dr. Pintassilgo

Barretos

Denominações Anteriores: Amaral dos Barretos, Espírito Santo de Barretos ou Espírito Santo dos Barretos.

Fundadores: Francisco José Barreto e seu irmão.

Data da Fundação: 25 de agosto de 1854.

Segundo a tradição, dois afamados desbravadores do sertão da zona Oeste de São Paulo, o alferes João José de Carvalho e seu cunhado, tenente Antônio Francisco Diniz Junqueira, ambos mineiros, vindos de Caldas e Aiuruoca, respectivamente, iniciaram o povoamento da vastíssima região banhada pela parte baixa do Rio Pardo, a jusante da confluência do Mogi-Guaçu, região essa outrora conhecida por “Sertão de São Bento de Araraquara”.

O alferes João José de Carvalho, logo após a proclamação da Independência do Brasil, tomou posse da fazenda Palmeiras, latifúndio de mais de 1200 quilômetros quadrados, dos quais 700, aproximadamente, constituíam, na década de 50, a maior e melhor porção do município de Colina. Nessa mesma época, o tenente Francisco Antônio Diniz Junqueira tomava posse, não só de muitas léguas quadradas de terras de matas às margens direita e esquerda do Rio Pardo, como também da fazenda Pitangueiras, situada em ambas as margens do ribeirão que passava junto ao “Frigorífico Anglo”.

Com esses dois desbravadores do sertão paulista vieram, também de Minas Gerais, como capatazes, Francisco José Barreto e um irmão, aos quais permitiram, talvez, como recompensas aos seus serviços, tomar posse das terras ao longo e à margem esquerda do ribeirão Pitangueiras, “da beira da mata para cima”, terras essas que denominaram “Fortaleza”.

Em 1845, Francisco José Barreto apossou-se da Fazenda Fortaleza, onde faleceu em 1848 e sua mulher, Ana Rosa, em 1852. Em virtude da vontade manifesta de Francisco José Barreto, antes de morrer, seus filhos doaram, por escritura de 25 de agosto de 1854, sessenta e dois alqueires em campos e serrados e culturas da Fazenda Fortaleza, que reunidos a vinte outros doados por Simão Antônio Marques, da Fazenda Monte Alegre, constituíram o Patrimônio do Divino Espírito Santo de Barretos. A primeira Capela foi erigida em 1856, servindo de marco inicial do povoado nascente.

A Paróquia do Divino Espírito Santo de Barretos foi criada, ao que parece, conjuntamente com o distrito de paz, por Lei n.° 42, da Assembléia Provincial, de 16 de abril de 1874, confirmada e era canonicamente, por provisão de Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo de São Paulo, em 2 de julho de 1877, vinte e um anos, portanto, depois da construção da primeira capela e quinze anos depois da primeira missa rezada pelo Padre Manoel Euzébio, em 1862.

Em 10 de março de 1885, pela Lei n.° 22, foi criado o município de Barretos, cujo perímetro circundava os terrenos que constituíam os municípios de Barretos, Olímpia, Colina, Cajobi e parte do de Monte Azul Paulista, numa extensão aproximada de 14.000 quilômetros quadrados. A Lei n.° 1571, de 7 de dezembro de 1917, desmembrou-lhe Olímpia a que passou a pertencer o distrito de Cajobi, e as povoações de Icem, Guaraci, Paulo de Faria e Riolândia, todos, na década de 50, emancipados politicamente. Depois, pela Lei n.° 2906, de 29 de 1925, Colina foi desmembrada de Barretos, passando, por sua vez, a constituir município. Ficou Barretos reduzido a pequena parte da sua primitiva superfície.

Na década de 50 o município era integrado pelos distritos: Barretos – criado pela Lei n.° 42, de 16 de abril de 1874; Ibitu (Ex-Itambé) – criado pela Lei n.° 1141, de 16 de novembro de 1908 e ratificado pelo Decreto-lei n.° 14334, de 30 de novembro de 1944; Alberto Moreira – criado pelo Decreto-lei n° 14334, de 30 de novembro de 1944, em virtude do Decreto Federal 1202, de 8 de abril de 1939 e Colômbia – criado conjuntamente com Alberto Moreira. Pelo Decreto Estadual n.° 9775, de 30 de novembro de 1938, que fixou o quadro da divisão territorial administrativo-judiciária do Estado de São Paulo, o distrito de Barretos foi subdividido em duas zonas que se denominavam, na década de 50, Barretos e Fortaleza.

A cidade foi considerada a "Capital da Pecuária Nacional" e é conhecida atualmente como a "Capital do Country Brasileiro". A origem da "Capital da pecuária nacional" devem-se à excelência de suas pastagens, surgida por um acidente da natureza, através de uma forte geada no mês de junho de 1870, "queimando" por conta da intensidade do frio a fechada mata existente.

Após a geada, no dia 24 de agosto do mesmo ano, dia de São Bartolomeu, a vegetação ressequida foi devorado por um incêndio de grandes porções acabando com a mata fechada existente. Com a chegada da primavera e das chuvas, surgiram imensas pastagens naturais, estabelecendo excepcionais condições para a engorda de gado. Fazendas foram estabelecidas e grande contigente foi atraído pelas possibilidades de ganhos que a atividade pecuária passou a propiciar na região. A melhoria nas condições de transporte permitiram a ocupação acelerada do território e a consolidação de uma rede urbana que continuamente atraia imigrantes.

Em 1909 a ferroviária chegou a Barretos e redimensionou o crescimento da cidade. Entrepostos, depósitos e unidades de beneficiamento de grãos foram construídos. A disponibilidade de transporte eficiente a existência de boas condições para o desenvolvimento e expansão da pecuária permitiram que em 1913 instala-se na cidade a Companhia Frigorífica Anglo Pastoril. Além de suas instalações industriais foram também construídos uma vila operária e um ramal ferroviário às margens do Ribeirão Pitangueiras.

A infra-estrutura de transporte continuou desempenhar importante papel no desenvolvimento econômico que se seguiu. O asfaltamento da via Washington Luiz e posteriormente a Rodovia Brigadeiro Faria Lima foram fundamentais para a atração de indústrias e novas contingentes migratórios, consolidando não apenas importantes centros urbanos, como Campinas e Ribeirão Preto, mas também centros menores como Barretos.

Durante muito tempo Barretos foi o centro da pecuária nacional, ocorrendo aqui os vultuosos negócios graças a quantidade e a excelente qualidade de seus rebanhos levados à mostra nas exposições de animais e produtos derivados tendo como palco o recinto Paulo de Lima Correia Inaugurado no ano de 1.945. A cidade ostentou durante muito tempo um outro título: vitrina da pecuária brasileira.

Novas atividades agrícolas foram adquirindo importância durante este processo. Dentre elas destaca-se a heveacultura e a citricultura, que cresceu na região durante as décadas de 60 e 70. Nesse período assistiu-se também a um intenso processo de modernização da agricultura, expandindo-se a produção mecanizada de grãos, especialmente de soja. Nos anos 80 o cultivo de laranja assumiu grande importância e passou a disputar com a cana-de-açúcar a posição de principal produto agrícola regional.

Cidade festeira por natureza, Barretos ainda guarda muitos traços de sua cultura caipira, sertaneja e interiorana. O rico folclore desenvolvido na região tem característica peculiares. A própria fala do Barretense traz um sotaque caboclo, que acabou invadindo a urbanidade aparente. Tradições presentes nas folias de Reis, grupo folclórico, músicas típicas, comida feita no fogão de lenha.

Atualmente Barretos é conhecido internacionalmente por sediar a festa do peão de boiadeiro. O evento tem hoje grande importância para a dinâmica da economia do município, pois tem permitido o crescimento dos setores ligados ao turismo e à produção de artigos country, com enorme efeito multiplicador em termos de geração de renda e emprego.

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  • Origem do nome

A origem do nome da cidade de Barretos se liga aos seus fundadores, os irmãos Barreto, um dos quais tem perpetuado o seu nome na praça principal. Foram seus primeiros povoadores, Francisco José Barreto, posseiro da fazenda Fortaleza; alferes João José de Carvalho, fazenda Palmeiras; tenente Francisco Antônio Diniz Junqueira, fazenda Pitangueiras; Rodrigo Corrêa de Moraes, fazenda Rio Velho; Irmãos Marques, fazenda Monte Alegre; Manoel Serafim Barcelos, fazenda Macaúbas e Vicente Mesquita, fazenda da Prata.

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  • Personagens

Francisco José Barreto e Antônio Barreto

Chico Barreto nasceu na cidade de São José da campanha, estado de Minas Gerais. Mudou-se de sua terra natal e fixou residência em Caldas velhas, também no estado de Minas. Lá casou-se com Ana Rosa. Do casamento nasceram oito filhos, naquele ano de 1831, Francisco José Barreto e seu irmão acompanhados de toda a sua família, decidiram vir para o norte do Estado de São Paulo e tomar posse de uma gleba de terras à margem esquerda, entre a confluência dos rios Grande e Pardo. Cindo dos filhos de Francisco José Barreto já estavam casados. O local escolhido passou-se a denominar Fazenda Fortaleza. A região pertencia ao município de Araraquara e chamava-se Sertão de São Bento de Araraquara. Algum tempo depois da chegada de Chico Barreto chegou Simão Antônio Marques e sua família que também era da cidade de caldas velhas. A sua propriedade chamava-se fazenda Monte Alegre. No ano de 1.845 as duas famílias pioneiras, os Barreto e os Marques, instituíram o povoado delimitando uma área comum às duas fazendas, doada à igreja, recebendo o nome de "Patrimônio do Divino Espírito Santo de Barretos" .

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Auro Soares de Moura Andrade

Nasceu em Barretos, São Paulo, no dia 19 de setembro de 1915, filho de Antônio Joaquim de Moura Andrade e de Guiomar Soares de Moura Andrade. Em fins de 1932, concluiu o curso de Psicologia, na Escola Caetano de Campos. Em 1934, reiniciou os estudos ingressando na primeira turma da Faculdade de Direito, da Universidade de São Paulo. Em janeiro de 1947, elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte paulista na legenda da União Democrática Nacional (UDN), e, em 1950, a deputado federal, também pela UDN.
Em outubro de 1954, concorreu ao Senado pela legenda do PTN, Partido Trabalhista Nacional. Foi eleito e tomou posse em 1o de fevereiro de l955. Em março de 1961, assumiu o posto de Vice-Presidente do Senado Federal, que correspondia de fato à presidência da Casa, exercida formalmente pelo Vice-Presidente da República. Em 25 de agosto daquele ano, recebeu a carta-renúncia do Presidente Jânio Quadros e convocou reunião extraordinária do Congresso, para dar conhecimento da renúncia. Em 7 de setembro, empossou João Goulart na Presidência da República, já sob o sistema parlamentarista, recém-instituído. A presidência do Senado deixou de ser atribuição do Vice-Presidente da República, com as modificações introduzidas pelo novo regime. Meses depois, em 11 de março de 1962, Moura Andrade foi eleito Presidente do Senado Federal, ocupando esse cargo pela segunda vez. Em outubro de 1962, Moura Andrade reelegeu-se senador por São Paulo. No Senado, foi reeleito Presidente da Casa, sucessivamente, em 1963, 1964, 1965, 1966 e 1967. Em 12 de agosto de 67, perdeu, através de uma reforma do regimento comum do Congresso Nacional, a sua presidência, que passou a ser exercida pelo Vice-Presidente da República, à época, Pedro Aleixo. Em junho de 1968, assumiu o posto de embaixador do Brasil na Espanha, tendo permanecido no cargo até 29 de outubro de 1969, quando retornou e reassumiu o mandato de senador da República. Encerrado seu mandato em 31 de janeiro de 1971, retirou-se da vida pública, dedicando-se a atividades empresariais. Em 1980 foi nomeado pelo Governador Paulo Maluf presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Faleceu em São Paulo no dia 30 de maio de 1982. Foi casado com Beatriz Estela Prado de Andrade, com quem teve três filhos.

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Bezerra de Menezes

Bezerra de Menezes - Perfil De São Paulo

Não mudou, não se acabou a tua sedução

A garoa cai à toa, pra guardar a tradição

São Paulo, num só minuto, é o Brás, Tietê, Viadutos

Barraca de flores e a multidão

Os pardais em madrigais, o sol rasgando a cerração

E a noite, com seus pintores, apagando e acenando em cores

Teu nome no meu coração

São Paulo tem suas melodias. "Sampa", "Ronda", "Lampião de Gás", "Bonde Camarão" ...Há o "Hino do Quarto Centenário", um dobrado do nível de John Phillip de Souza, de autoria de Garoto e Chiquinho do Acordeon, e ainda um outro hino de Mário Zan, que muitos confundem com o de Garoto. Mas talvez a música mais bonita já composta para a cidade seja "Perfil de São Paulo", de um compositor de Barretos, falecido em 30 de junho de 1995, Francisco de Assis Bezerra Menezes, advogado boêmio, formado no Largo São Francisco, integrante das caravanas musicais dos tempos de estudante e, depois, compositor com alguns sucessos expressivos.

Na Faculdade de Direito, Bezerrinha (como era chamado) fazia parte de um grupo eclético, que incluía Paulo Autran, Renato Consorte, Paulo Vanzolini, todos envolvidos com arte, nenhum pensando em ser profissional. Semanalmente se reuniam na casa de Inezita Barroso, cujo marido era da faculdade.

Antes disso, nos anos 40, Bezerrinha decidiu ser expedicionário para conhecer a Itália. Voltou, entrou na faculdade e na boemia. Em novembro de 1953 -me informa o meu amigo Pelão-, venceu o concurso de Hino do Quarto Centenário promovido pela rádio Excelsior, hoje CBN. O primeiro intérprete desse clássico foi Silvio Caldas. O segundo, a Orquestra de Luiz Arruda Paes. Depois, Inezita, Agnaldo Rayol, Jair Rodrigues.

Bezerrinha voltou para Barretos e sua casa se tornou centro de boemia de todos os cantores que se apresentavam na cidade. Vez por outra Inezita ia para lá e varavam a noite, Bezerrinha ao piano e sua mulher Lígia, carioca de erre puxado e boa cantora.

Antes mesmo do prêmio, em 1952, visitando Barretos, antes de uma síncope nervosa com a notícia da morte de Francisco Alves, Isaurinha Garcia conheceu e depois gravou "Estava Escrito" ("Estava escrito / desde o começo / que eu te amaria / a qualquer preço"). Ela aprendeu a música por meio de um alfaiate da cidade, metido a maestro, que depois se transformaria em um dos principais arranjadores brasileiros, o rei dos metais Élcio Álvares.

A primeira música gravada de Bezerrinha foi com Albertinho Fortuna, cantor de voz aveludada que fez sucesso no início dos anos 50. Foi "Triste Quarta-Feira" ("Eu sinto que entre nós / nada mais existe nesta quarta-feira"). Depois, a belíssima vedete Luely Figueiró foi inaugurar uma loja em Barretos, conheceu o repertório de Bezerrinha e gravou "Miragem", regravada depois por Rosana Toledo e pelo Conjunto Farroupilha, segundo me conta o radialista José Vicente Dias Leme, memória viva da cidade.

Emérito boêmio, Bezerrinha compunha desde músicas da noite, sambas canções, até modas de viola divertidíssimas, como "Burro Chucro" ("Amontei num burro chucro / mode uma aposta ganhá"). É dele também "A Festa do Peão", que se transformou no hino oficial de Barretos.

O nome de Bezerrinha não consta de nenhuma enciclopédia de música. Pelão promete um CD com músicas dele. Dias Leme é o grande defensor de sua memória. Ambos concordam que uma de suas músicas inéditas, "Bom dia São Paulo", é o clássico definitivo sobre a cidade.

Ainda dá tempo de algum artista sensível correr até Barretos, atrás da família, recuperar o "Bom Dia São Paulo" e, no dia 25, oferecer a primeira audição para a cidade:

"Boa noite meu viaduto do Chá / vou chegar até o Paysandu / o Ponto Chic me espera por lá / o chopp gelado e o bauru / São pequenas coisinhas / que prendem São Paulo no coração".

"Boa noite Bexiga / cigarra boêmia / de um mundo bonito demais / e antes que pinte o amanhã / um chateaubriand no velho Morais".

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A arte musical de Bezerra de Menezes precisa de um estudo mais amplo. Falta até mesmo a edição do conjunto de sua obra, com gravações produzidas com talento. Talvez um dia o Pelão tome coragem e execute o projeto.

Com toda certeza, Francisco de Assis Bezerra de Menezes será sempre o principal compositor da terra, não apenas como o autor consagrado de Perfil de São Paulo. Há uma cumplicidade entre os barretenses e as muitas facetas do advogado e compositor e sua veneração pela noite. A noite na obra de Bezerra de Menezes é tempo de luz de amor e vida.

Até mesmo quando a canção fala do dia, Bezerra de Menezes começa homenageando a noite. É o que acontece em “Meu boa noite viaduto do Chá, vou chegar até o Paissandu”.

- Sou madrugada sem sono, sem rumo sem dono – diz a letra de Bom Dia São Paulo.

A gravação doméstica de Garçom de Bar, feita por Lígia Guerra Bezerra, conta o drama de um freguês em busca de um amigo para “me desabafar”. Por fim, o garçom lembra que também ama e “noite após noite, o bar fechado, não sei quanto desgraçado eu servi para consolar”.

- Hoje, afinal, sou eu quem digo, eu preciso de um amigo, para me desabafar – conclui o garçom.

Mas é com Zé Madrugada que Bezerra de Menezes introduz o personagem eterno da noite barretense. Ao narrar a morte do boêmio “sem uma vela, sem ninguém”, o autor relata a trajetória de José Batista de Andrada, vulgo Zé Madrugada, cuja riqueza era a lua e as estrelas do céu. Homem, portanto, da noite plena.

- Foi-se Zé Madrugada, de mãos com a noite morreu, morreu.

O passamento é coroado pelo sentimento de perda da própria noite, na visão melódica de Bezerra de Menezes. Quando Zé Madrugada morreu, “os astros nem mais brilharam, de luto até se apagaram e a lua no céu se escondeu!”.

A paixão do compositor pela noite é tão forte que transformou a função do sistema estrelar. Em Sol de Boêmio, Bezerra de Menezes deu nova forma poética ao astro rei.

- Sol de boêmio é a lua. Boêmio vive na rua, mais feliz do que ninguém! – enfatizou.

O barretense diz que a noite imensa, estrelada, o luar, a madrugada, não custa um só vintém para o boêmio. E por isso mesmo, tem uma filosofia existencialista vivendo com intensidade:

- Só quem morre um pouco cada dia sabe realmente o que é viver!

Se impossível concluir a magnitude da obra de Bezerra de Menezes e sua eterna relação com a noite, é admissível entretanto completar o painel artístico co barretense com uma composição incomparável. Afinal “um milhão de madrugadas” só pode ser atingido por um ser mitológico divino. O barretense encontrou na música a maneira de atingir a marca histórica.

- Hoje eu completo um milhão de madrugadas. A noite se enfeitou para me esperar!

A intimidade de Bezerra de Menezes com a noite é tão grande que chega a ser chamado de “velho camarada”, na melhor condição de membro de uma irmandade ideológica.

- A noite é velha companheira, mas faz lembrar antigas madrugadas – confessa na melodia.

Depois de dizer que a “lua querida, minha namorada”, Bezerra de Menezes completa a canção com festival de imagem poética para comemorar “um milhão de madrugadas”:

- No céu há um milhão de estrelas, que se acenderam para me esperar. Vou apaga-las uma a uma, assim que o dia clarear!

Na obra de Bezerra de Menezes, existem “tantos contrastes, vivendo em plena harmonia”. Mas assim como “noite sem dia decerto não existiria”, também Barretos não haveria de ser o que é sem a música de Bezerra de Menezes.

Luiz Antonio Monteiro, especial para O Diário.

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Ruy Menezes

Serviu como vereador, durante 23 anos, em períodos descontínuos, tendo ocupado, em 1948, 49 e 50, o cargo de 1º Secretário da Mesa, e seu presidente em 1964, 65 e 66. Nesta época, com sua luta e esforço, Barretos ganhou a Fundação Educacional, tendo feito parte do seu primeiro Conselho Diretor. Foi o 2º presidente da entidade, depois de Olivier Waldemar Heiland. Filho de Eleaser de Menezes, que também foi vereador em 1915. Deixou viúva, Gilda Ponzo Menezes e os filhos Guadalupe, Roxane, Ruy Júnior, Sulamita, Solange e Gilda Rosa. Maria Celina, Eduardo e Antonio Cândido. Na noite de segunda-feira, do dia 4 de setembro de 2003, por volta de 22 horas, na mesa de cirurgia, morreu o jornalista Ruy Menezes. Vitimado por uma obstrução intestinal, causada por um tumor, ele foi à cirurgia. Permaneceu lúcido até momentos antes de sofrer complicações circulatórias. Não resistiu e faleceu nos braços de seu filho, Dr. Ruy Menezes e de seu amigo Luis Spina.

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Marques Sovela

Joaquim Marques de Oliveira, vindo de Perdões, onde nascera em 1824, e segundo marido da primeira Maria Jacinta, parece ter sido um dos primeiros, senão o primeiro sacristão de Barretos. Quando o cel. Fausto Junqueira Diniz e Souza veio para a escola de Herculano Rodrigues Alves, com oito anos de idade, já aqui estava o Marques Sovela – alcunha resultante da sua profissão de sapateiro. Era uma figura popularíssima. Feio, curso, derramadas barbas amarelas de rapé, dirigia às crianças que encontrava sempre os mesmos gracejos:

- Mandigua de sapo seco!

As crianças (Eleazar, Joaquim Toledo, José Salustiano, Lindolfo, Nanácio, etc), fitavam-no meio assustadas, com o espanto nos olhos inocentes. Ele retrucava:

- Urina de serelepe!

O Marques “não suportava” o clima de Barretos, os costumes e os tão apregoados defeitos dos paulistas. Contava façanhas da mocidade, serenatas saudosas em que tomara parte, tocando clarineta, e enaltecia a terra natal longínqua.

- Qual! É à toa pelejar! Eu não me acostumo mesmo! Pois isto é lá terra de gente? Vou me embora, vou para Perdões, para encontrar aquela rapaziada boa...

Mas foi ficando por lá mesmo, e morreu em Barretos, onde passara a maior parte de sua longa existência, vindo a ser enterrado no antigo cemitério da avenida 21.

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Jerônimo de Almeida Silvares

Negociante português, viera de Uberaba para a vida de Barretos e mais tarde, em 1° demarco de 1890, regularizou a sua atividade, outorgando procuração a Carvalho Filho & Cia., do Rio para, em seu nome requerem perante a Junta da Higiene licença para a abertura de uma farmácia. Era casado com D. Lucrecia, uma senhora muito gorda. Em 1896, quando da moléstia grave que acometera sua filha Benvinda, um dia, ela correu ansiosa a buscar um chá. Rolou pela escada e em conseqüência dessa queda morreu no momento. Deixou os filhos Francisco de Almeida Silvares, Antônio José, Maria Amélia, Joana e dita Benvinda.

Chico Silvares foi casado com D. Vitória Ozória, filha de José Nunes Brigagão e D. Maira Ozória da Conceição. Foi primeiro Tabelião da comarca, tendo em 2 de junho de 1890 dado procuração a João Antonio Julião para receber do Governo o seu título de nomeação para esse cargo e o de Escrivão de Órfãos e Ausentes. Nascera em Uberaba e em 1885 contraíra casamento com D. Vitória, deixando as suas atividades de guarda-livros para trabalhar no Fórum. Antônio de Oliveira Silvares casou com Maria Garcia de Oliveira, filha de Gabriel Garcia da Rocha e D. Maria Luiza de Jesus. Faleceu em 27 de maio de 1896, deixando três filhos e uma casa comercial, casa e terreno adquiridos de José de Godoi Macota e sua mulher, à Rua Almeida Pinto, esquina da Avenida 13 de Maio, e ainda outra casa, datas, e terras na fazenda Laranjeira. A viúva casou com Afonso José Alves.

Juca Silvares foi genro do Inácio Carpinteiro, que morava com a Olaia (Eulália) do outro lado do córrego. No dia 29 de junho de 1895 casaram-se as duas filhas, Joana e Benvinda, de Jerônimo Silvares, com José Maria Alves de Carvalho e Antônio José de Queirós. Na noite do casamento o Queirós não queria que a esposa dançasse, e ficou zangado, por causa do “miudinho”. D. Benvinda faleceu pouco depois de. D. Lucrecia Maria de Oliveira Silvares.

Maria Amélia de Oliveira fora a primeira a casar-se, a 11 de fevereiro de 1881, com João Carlos de Almeida Pinto.

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Almeida Pinto

Vindo de Campinas, nascido em 21 de abril de 1885, bem cedo partira para o sertão, que ajudou a desbravar, com a sua inteligência fora do comum, trabalhando infatigavelmente no fórum e na imprensa e lecionando. Primeiro em São Bento de Araraquara, onde foi Promotor Público. Depois, na vila de Jabuticabal em cujo meio também exerceu vários cargos de responsabilidade, notadamente o de Presidente da Câmara Municipal.

Referiu o Dr. Juvenal de Carvalho, antigo Juiz de Direito de Jabuticabal a Silvestre de Lima, o seguinte episódio, que mostra o espírito pugnaz e mesmo aloucado de Almeida Pinto: Durante uma audiência do Juiz Municipal da dita cidade, surge um incidente, violenta altercação entre essa autoridade e Almeida Pinto. Este deixa irritado o recinto e logo volta empunhando um cabresto, com o qual avança para o Juiz, aos gritos, tentando enfiar-lhe o cabresto na cabeça.

- Quero embuçalar este burro!

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José Nunes Brigagão

O saudoso José Nunes Brigagão era natural de S. Gonçalo, Estado de Minas, pequena distância de Campanha. Seu avô era um português, que deixou oito filhos e duas filhas. Estas, quando Brigagão ainda era menino, moravam em Carmo do Pouso Alto; e ele aos 12 anos, costumava fugir de S. Gonçalo e ir para junto das tias, no Carmo.

Todos os Brigagãos de Minas tinham gosto em das a seus filhos uma perfeita educação.

- Eu sou o mais atrasado da minha família, costumava dizer o Sr. Brigagão de Barretos, e a gente lhe respondia com sinceridade:

- Isto é modéstia da sua parte, Sr. Brigagão.

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Dr. J. Fernando de Barros

No dia 31 morre o Juiz de Direito da comarca. O Dr. J. Fernando de Barros, nascido em Capivari a 11 de julho de 1844 e filho de Francisco Fernando de Barros e d. Ângela Guilhermina de Mesquita barros. Deixou viúva d. Maria Cândida de Barros e 4 filhos. Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, pouco depois fora eleito Deputado Provincial pelo partido liberal, mas logo renunciara a essa cadeira, filiando-se francamente às falanges republicanas. Depois de exercer o cargo de Promotor Publico de Faxina, foi nomeado Juiz de Barretos tomando posso em 1896.

Teve solenes e concorridos funerais no cemitério local, ornado no momento em nome da Câmara Municipal do fórum, da loja maçônica e d’O Sertanejo, respectivamente, Silvestre de Lima, Almeida Pinto, Antônio Olimpio, Francisco de Paula Nogueira.


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Agnaldo Moreira

O farmacêutico e ex-vereador por três mandatos vivenciou momentos difíceis durante o Regime Militar. Nascido em Barretos, no dia 22 de julho de 1924, formou-se em Farmácia. Na política, foi vereador por dois mandatos na sua cidade natal – 1956-1959 e 1964, ano quando foi cassado pelo Ato Institucional nº 1 – e uma vez em Catanduva (1983-1988). Preso pelo Dops e acusado de subversivo, foi torturado e ficou preso por dois meses. Veio para Catanduva há 25 anos, sendo chefe do INSS local por 15 anos. Casado com Maria Marçal Moreira desde 1947, ajudou a construir a história do país, lutando por ideais e pensando no bem estar da população.

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Adriano Martins de Oliveira

Nascido em Barretos, em 24/12/1971, Adriano gostava de imitar seus ídolos, Donizeti Alves e Barra Mansa. Com grande paixão pelo rodeio, resolveu pedir uma oportunidade para o tropeiro Gilberto Mega, em 1991, quando foi para Passos, Sul de Minas Gerais, narrar algumas provas de montaria. Naquele momento nasceu mais um dos grandes nomes do rodeio: Adriano do Vale, como ficou conhecido em todo o país.

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  • Locais históricos

 

Marco Histórico


Situado à Rua 8, esquina com a Avenida 13. É o marco inicial e geográfico da cidade. Ou seja, todas as distâncias são medidas a partir deste ponto. Ali surgiram as primeiras residências da Fazenda Fortaleza de Francisco Barreto, que deram origem a cidade. Mural com sete metros de altura, construído com projeto e consultoria de Cesário Ceperó e Pedro Pedozzi, tem em relevo as imagens da Família Barreto, do Divino Espírito Santo, padroeiro do município,e do brasão da cidade, com o lema: “Frates Sumus Omnes” (Somos Todos Irmãos).

Museu Municipal, Artístico e Cultural “Ruy Menezes”



Situado a Avenida 17, esquina com a Rua 16. Foi criado em abril de 1974 e recebeu como doação todo o acervo do Museu Ana Rosa, que funcionava em uma das salas do Colégio Mário Vieira Marcondes. A construção com data de 1907, já foi Prefeitura e sede do Poder Legislativo. É conhecido como o “Palácio das Águias”.


Catedral do Divino Espírito Santo

Situada na Praça Francisco Barreto, s/nº (Centro da Cidade). Por serem os fundadores devotos do Divino Espírito Santo, doaram oitenta e dois alqueires de terra à igreja e construiram a primeira capela. No final do século XIX, deu-se início a construção da catedral, tendo a frente o mestre Pagani Fioravante. A obra obedece o estilo romano de linhas soberbas com colunas olímpicas e imagens de santos, bem como obras de arte pintadas em vitrais e nas paredes.




Recinto Paulo de Lima Correia




Situado a Praça Nove de Julho. Foi inaugurado em março de 1945, servindo de palco para as grandes exposições agropecuárias e produtos derivados. É uma obra arquitetônica de beleza singular e considerada uma raridade no gênero, dado seu estilo ímpar. O recinto foi escolhido pelo Clube Os Independentes para ser o palco da Festa do Peão desde 1956 até 1984, sendo então o berço do Rodeio Brasileiro.




Região dos Lagos





Situado à Avenida Centenário da Abolição s/nº. Conjunto de três lagos ornamentais, abastecidos pelo Córrego do Aleixo, contando com ciclovias e amplas calçadas para a prática de atividades esportivas.






Praça da Primavera





Situado à Rua 18 com as avenidas 33 e 35.Com um bonito projeto paisagístico, esta praça é considerada a mais bela da cidade por exibir um clima de tranqüilidade. Tem coreto, passagem de córrego com pontes e fonte luminosa.




Calçadão


Situado à Praça Francisco Barretos, s/n.º. Espaço no centro da cidade para circulação exclusiva de pedestres, com planejamento paisagístico, infra-estrutura de bancos telefones públicos, bancas de revistas e quiosques. Centro da cidade.







Cidade de Maria








Sítio à Vicinal Nadir Kenan, Km 11. Foi inaugurado em 1981. Local erigido para abrigar congregações católicas e formar religiosos.





Museu Histórico e Folclórico do Peão de Boiadeiro

Situado à Praça Francisco Barreto n.º 116. Telefones: (17) 3323 2127 (17) 3323 3211. Construção com data de 1912, foi residência e Cartório de propriedade do Sr. Major Eliseu Ferreira de Menezes. Mantém linhas romanas na sua arquitetura. Em 1967, o casarão foi adquirido pelo Clube Os Independentes para ser Sede Administrativa da Festa do Peão de Boiadeiro. O Museu do Peão, fundado em 20 de abril de 1984, foi aberto em caráter definitivo em 15 de julho de 2000 e mantém viva a história da Festa do Peão de Barretos, abrigando peças alusivas aos usos e costumes do Peão de Boiadeiro.




Parque do Peão de Boiadeiro de Barretos



Sito à Rodovia Brigadeiro Faria Lima, Km 428. Telefone: (17) 3321 0000. Inaugurado em 1985, o Parque do Peão de Barretos é uma área de aproximadamente cinqüenta alqueires destinados a realização da Festa do Peão de Barretos, na segunda quinzena de Agosto. O local impressiona por sua grandiosidade e encantamento, contando com uma área para Feira Comercial, estacionamento para 10 mil veículos, Berrantão, Rancho do Peãozinho, Área de Camping, Rancho da Queima do Alho, Fazendinha, Hípica e o magnífico Estádio polivalente de Rodeio, projetado por Oscar Niemeyer, com capacidade para trinta e cinco mil pessoas sentadas.

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  • Curiosidade

Barretos de Outrora

A Lei n° 42, de 16 de abril de 1874 ratifica a escolha do padroeiro da capela do Divino Espírito Santo de Barretos, erigindo-a em freguesia, aliás de acordo com a Lei de 8 de março do mesmo ano, sendo Presidente da Província o dr. João Teodoro Xavier. A paróquia foi canonicamente instituída por Provisão de 2 de julho de 1877, de d. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo, com as mesmas divisas do município determinadas pelo Ato governamental de 3 de outubro do ano anterior. O 1° casamento religioso foi de Manoel Francisco dos Santos e Maria Rosa de Jesus, a 11 de julho; e o 1° óbito verificado, o de José Joaquim dos Passos, a 15 do mesmo mês, em 1877, mas só a 1° de setembro o padre Felipe Ribeiro da Fonseca Rangel, Vigário da “Vara da Comarca de Araraquara” lavrou o termo de abertura do respectivo livro, entregando-o ao padre Sassi.

Os barretenses achavam muito arrevesado o nome desde seu pastor, e o professor e boticário Ferreirinha, anotando em seu livro íntimo o nascimento de um filho, acrescentou, com ortografia que seus descendentes com a devida vênia impugnaram: “Foi baptisado pelo Padre Scy”. Não obstante haver assinado os assentamentos desde 1877, padre Sassi só foi nomeado Vigário em março de 1878, servindo até 1880, quando foi substituído pelo padre Francisco Valente.

O padre Sassi era também amigo dos animais. Quando saiu de Barretos, dizem que levou uma centena de papagaios, aos quais ensinou a falar palavras de língua italiana, em vez do clássico “cá o pé, mulata”, ou o “purrutaco, tataco”.

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Barretos é a Chão Preto

A expressão Chão Preto nasceu num momento de arte teatral para enaltecer Barretos. Nos palcos da capital paulista, um personagem apresentava a frase para quebrar a cena, causando reação imediata na platéia.

- Eh! Chão Preto, terra boa é Barreto!

A cidade nunca foi terra de chão preto. Mas a magia da expressão ganhou encanto, retratando a paixão do homem por sua terra. A força de um hábito foi criada por um jornalista: Urbano França Canoas.

Como um barco pelas páginas da imprensa, o colunista navegou pela imaginação do barretense, formando para a expressão Chão Preto toda uma dimensão de cidadania, de bairrismo inteligente, de proximidade com o solo fértil.

Urbano fincou um marco significativo na cultura barretense, através de processos lingüísticos animadores. Com sua inteligência e arte, com sua habilidade e sutileza, valorizando o estilo primoroso e leve, que se punha sempre a executar sinfonias de amor e admiração por Barretos, a palavra Eh Chão Preto, terra boa é Barreto ganhou o coração e a mente de um povo.

A imprensa barretense nunca foi apenas um negócio empresarial. Em primeiro plano, sua vocação foi de formar e informar, defender mais do que atacar, semear a paz e animar permanentemente.

Urbano Canoas retrata bem a influência da imprensa em gerar otimismo e confiança. A palavra empregada quer sempre fortalecer a idéia de que Barretos é hoje e sempre será uma terra boa.

Uma terra boa é acolhedora e sabe repartir. Uma terra boa é generosa e conhece suas necessidades. Uma terra boa tem virtudes e propriedades geradora de vida em abundância.

A Barretos que Urbano Canoas retratada em suas crônicas é aquela cheia de esperança e bondade. A terra sem preconceito e sem ódios. Mas que ainda tem como ser mais democrática, mais fraterna e mais justa. Por isso é boa terra e não paraíso...

Chão Preto sim, porque tudo tem razão de ser numa terra com 150 anos...

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Barretos e o rodeio

A história de Barretos se confunde com o rodeio brasileiro. Até 1955, Barretos era uma pacata cidade que tinha na pecuária sua principal atividade econômica. Passagem obrigatória dos "corredores boiadeiros", como eram conhecidas as vias de transporte de gado entre um estado e outro, Barretos era sede também do Frigorífico Anglo, instalado em 1913 e de propriedade da família real inglesa, suas instalações lembram uma autêntica vila inglesa. Era na época o maior da América Latina. Mas eram os peões das comitivas, que reunidos para descansarem, acabavam criando mil maneiras para se divertirem. E como não podia deixar de ser, nestes encontros tentavam mostrar suas habilidades na lida com o gado. Nesta época era freqüente em Barretos a vinda de dançarinas de cabarés franceses para entreter fazendeiros e os peões de comitivas.

Em um sábado de 1947, na quermesse realizada pela Prefeitura Municipal de Barretos, na praça central da
cidade, acontece o primeiro rodeio do país, realizado dentro de um cercado com arquibancadas.

E foi assim, que em 1955, nasceu numa mesa de bar, o lendário CLUBE OS INDEPENDENTES. Um grupo de rapazes solteiros e auto suficientes, como era a regra, ligados a agropecuária local, teve a idéia de promover festas inspiradas na lida das fazendas, com o objetivo de arrecadar fundos para as entidades assistenciais da região. Um ano depois, em 1956, foi lançada a 1ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos. Sob a lona de um velho circo, surgiu o modelo do evento rural de maior sucesso do país. Já na primeira festa, a principal atração foi o rodeio. E os mesmos peões que passavam
meses viajando pelos estados brasileiros, agora eram estrelas da festa do peão de Barretos.

Ninguém poderia imaginar que a partir daquele ano a história dos peões de boiadeiro mudaria para sempre, e que o destino de Barretos seria o de se tornar a capital do rodeio brasileiro. Tudo que ali era realizado servia como modelo para outras cidades que também começavam a promover suas festas.

O resultado foi que na década de 60 o número de eventos ligados ao rodeio no Brasil havia crescido muito, principalmente no estado de São Paulo. Muitos peões acabaram se transformado em competidores e corriam de uma festa para outra atrás dos prêmios. Mas era em Barretos que todos tentavam a "sorte grande". A cada ano a Festa de Barretos crescia. Em 1960, já era conhecida em todo o país. O Festival do Folclore de Barretos contava com a participação de países da América do Sul como Argentina, Uruguai, Paraguai, assim como várias regiões do Brasil.

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