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Os altos custos humanos dos segredos manipulados por governos com ajuda de cientistas

Não haverá, no Brasil, pelo menos, resultados que nos lancem para o merecimento, enquanto tudo for judicializado, a corrupção for eliminada, e não simplesmente combatida, e os meios de comunicação não se conduzirem por normas e por condutas mais éticas!

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Atualizado às 08:28

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Quem se detém, sem intenção de - dar, dando e receber, recebendo - sobre o que ocorrem, recentemente, e continua, com a manipulação (em segredo) da COVID-19 e, seguindo, com a cortina de ferro, para lança uma hipotética vacina para curá-la, deveria se deter sobre o significado da palavra.

E assim fizemos, mas compartindo reflexões, primeiramente, da palavra segredo.

1.    Segredo, na sua história.

1.1.       Substantivo, leva ao adjetivo secreto. O grande Dante Alighieri utilizou, em 1321, o adjetivo secreto, vertendo-o como "aportado", "escondido", até que, no mesmo século (o escritor Novellino), conduziu-o a significar "o culto, sigilado, que não deve ser divulgado". E o mesmo Dante assim utilizou para a elaboração de sua eterna trilogia, A Divina Comédia, como em seus escritos (prosa e sonetos), levam o adjetivo a ser, um substantivo, para representar á parte recôndita, a intimidade" (1304-1308).

Daí, evoluindo, o adjetivo e substantivo, aparecem "agente secreto", "fundos secretos", "souber um segredo", "segredo de Estado", "violar um segredo", até o pífio "voto secreto" e outros mais1.

1.2.       Percorrendo esse fascinante caminho, na língua inglesa, Secret tem origem no século XIV, montando a linha do significado da língua de Pretarca, ou "tirar ou sair do conhecimento, observação ou vigilância". Idem, enquanto substantivo, evoluindo surgiram palavras cognatas, com diferentes fonéticas e matizes, que conduziram, na mesma língua, a enxergá-la: "crime", "crise", "crítico", "discernir", "discriminar" e - até - "privacidade"2.

1.3.       O respeitado Dicionário Unesp do Português Contemporâneo (2006), sem dispensar os usos e significados da palavra "segredo", nenhum dos usos correntes, é muito mais amplo do que 'secreto' (adjetivo). Há, no substantivo, uma convergência, enquanto as figuras, frases feitas, por dependência ou vinculação semântica. E, lembro, que a língua de Camões provém do latim, logo, há uma intersecção firmal e conceitual com as línguas italiana e, também, com a inglesa, cum grano salis.

Como substantivo, aparecem nova significados, merecendo "segredo de Estado" (até seu conhecido "segredo de polichinelo")3.

II - Em concreto, qual a obrigação dos cientistas em manter segredo do que perguntar?

2.  Estão envolvidos neste espinhoso tema, após o que ocorre com a COVID-19, nas discrepantes notícias, que alguns até cheiram todos os odores do Inferno de Dante, pois são repugnantes neste anos de tantas organizações mundiais que fingem se interessar pela paz, pela união dos países, pela proteção do meio ambiente, pela igualdade e assim por diante.

2.1.       No início deste ano, com muita reserva, apenas alguns órgãos publicaram as fortes e veementes palavras de Ai Weiwei (foram artistas e ativistas chineses): "Sem liberdade de expressão não existe mundo moderno, apenas um bárbaro mundo".

E, também, apenas no underground, porque não há mais liberdade de comunicação independente neste país, as redes sociais livres ou alguns ativistas políticos conscientes, deram a conhecer e alguns outros no mundo4. E, delas, a meu conhecimento, o que aconteceu com o professor de direto da Universidade Tsinghua, Xu Zhangrun. Ele, já em janeiro deste ano, antesw da eclosão da pandemia, foi calcado em "prisão domiciliar" e sem direito de se comunicar com o exterior (internet et allia), porque criticou como a China, seu país e seus governantes, cuidaram de enfrentar a crise já existente da saúde pública.

H. Holden Thorp escreveu e reproduzo: "seu ensaio clamava por um órgão independente para investigar a origem do coronavírus, que não poderia ser matéria de controvérsia e muito menos de sua prisão".

2.2. Sabemos que a OMS, como seu presidente falante e contraditório e de passado discutível, ao lamentar a retirada dos Estados Unidos de contribuinte de metade do orçamento, ou quase, não se empenhou com o mesmo vigor, em exigir que a República da China, abrisse seus dados e permitisse investigação das causas do surgimento da COVID-19 e muito menos quanto descoberta.

Mais ainda: sem cumprir seu dever, porque não tem independência, nem uma "comunidade científica", cotado cá e acolá, conciliasse esse propósito a que a OMS se propõe!

2.3. Somente os ingênuos se batem, como sucede com as fake News, que tudo se resolverá com uma das cinquenta vacinas em pesquisa para curar a COVID-19.

Cabe, nesta linha, uma charada e um haicai: em japonês, uma brincadeira harmônica: "houve aquele tempo/E, agora, que a chuva chora/ouve aquele tempo" (Guilherme de Almeida).

E, agora, nesta época, seguramente, nós não aprenderemos a cuidar da pandemia, sem aprender de experiencias passadas?

E, nunca, se esquecerão as crises financeiras e Chernobyl, Fukushima, SARS?

E quem se lembra das populações mais pobres?

Não mesmo! Porque os cientistas que trabalham nas pesquisas, sobretudo em regimes repressivos, são tão submissos quanto os que se dedicaram à confecção da bomba atômica! E eles contaram o que se passou no deserto, no laboratório reclusão e no "engano" a que se destinasse seu labor!

III - Conclusão

3.  Não haverá prevenção de novas pandemias sem colaboração interminável.

4.  Não haverá prevenção desta acabar, se continuar essa corrida ridícula para enganar como se uma ciência fosse panaceia.

5.  Não haverá resultado positivo, se terminada a pandemia, inexistirem medidas comunitárias, para que a economia se levante e não se abandonem os que foram mais atingidos pelos efeitos.

6.  Não haverá, no Brasil, pelo menos, resultados que nos lancem para o merecimento, enquanto tudo for judicializado, a corrupção for eliminada, e não simplesmente combatida, e os meios de comunicação não se conduzirem por normas e por condutas mais éticas! E, com Gramsci, precisamos assumir o poder por meio de uma hegemonia cultural, sobretudo porque o poder se ganha pelas ideias. Mas o poder não pode passar aos que não tenham a função de governar!

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1 Verbete "regrét", in: Deli Dicionario Etimologico da Língua Italiana. Roma: Zanichelli, 2008, p. 1496.

2 Verbetes "secrecy" e "secret", in: The Oxford Dictionary of English Etimology. Oxford: Oxforrd Press, 1982.

3 Verbetes "secreto" e "segredo", in: Dicionário UNESP. São Paulo: Editora Unesp, 2004, p. 1262-5.

4 H. Holden Thorp, Science, vol. 367, nº 6481, 28 de fevereiro de 2020, 959.

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t*Jayme Vita Roso é advogado.

 

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