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Plano de negócios e a área médica

A elaboração de um plano de negócios em qualquer área visa à criação de valor para o acionista. Porém, a exata definição do que os acionistas entendem por valor nem sempre é fácil, pois, freqüentemente, o tema é tabu especialmente na área médica.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Atualizado às 09:33


Plano de negócios e a área médica

Rodrigo Alberto Correia da Silva*

A elaboração de um plano de negócios em qualquer área visa à criação de valor para o acionista. Porém, a exata definição do que os acionistas entendem por valor nem sempre é fácil, pois, freqüentemente, o tema é tabu especialmente na área médica.

Os médicos muitas vezes têm dificuldade em se reconhecer como acionistas de uma entidade empresarial e confundem a sua atuação como profissionais liberais com o direcionamento estratégico da empresa Hospital. Seja por tenderem a privilegiar nas decisões aspectos que favoreçam esta atuação, seja por aplicarem modelos mentais da prática médica na estratégia dos hospitais.

Assim, nas reuniões de diretoria e de acionistas dos hospitais, que em muitos casos são os mesmos indivíduos, os temas sensíveis que devem ser debatidos para o entendimento do que é valor para os acionistas não são colocados na mesa.

Isto leva a uma falta de clareza nos objetivos que se refletirá em dubiedade e ineficiência do plano de ação ou plano de negócios da instituição, o que afetará da mesma forma seu corpo de funcionários e acabará prejudicando a condição destes de tomarem no dia a dia as decisões que determinam o sucesso ou falha do plano de negócios que se pretendeu implementar.

O departamento jurídico também se ressentirá deste posicionamento dúbio, pois não saberá qual linha de trabalho adotar e, conseqüentemente, como dimensionar os recursos que necessitará e, menos ainda, demonstrar seus resultados em contraste com o plano de negócio, pela sua falta de clareza.

Para se evitar este cenário ainda comum, é necessário que as pessoas responsáveis pela estratégia da instituição debatam de maneira racional e desapaixonada quais os seus anseios, e porque não receios, para que se chegue a um consenso em relação ao que se considerará valor para o acionista.

Feito isto, deve-se focar o plano de negócios, que explicitará qual o objetivo estratégico e o ponto de vista tático, quais as ações serão tomadas para atingir este objetivo e seus projetos de implementação. Tais projetos devem prever quem será responsável pela sua implementação e posterior manutenção, quais serão as métricas para medir o seu avanço, quais os recursos necessários para sua realização e qual o cronograma.

É fundamental que o plano de negócios e suas missões táticas respeitem a cadeia de precedência de ações no plano como um todo. Em cada missão deve se saber claramente o que é condição necessária para que uma ação tenha luz verde para iniciar, evitando ansiedades e pressões desnecessárias, bem como frustrações por falta de apoio e recursos.

Neste contexto, o papel dos responsáveis pelo jurídico não se limitará ao planejamento tático e execução operacional das partes do plano que lhe tocam, mas será também marcante na consultoria a definição do plano em nível estratégico e na definição do planejamento tático de todas as áreas do hospital, demonstrando os riscos de cada ação planejada face ao sistema jurídico, inclusive auxiliando na criação de métricas de gestão de risco jurídico na execução do plano de negócios e ainda apontando possíveis oportunidades jurídicas que possam implicar em incremento dos resultados do plano de negócios.

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*Sócio do escritório Correia da Silva Advogados. Presidente dos Comitês de Saúde da Câmara Britânica de Comércio (Britcham) e da Câmara Americana de Comércio (Amcham).





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