dr. Pintassilgo

Ipiranga

Das razões que motivam o meu planar, certamente em relevo destaca-se meu amor por este chão.

 

Penso ser opaco e de futuro desolador o país onde amar a pátria enseja insinuação de reverência cega, confunde-se com anuência muda, desperta vergonha de cantar-se um hino, de honrar a bandeira.

 

Renegar tudo isso é malhar de forma cruel o próprio eu ; o não sentir a beleza de nossa língua, não emocionar-se com o significado de nossas cores, imolando a possibilidade de ver um futuro radiante.

 

Por que te desonrar, óh Pátria, se os homens é que te moldam, fazem tua feição ? Teus períodos, óh Pátria, de desencontros doloridos, de um hiato caríssimo de liberdade, de algumas glórias merecidas, outras não justas e muitas esquecidas, não a diminuem, não podem dobrar teus joelhos. Essas marcas despertam, com mais vigor, a vontade de elevar ainda mais a tua estatura, fazer tua História saltar vertiginosamente os percalços e bradar, efusiva, tuas vitórias.

 

Por que hoje o doutor, à parte seu fervor por este chão, aqui está de forma romântica, cantando loas para a mãe Pátria ?

 

Porque cruzando o Ipiranga, a História só me trouxe divagações : independentes somos ? Podemos rumar a novos e belos horizontes sem respeito à Pátria, a nós mesmos ?

 

Inspiro-me e arrisco até um versos, que a Redação de Migalhas, para meu orgulho, coloca para abrir o vídeo que retrata o que meu acelo lobrigou.

 

Penso aqui, na inquieta cabeça cheia de penas (algumas já brancas), que poderemos soltar nosso brado libertador quando nosso olhar não vier marcado de subserviência dentro e fora de nossas fronteiras ; quando todos os irmãos brasileiros estiverem ombreados em tudo : nas palavras, nas chances, no sustento do corpo e da alma.

 

Gritaremos para que o mundo ouça nossa Independência, quando a eqüidade saltar das doutrinas do Direito e ganhar corpo perante nossos olhos, nos enchendo de orgulho.

“Brava gente, brasileira, longe vá, temor servil!”

Este pássaro cantará cheio de sentir, quando a Justiça não impor mais esperas à população, perante uma ânsia própria do humano, que parece ganhar tintas de dramaticidade na nossa sociedade e civilidade, ainda em construção. Assim, seremos, de fato, independentes. E quando os Poderes agirem com independência, seremos ainda mais libertos.

 

Questiono tudo isso, nobres migalheiros, quando sobrevôo local marcante de nossa História, no momento em que trespasso o espaço sobre o Monumento da Independência, e também no instante em que adentro ao Fórum.

 

Eis, que agora em “diálogo” ao longe que faço, tentando alcançar o entendimento dos queridos leitores, pergunto-lhes :

-Somos realmente independentes ?

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