dr. Pintassilgo

Pederneiras

Deixando para trás os limites de Bauru, peregrino lestamente nos céus do meio do Estado, chegando à cidade de Pederneiras.

A localidade recebeu este nome graças às pedras nativas, chamadas de "pedras de fogo".

Fogo, fogo. Novamente com as idéias a voar mais alto que eu mesmo, toco a falar do fogo e suas crias.

Desde que foi usado para o progresso do homem, o abrasador elemento natural não mais parou, gerando riquezas (que não se distribuem neste Mundo Louco), criando trabalho nos cantos da Terra; porém, incinerou vidas, quando fora urgido de mãos e mentes maldosas ou mesmo pela vontade da natureza.

E assim o progresso movido inicialmente por esse fogo, ganhou outros elementos, alterando o homem e o planeta como nunca se viu na História.

No caso de Pederneiras, o outro elemento par dessa progressão chamou-se terra. Do barro extraído do fundo do rio Tietê, adveio o crescimento da cidade, por meio das olarias e cerâmicas. E, entre elas, a que era fundada pelas mãos da família Ruiz.

E assim como o avanço do seu elemento paterno, o progresso se alastra. Digo isso, por notar sua transformação na vida de Pederneiras.

Em poucas páginas de História, ele mudou de feição, alterando as cores da paisagem, trazendo saudade, perplexidade, satisfação. Se ele trouxe o bem-estar, não o vejo totalmente.

Semelhante aos de outras cidades do mundo, as mudanças são movidas freneticamente pela tal da "globalização", essa falácia que nos vendem como "modernidade", que somente a alguns poucos bolsos enche generosamente; sejam transnacionais, cartéis ou grupos monopolizadores.

Na briga de foice no escuro, própria dessa fase do capitalismo financeiro "globalizado", tudo se terceiriza. Dividi-se o mundo como se fosse uma grande esteira de uma fábrica, onde cada país é uma seção.

No caso de Pederneiras, os "terceiros" ainda são brasileiros, porém de outras localidades, que vêm para a cidade, deixando os daqui somente dependentes do corte de cana (outro cartel?). É o que resta, pois não possuem "qualificação". No chamado "mercado", os desprovidos dessa palavra são "o" (zero) a esquerda.

O sinistro dessa história é que eles são carentes desse aprimoramento não por ausência de vontade, mas de chances mesmo.

Alô, alô, governantes ! Educação é amor ao próximo ! Não somente um item a mais do seu precioso Orçamento !

Sem educação, o progresso nos queimará com seu fogo, deixando-nos reféns das oportunidades vêm em safras e sem nosso destino em nossas mãos.

Ou viveremos sempre a espera das decisões sobre nossas vidas, que vêm de um lugar bem longe de nós, que talvez nem conheçamos ?

Crônica | Histórico da comarca | Histórico da cidade | Ocelo clínico | Dados atuais | A cidade na década de 50