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Por que é necessário levar a tecnologia para além da assinatura eletrônica

Ouvir as necessidades e criar em cima delas é uma estratégia antiga mas ainda muito válida e que pode abrir novos caminhos para o setor.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Atualizado às 12:05

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

É interessante ver o movimento proporcionado pela pandemia do Covid-19 no setor das assinaturas digitais. A impossibilidade de encontros pessoais acelerou o uso desta ferramenta em diversos setores empresariais. Porém, quem se deslumbrou com a facilidade de assinar digitalmente nove meses atrás, agora começam a perceber os limites dessa tecnologia e passa a buscar por mais opções.

De fato, a assinatura digital acelerou muito a celebração de contratos e o fechamento de negócios. Porém, essa tecnologia é incapaz de resolver outros problemas latentes, como erros na elaboração de contratos, lentidão durante a aprovação desses documentos e a gestão manual de prazos e obrigações.

O movimento que surge agora traz a demanda por tecnologias capazes de automatizar fluxos inteiros de trabalho, coordenando a criação, revisão, aprovação, assinatura e gestão de documentos em uma só ferramenta.

Segundo o Instituto Nacional da Tecnologia da Informação (ITI), em junho deste ano observou-se um crescimento de 25,1% no número de certificados digitais emitidos, em comparação com o mesmo período de 2019.

Nesse mesmo sentido, um estudo do Instituto FSB Pesquisa mostrou que 54% das indústrias consultadas que aderiram a pelo menos três ferramentas online tiveram o mesmo ou ficaram acima do lucro no período anterior à crise ocasionada pelo Sars-Cov-2. Já as empresas que não apostaram na tecnologia para superar este momento ficaram sete pontos percentuais abaixo na comparação.

A popularização do sistema de assinatura digital proporciona uma avaliação de que o mercado está amadurecendo rapidamente e disposto a trabalhar com este tipo de ferramenta.

O aumento na demanda proporcionou um ambiente favorável para o surgimento de novas soluções, aumentando consideravelmente a competitividade no setor. Como a maioria das ferramentas é muito semelhante entre si, o mercado está vivenciando uma rápida queda nos preços.

Porém, a competição tem limite e as empresas que quiserem manter vantagens competitivas no médio e longo prazo precisam entender que a assinatura digital é apenas a ponta de um processo de reformulação digital. Nesse procedimento criativo, é essencial que as empresas ouçam as demandas de seus consumidores e estejam dispostas a se reinventar constantemente.

Ao mesmo tempo, não se pode cair na armadilha de que o desenvolvimento de mais e mais ferramentas é sempre a solução ideal para atender ao mercado. Em um setor ainda em transição, é muito importante capturar a grande parcela de indivíduos que ainda não têm afinidade com tecnologia e que possuem muita resistência para adotar ferramentas complexas. Por isso, é sempre necessário sopesar os custos e benefícios que a adição ou remoção de uma nova funcionalidade terá para o consumidor final.

Apesar de parecer uma recomendação óbvia, essa é uma escolha muito difícil que os líderes de legaltechs fazem todos os dias, sem exceção. Pois as decisões perpassam posturas institucionais que precisam sempre ser reforçadas, de forma que todas as áreas da empresa (vendas, marketing, design de produto, desenvolvimento) trabalhem sempre na mesma direção.

O mercado precisa acompanhar as necessidades de seus consumidores, que já se acostumaram a assinar documentos digitais e se mostram cada vez mais dispostos a conhecer mais facilidades que a tecnologia pode proporcionar.

Em muitas empresas o home office será instituído se não de forma total, pelo menos parcial nos próximos meses. Com isto, gerentes e funcionários continuam a busca de facilitadores para o dia a dia profissional e este pode ser o ponto de virada para muitos fornecedores. Ouvir as necessidades e criar em cima delas é uma estratégia antiga mas ainda muito válida e que pode abrir novos caminhos para o setor.

Fabrício Ramos

Fabrício Ramos

Formado em direito pela FGV-SP, atua na parte comercial da Lexio.

Rafael Docampo

Rafael Docampo

Advogado pela Faculdade de Direito da USP e responsável por coordenar a equipe de desenvolvimento da Lexio.

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