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Tradição versus massificação

Patrícia Luciane de Carvalho* Como apreciadora das manifestações culturais participei da programação do FLAP 2008. Esta quarta versão envolveu ainda mais os participantes por ter mais de vinte profissionais latino-americanos entre diretores, dramaturgos, atores e editores; e, por primar pela conexão cultural.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Atualizado às 09:36


Tradição versus massificação

Patrícia Luciane de Carvalho*

Como apreciadora das manifestações culturais participei da programação do FLAP 2008. Esta quarta versão envolveu ainda mais os participantes por ter mais de vinte profissionais latino-americanos entre diretores, dramaturgos, atores e editores; e, por primar pela conexão cultural. Sobre este aspecto chamou atenção a discussão que se fez no domingo de garoa de São Paulo sobre tradição e massificação, destacando-se a influência da televisão.

Tradição corresponde a uma prática da sociedade dentro de um lapso temporal razoável e admitida facilmente pelos cidadãos, sem que exista a necessidade de reflexão ou contestações reiteradas. É fruto da identificação do meio social com a respectiva prática. É transferida de pessoa a pessoa. É claro que em virtude da relevância algumas das vezes é reproduzida em massa, como por exemplo, por meio da televisão.

Massificação, por sua vez, equivale a uma prática apresentada ao meio social, o qual o incorpora como normal e passa, portanto, a reproduzi-lo e muitas vezes exigi-lo dos pares sociais. A transferência não se faz pelo critério pessoal, familiar ou social (local ou regional), mas sim pelo ato de apresentação, o qual é muito bem representado pela televisão.

O meio de comunicação televisivo deve ser apreciado e aplaudido, contudo, merece uma reflexão acerca da abertura que oferece as tradições literárias, teatrais e textuais de âmbito nacional; e sobre os interesses que busca alcançar, se mais econômicos ou tradicionais. Eis que se vivencia a massificação, como imposição de uma inexistente tradição, em decorrência de influências e interesses econômicos.

Por certo a responsabilidade não cabe em absoluto à iniciativa privada, mas com ênfase ao Estado, já que este possui a responsabilidade constitucional de promover e incentivar a cultura, a qual é a nossa tradição ou os nossos costumes, ainda que locais e regionais.

Cabe ao Estado financiar mais espetáculos, teatros e filmes, do que a mídia televisiva; cabe ao Estado financiar espetáculos, teatros e filmes, por que desta forma está cumprindo com sua obrigação de promover a cultura e o desenvolvimento da sociedade. Resta a esperança de que os brasileiros usem mais a janela da vida do que a tela da televisão e, na atualidade, do computador.

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*Professora de propriedade intelectual





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