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China: alternativa ao mundo e à supremacia americana

Daniel Diniz Manucci e Elisa Pernisa

A já tão badalada crise econômica mundial provocou um cenário de caos econômico generalizado, prejuízo aos mercados de todo o mundo e expôs a fragilidade econômica da maior potência mundial, os Estados Unidos. Entretanto, a crise também revelou a importância e a força de alguns outros países que acabaram fazendo um contraponto à derrocada americana, auxiliando a sustentabilidade da economia mundial.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Atualizado em 11 de setembro de 2009 08:59


China: alternativa ao mundo e à supremacia americana

Daniel Manucci*

Elisa Pernisa**

A já tão badalada crise econômica mundial provocou um cenário de caos econômico generalizado, prejuízo aos mercados de todo o mundo e expôs a fragilidade econômica da maior potência mundial, os Estados Unidos. Entretanto, a crise também revelou a importância e a força de alguns outros países que acabaram fazendo um contraponto à derrocada americana, auxiliando a sustentabilidade da economia mundial.

Entretanto, não se pode dizer que a crise diminuiu o papel da potência norte-americana na economia global. O que se pode observar na realidade foi a aparição de alguns atores globais que, talvez sem a crise, não tivessem a oportunidade de alcançar o destaque alcançado e demonstrado no período de dificuldade econômica.

Neste sentido, a China, que já era uma nação respeitada economicamente, acabou revelando ainda mais seu valor e sua pujança econômica com a crise em razão da forma como a sua economia reagiu frente às dificuldades impostas por este cenário adverso. O Gigante chinês reagiu rápido reduzindo suas taxas de juros, incentivando o consumo interno, disponibilizando crédito às empresas e anunciando um pacote milionário de auxílio à economia chinesa.

Assim, conseguiu a China, ao contrário da maioria do mundo, sustentar um impressionante crescimento de 8% (oito por cento) ao ano. Não se pode esquecer que parte da sua força econômica se encontra galgada em pilares como o fortalecimento de seu mercado consumidor interno, investimentos em projetos de infra-estrutura, abertura econômica, constituição de reservas econômicas significativas, fomento ao crédito para importações, exportações e aquisições de ativos, taxa de juros reduzida, inflação controlada, dentre outros fatores relevantes.

A sua adesão à OMC, e o reconhecimento pelos demais países do seu status de uma economia de mercado também conferem à China um papel muito mais relevante na medida em que esta estreita cada vez mais seu relacionamento com os demais países do mundo, aumentando significativamente sua zona de influência comercial e econômica.

A China, por meio de seu presidente (Hu Jintao) e seu vice-presidente (Xi Jinping) vem buscando ainda desenvolver acordos comerciais bilaterais com diversos países do mundo em todos os continentes de modo expandir seu comércio. Vislumbrando ainda a importância das comodities para sua economia a China vem incrementando investimentos significativos na África para garantir o fornecimento de matéria-prima para suas fábricas e alimento para uma população de um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes.

A América Latina também já está na alça de mira da China que enxerga aqui grandes oportunidades, sobretudo nas áreas de energia, siderurgia, mineração e de alimentos. Neste sentido, o governo chinês vem incentivando suas empresas a investirem em projetos e ativos localizados na América Latina. Linhas de crédito são concedidas pelos bancos estatais para estimular as empresas chinesas a programarem o seu expansionismo econômico, sobretudo neste momento estratégico em que os principais ativos globais sofreram significativa redução de preço, facilitando sua aquisição.

A China tem, portanto, se mostrado não apenas como uma alternativa aos EUA, mas também como um bom parceiro econômico e de credibilidade. O gigante mostrou com a crise ter feito o muito bem o seu "dever de casa" e, desta forma, está sabendo exatamente como mudar a balança de poder e influência econômica em meio à crise. Se a crise mundial causou danos inimagináveis aos EUA e ao mundo em função da escassez do crédito, o mesmo não pode ser dito quando o exemplo é a China, uma vez que o país possui uma reserva de mais de dois trilhões de dólares.

Com dinheiro em caixa, o governo chinês está investindo em obras grandiosas de infra-estrutura ao redor do seu país fortalecendo assim o mercado interno e criando bases para um desenvolvimento sustentável. Diante destas iniciativas e de sua relevância econômica a China já alcançou recentemente o status de maior parceiro comercial do Brasil, ultrapassando historicamente o lugar que por muitos anos foi ocupado de forma cativa pelos EUA.

Visando fortalecer cada vez mais a sua moeda, a China vem estabelecendo acordos comerciais com diversos países do mundo para estabelecer o Yuan como base e referência nas transações comerciais em detrimento do dólar. Percebe-se, portanto que é clara a disposição do gigante asiático de se consolidar como uma grande potência mundial aumentando suas bases de influência econômica e de crescimento. Assim, não há dúvidas de que a China revela-se atualmente como uma grande alternativa econômica ao modelo e ao sistema americano, o que de certa forma contribui para oxigenar o mercado mundial tornando o mesmo menos sensível às crises e instabilidades econômicas.

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*Advogado especialista em Direito Empresarial, Sócio do escritório Manucci Advogados

**Analista internacional










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