dr. Pintassilgo

Jaú

Fundadores: Capitão José Ribeiro de Camargo, Bento Manuel de Morais, Navarro, Tenente Manuel Joaquim Lopes, Francisco Gomes Botão e Lúcio de Arruda Leme.

Data da fundação: 15 de agosto de 1853.



Os bandeirantes que demandavam à Cuiabá, seguindo pelo Rio Tietê, pescavam um peixe denominado Jaú, na foz de um ribeirão. O local ficou, desde então, conhecido como a Barra do Ribeirão do Jaú.

A fundação de Jaú data de agosto de 1853, quando alguns moradores da região, na casa situada do lado do Brejo, propriedade de Lúcio de Almeida Leme, decidiram organizar uma comissão que trataria da fundação de um povoado.

A tarefa recaira sobre os ombros de Manoel de Morais Navarro, tenente Manoel Joaquim Lopes, capitão José Ribeiro de Camargo e Francisco Gomes Botão.

Depois de vários estudos e ponderação, ficou resolvido que seria erguido um povoado na área de 40 alqueires, que tinha sido doada, em partes iguais, por Francisco Gomes Botão e tenente Manoel Joaquim Lopes.

As terras eram aquelas compreendidas entre a margem esquerda do Rio Jaú e a do Córrego da Figueira.

Segundo reza a tradição, tem-se como primeiro morador da região Antônio Dutra, foragido da Justiça do Distrito de Paz de Araraquara.

Os povoadores trataram de executar os planos da futura cidade. Assim, o padre Joaquim Feliciano de Amorim Sigar, primeiro pároco de Jaú, e o Capitão José Ribeiro de Camargo foram os demarcadores e delineadores dos traçados da cidade.

Inicialmente, foram abertas duas clareiras: uma no atual Largo da Matriz; outra na Praça Ribeiro de Oliveira. Nesta foi reservada uma área que foi destinada ao sepultamento de mortos. Naquela ergueu-se uma tosca e singela choupana destinada aos serviços religiosos católicos.

A primeira missa, celebrada m 1853, da qual foi oficiante o Padre Francisco de Paula Camargo.

Por proposta de Bento Manoel de Morais Navarro a povoação recebeu a denominação de Nossa Senhora do Patrocínio, e por estar ás margens do Ribeirão do Jaú, passou a cognominar-se Capela de Nossa Senhora do Patrocínio do Jaú.

A antiga capela, em território de Brotas, no município de Rio Claro, foi elevada a curato por Provisão de 3 de maio de 1856, por ordem do Bispo de São Paulo, D. Antônio Joaquim de Melo.

Foram incorporados, pela Lei n.° 25, de 8 abril de 1857, os Bairros de Tietê Curralinho e Jacareí – Pepira.

A Lei n.° 11, de 24 de março de 1859, elevou a Capela do Jaú no município de Brotas a freguesia, a qual, pela Lei n.° 60, de 23 de abril de 1866, foi elevada à vila e pela Lei n.° 6, de 6 de fevereiro de 1889, à cidade.

Atualmente, consta dos distritos de paz de Jaú e Potunduva.
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  • Origem do nome

Jaú teve essa denominação dada pelos bandeirantes, que, partindo de Porto Feliz para Cuiabá, pelo Rio Tietê, pernoitaram na foz desse rio e aí pescaram um grande “Jahú”, ficando esse lugar com a denominação de Barra do Ribeirão de Jahú.
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  • Personagens

João Ribeiro de Barros

João Ribeiro de Barros nasceu em Jaú no dia 4 de abril de 1900.

Desde criança, João Ribeiro de Barros sempre foi aficionado pelas coisas do ar, e em 1914, já com 14 anos, vê pela primeira vez um avião, e a partir daí se dedica completamente a aviação.

Brevetou-se na Escola de Aviação em Campinas, onde conseguiu o tão ambicionado diploma de piloto aviador expedido pelo Aeroclube do Brasil: o brevet de nº 88.

Em 1919 vai para os EUA para aprofundar seus conhecimentos em navegação aérea e mecânica de aviação.

Em 1926, Barros vai para a Itália e adquire um Hidroavião Savoia Marchetti (S-55) usado, faz alguns reparos e o rebatiza com o nome de sua cidade natal, JAHÚ.

Após inúmeros contratempos, João Ribeiro de Barros e mais três tripulantes, o co-piloto, João Negrão, o mecânico Vasco Cinquini e o navegador Newton Braga, decolam de Cabo Verde na África, com o JAHÚ aos 28 de abril de 1927. Depois de 12 horas de vôo e 3.200 quilômetros percorridos, o JAHÚ com um problema em uma das hélices, amerrisa próximo a Ilha de Fernando de Noronha, e é rebocado por um navio cargueiro italiano até Fernando de Noronha.

Os tripulantes do JAHÚ são recebidos como heróis nas diversas cidades brasileiras que passam.

O Valor histórico principal da travessia do Atlântico Sul consiste no fato de ter sido ele o primeiro a atravessar o Oceano Atlântico com tripulação brasileira; de ter navegado com o auxílio de um sextante, de ter sido o único conhecido até então custeado pela iniciativa privada; de ter reunido homens competentes na tripulação; e de ter levado à cabo sua missão nas mais adversas situações que se pudessem imaginar.

João Ribeiro de Barros faleceu aos 20 de julho de 1947 pelo mal adquirido na África, a malária.

Hilda Hilst

Escritora, dramaturga e poetisa brasileira nascida em Jaú, no interior do estado de São Paulo, cujos poemas serviram de inspiração para compositores como Adoniran Barbosa, que musicou "Quando te achei e Quando tu passas por mim". Filha do fazendeiro e poeta Apolônio de Almeida Prado Hilst e Bedecilda Vaz Cardoso, com a separação dos pais mudou-se com a mãe para Santos. Foi educada em um colégio interno em São Paulo (1937-1945) e visitou o pai, pela primeira vez (1946), em sua fazenda em Jaú. Começou a estudar Direito na Faculdade São Francisco (1948). Lançou seu primeiro livro, "Presságio" em 1950, e no ano seguinte "Balada de Alzira".

Formada em Direito (1952), no final da década (1959) publicou os livros de poesia "Roteiro do Silêncio e Trovas de Muito Amor para um Amado Senhor". Passa a viver na fazenda de sua família (1966) com o escultor Dante Casarini com quem casou-se dois anos depois. No ano seguinte, escreveu "A possessa e O rato no muro". Depois vieram "O verdugo e A morte do patriarca" (1969), "Fluxo-Floema" (1970), "Ficções" (1977), "A obscena senhora D" (1982), "Cantares de perda e predileção" (1983), "Poemas malditos, gozosos e devotos" (1984), "O caderno rosa de Lori Lamby" (1990), que causou espanto na crítica por seu teor pornográfico, "Do desejo" (1992), e "Teatro reunido" (2000) entre outros.

Depois de mais de um mês de internamento no Hospital das Clínicas da Unicamp para a realização de uma cirurgia, após sofrer uma queda que causou uma fratura no fêmur, teve seu quadro clínico pós-operatório agravado em função de uma deficiência crônica cardíaca e pulmonar e morreu em Campinas, interior de São Paulo, aos 73 anos e 10 meses de idade, de falência múltipla de órgãos e sistemas. Com o corpo velado na capela do Cemitério Flamboyant, no bairro Jardim das Palmeiras, em Campinas, foi enterrada no Cemitério Aléias, em frente à capela. Autora de 41 livros, morava em uma chácara em Valinhos. Recebeu importantes prêmios literários, como o de melhor livro do ano, concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte - APCA, por Ficções (1977), o Prêmio PEN Clube de São Paulo (1962), por Sete cantos do poeta para o anjo (1962), o prêmio Anchieta (1969) pela peça O Verdugo, um dos mais importantes do país na época, dois Jabutis (1984 / 1993) por Cantares de perda e predileção (1983) e pelo conto Rútilo nada (1993), além do Moinho Santista na categoria poesia (2002).

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  • Locais históricos

Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio

Desde de 1852 já se tinha notícia da construção de uma capela no local onde hoje se ergue a Matriz do Patrocínio. A atual Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio, projeto do Engenheiro João Lorenço Madein, teve sua pedra fundamental lançada em 24 de novembro de 1895. Estilo rigorosamente gótico, realçam-se as colunas dóricas e os louvores bizantinos. Sua inauguração deu-se em 09 de julho de 1901.

Estação de ferro de Jaú

A estação nova de Jaú foi construída em 1941, especialmente para a linha nova retificada, substituindo a antiga estação de Jaú, aberta em 1887 e agora colocada fora da passagem dos trilhos do tronco, atendendo somente à Douradense. Jaú-nova também foi ligada a Jaú-velha, nesse mesmo ano, permitindo também a baldeação do tronco oeste para a Douradense. Em 1986, o seu estado era bom, mas com o passar dos anos, foi sendo abandonada, passando a abrigo de mendigos. No final de 2000, pessoas da cidade resolveram tomar a iniciativa de restaurar a estação, lentamente, mas tirando-as aos poucos do abandono. O último trem de passageiros, em 15 de março de 2001, passou por uma estação sendo reformada depois de anos de abandono. Em 06/04/2002 a estação foi "reinaugurada" como sala de música, estando hoje, segundo moradores de Jaú, no circuito cultural da cidade.



Histórico da Linha
: O chamado tronco oeste da Paulista, um enorme ramal que parte de Itirapina até o rio Paraná, foi constituído em 1941 a partir da retificação das linhas de três ramais já existentes: os ramais de Jaú (originalmente construído pela Cia. Rio-clarense e depois por pouco tempo de propriedade da Rio Claro Railway, comprada pela Paulista em 1892), de Agudos e de Bauru. A partir desse ano, a linha, que chegava somente até Tupã, foi prolongada progressivamente até Panorama, na beira do rio Paraná, onde chegou em 1962. A substituição da bitola métrica pela larga também foi feita progressivamente, bem como a eletrificação da linha, que alcançou seu ponto máximo em 1952, em Cabrália Paulista. Em 1976, já com a linha sob administração da FEPASA, o trecho entre Bauru e Garça que passava pelo sul da serra das Esmeraldas, foi retificado, suprimindo-se uma série de estações e deixando-se a eletrificação até Bauru somente. Trens de passageiros, a partir de novembro de 1998 operados pela Ferroban, seguiram trafegando pela linha precariamente até 15 de março de 2001, quando foram suprimidos.

Estação de ferro de Jaú-velha



A estação original de Jaú foi construída pela E. F. Rioclarense em 1887, como ponta da linha do então ramal de Jaú. Nos anos 10, o prédio original foi substituído por um novo, igual ao da futura estação de Piracicaba, que seria inaugurada em 1922. Em 1/6/1939, a estação foi ligada à antiga estação de Jaú-Dourado, da E. F. do Dourado, permitindo que os passageiros e cargas das duas ferrovias pudessem fazer a baldeação diretamente nas estações.

A estação de Jaú permaneceu como ponta do ramal até sua desativação, em 15/11/1941, com a retificação do trecho Itirapina-Bauru, quando Jaú passou a fazer parte do tronco oeste, e a inauguração de uma nova estação. Portanto, enquanto Jaú-nova sempre foi parte do tronco, Jaú-velha sempre foi apenas ponta de um ramal. Depois disso, ficou desativada de 1940 a 1957, quando passou a ser utilizada como estação terminal do ramal de Jaú-dourado, com a demolição da velha estação da Douradense, nesse mesmo ano.

A Paulista havia adquirido a outra ferrovia oito anos antes, e não se justificavam três estações na cidade, já que Jaú-nova funcionava normalmente, mas fora da área urbana de então. Jaú-velha acabou por ser demolida, em 1973, nove anos depois da desativação do ramal de Jaú-dourado, em 1964. No seu lugar se construiu a estação rodoviária da cidade. Entre 1941 e 1957, quando Jaú tinha três estações, Jaú-nova, Jaú-velha, desativada e Jaú-dourado, as três estavam ligadas para facilitar a movimentação de trens entre uma estação e outra. A linha métrica passava pela estação de Jaú-dourado, daí seguia para Jaú-velha, cerca de 500 metros mais à frente, e daí, aproveitando um pequeno pedaço da antiga linha métrica do extinto ramal de Jaú, seguia pela atual avenida Zezinho Magalhães, passando por dois armazéns ferroviários que existem até hoje, e, logo que passava à frente da casa do Conde de Pinhal, desviava-se para a esquerda (por uma "alça" construída em 1941 para esse fim) e alcançava a estação nova, a cerca de 500 metros naquela direção.

Histórico da Linha: O chamado tronco oeste da Paulista, um enorme ramal que parte de Itirapina até o rio Paraná, foi constituído em 1941 a partir da retificação das linhas de três ramais já existentes: os ramais de Jaú (originalmente construído pela Cia. Rio-clarense e depois por pouco tempo de propriedade da Rio Claro Railway, comprada pela Paulista em 1892), de Agudos e de Bauru. A partir desse ano, a linha, que chegava somente até Tupã, foi prolongada progressivamente até Panorama, na beira do rio Paraná, onde chegou em 1962. A substituição da bitola métrica pela larga também foi feita progressivamente, bem como a eletrificação da linha, que alcançou seu ponto máximo em 1952, em Cabrália Paulista. Em 1976, já com a linha sob administração da FEPASA, o trecho entre Bauru e Garça que passava pelo sul da serra das Esmeraldas, foi retificado, suprimindo-se uma série de estações e deixando-se a eletrificação até Bauru somente. Trens de passageiros percorreram a linha até fevereiro de 2001.

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  • Curiosidades

Fazenda de Água

Jaú tem, provavelmente, a única fazenda produtora de água do Brasil. Trata-se da Fazenda Borralho, de mais ou menos 70 alqueires, no município de Mineiros do tiête, comprada pela Prefeitura de Jaú, em 1911, na gestão do Coronel José Veríssimo Romão.

Situada a uma altura de 700 metros em sua nascente, a água da fazenda Borralho é canalizada para Jaú, que está a 510 metros, por declive, através de 27 Km de tubos de aço de 6 polegadas comprados na Alemanha. Nunca houve até hoje um vasamento sequer neste sistema.

A água da fazenda Borralho abastece uma caixa de 1.000.000 de litros na Av. Zezinho Magalhães, na Vila Sampaio.

Cano Torto



Construído no século passado para dar de beber às tropas e aos tropeiros que vinham do sertão, o cano torto despejava água num bebedouro em forma de concha, próximo ao rio Jaú, hoje rua Tenete Lopes. Diz a lenda que os tropeiros que bebiam daquela água, voltavam para o povoado, para ficar. "Quem bebe água do 'canão' um dia volta", diziam os moradores. Moças solteiras a procura de marido, usando a astúcia feminina, aproveitavam-se da lenda, guardavam em casa uma garrafa com água do "canão"e serviam aos namorados forateiros. Mais tarde serviu para o banho de formatura dos alunos da Academia e dos atiradores do tiro de Guerra.

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