão certos, até porque se o procurador geral não tivesse tal atitude, ele mesmo estaria incorrendo em um crime.  Tudo precisa, e deve, ser apurado.

Depois, houve a suspenção da posse do Alexandre Ramagem, um delegado de carreira, para assumir a diretoria geral da Polícia Federal, feita através do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que na minha opinião, não tinha bagagem para assumir o cargo que ocupa.  Sim, havia muita interferência na Polícia Federal, e até mesmo era preciso trocar.

Com relação ao presidente Bolsonaro, não acredito que vá ocorrer outro impeachment, porque quem está como relator, com o pedido de investigação, da PGR é o ministro Melo, que sai no final do ano. Soma-se a isso ao período da pandemia. Digamos que ele volte em julho, terá somente quatro meses para definir essa situação e o próximo ministro, inclusive indicado pelo Bolsonaro, quem irá decidir então existe uma grande chance de isso não ocorrer, por mais que o Sérgio Moro seja culpado ou até mesmo que o próprio presidente seja culpado.

Os pedidos, já protocolados, estão na mão de Rodrigo Maia, que está em uma situação delicadíssima, pior que a do presidente. Mesmo que ele aceite o pedido de impeachment, vai para votação, mas Bolsonaro tem a maior no congresso, então isso não vai acontecer. Por isso, o pedido de destituição não ocorrerá tão facilmente. Se isso acontecer, teremos um general na presidência e aí sim existe uma probabilidade de os militares assumirem, mesmo que o Mourão, como gestor, tenha muito mais pulso.

A oposição, percebendo o enfraquecimento da estrutura governamental, vai fazer o possível para tirar o presidente do poder. Não sei se o Brasil aguentaria um 2º impeachment consecutivo, se há fôlego financeiro ou emocional para passar por essa situação. Mas tenho certeza de que os empresários já estão sentindo esses efeitos na pele, acredito que vá haver uma grande evasão de empresas no Brasil, em especial as multinacionais e, consequentemente, uma taxa maior de desemprego e salários mais baixos, refletindo diretamente na economia.

Não acreditem em notícias de internet, esqueçam as fake News. Isso me lembra a história do Adelio Bispo e os perfis falsos, mas há muito mais por trás disto. E a Joice está indo pelo mesmo caminho, deixando um rastro de post e publicações falsas. E uma sujeira sem fim, que não só trai o Bolsonaro, como a nação toda, porque está manipulando informação.

O Brasil não precisa de pessoas bitoladas e fanáticos. O país precisa de pessoas que pensam, e que podem tomar suas próprias decisões.

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*Daniel Toledo é advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em direito internacional, consultor de negócios internacionais e palestrante.

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