dr. Pintassilgo

São José dos Campos

Denominações anteriores: Vila nova de São José, Vila de São José do Sul e Vila de São José do Paraíba.

Fundadores: Índios guaianazes.

Data da fundação: 10 de setembro de 1611



A povoação teve seu começo na segunda metade do século XVI, por um aldeamento de parte da tribo de índios guaianases, emigrados de Piratiniga, sendo fundada no alto do Rio Comprido, à distância de 10 quilômetros da atual cidade, pelo Padre José de Anchieta, sendo esse lugar, até hoje, conhecido com a denominação de Vila Velha. Esse aldeamento foi algum tempo depois abandonado, obtendo jesuítas, pelos anos de 1643 a 1660, quatro léguas de terras em quadra, nas quais, com os índios que restavam daquele primeiro aldeamento, fundaram outro em suas fazendas, formando o povoado.

Os jesuítas agiam ativamente na direção do núcleo populoso, dando-lhe impulso e construíram um convento, assim como a Matriz. Foram decorridos longos anos, caminhando o aldeamento a passos lentos, embora progredindo sempre. Com a expulsão dos jesuítas, em 1769, agregaram-se aos índios alguns brancos, sob a direção do capitão-mor de Jacareí, José de Araújo Coimbra, os quais deram impulso à povoação.

Foi criada a Vila, com o nome de São José do Paraíba, pelo ouvidor e corregedor Salvador Pereira da Silva, de ordem do Capitão-general D. Luiz Antonio de souza Botelho Mourão, fato este anormal, que determinou severas críticas, por criar a Vila de São José antes de ter providenciado a ereção de freguesia. Teve a povoação várias denominações como sejam: Vila Nova de São José, Vila de São José do Sul, Vila de São José do Paraíba e finalmente São José dos Campos, em atenção ao seu aspecto topográfico. Foi elevada a município, por Ordem de 27 de julho de 1767, com a denominação de São José da Paraíba, em território desmembrado de Jacareí, verificando-se a criação do distrito por Ordem de 3 de novembro de 1768.

A sede municipal foi elevada à categoria de cidade por força da Lei provincial nº27, de 22 de abril de 1864. Pela Lei nº47, de 2 de abril de 1871, passou a denominar-se São José dos Campos. Pela Lei número 46, de 6 de abril de 1872, foi criada a Comarca de São José dos Campos. O Decreto nº7007, de 12 de março de 1935, deu-lhe a categoria de Estância Climatérica e de Repouso; por sua vez, a Lei nº1, de 18 de setembro de 1947 (Lei Orgânica dos Municípios), atribuiu-lhe a categoria de Estância Hidromineral Natural.

Como município foi criado com a freguesia de São José do Paraíba (São José dos Campos). Foram incorporados: Igaratá (ex-N.S. do Patrocínio de S. Isabel), pela Lei número 24, de 19 de abril de 1864; São Francisco Xavier, pela Lei nº59, de 16 de agosto de 1892; Santana do Paraíba, pelo Decreto nº6739, de 3 de outubro de 1934; Eugenio de Melo, pelo Decreto nº6638, de 31 de agosto de 1934; Monteiro Lobato (ex-Buquira), pelo Decreto número 6448, de 21 de maio de 1934. Foram desmembrados: Igaratá (ex-N.S. do Paraíba de S. Isabel), pela Lei nº64, de 8 de maio de 1868; Monteiro Lobato (ex-Buquira), pela Lei nº 223, de 24 de dezembro de 1948. Consta atualmente dos seguintes distritos. São José dos Campos com 2 subdistritos – 1º São José dos Campos, 2º Santana do Paraíba; eugenio de Melo e São Francisco Xavier.
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  • Origem do nome

A povoação teve várias denominações: Vila Nova de São José, Vila de São José do Sul e Vila de São José do Paraíba, tendo como esta última, foros de cidade. Em atenção ao aspecto topográfico, pela Lei Provincial nº47, de 2 de Abril de 1871, passou a chamar-se São José dos Campos.
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  • Personagens

Cassiano Ricardo (C. R. Leite)

Jornalista, poeta e ensaísta, nasceu em São José dos Campos, SP, em 26 de julho de 1895, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de janeiro de 1974. Eleito em 9 de setembro de 1937 para a Cadeira n. 31, na sucessão de Paulo Setúbal, foi recebido em 28 de dezembro de 1937 pelo acadêmico Guilherme de Almeida.

Era filho de Francisco Leite Machado e Minervina Ricardo Leite. Fez os primeiros estudos na cidade natal. Aos 16 anos publicava o seu primeiro livro de poesias, Dentro da noite. Iniciou o curso de Direito em São Paulo, concluindo-o no Rio, em 1917. De volta a São Paulo, foi um dos líderes do movimento de reforma literária iniciada na Semana de Arte Moderna da 1922, participando ativamente dos grupos "Verde Amarelo" e "Anta", ao lado de Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Cândido Mota Filho e outros. Formaram a fase que Tristão de Athayde classifica de nacionalista.

No jornalismo, Cassiano Ricardo trabalhou no Correio Paulistano (de 1923 a 1930), como redator, e dirigiu A Manhã, do Rio de Janeiro (de 1940 a 1944). Em 1924, fundou a Novíssima, revista literária dedicada à causa dos modernistas e ao intercâmbio cultural pan-americano. Também foi o criador das revistas Planalto (1930) e Invenção (1962).

Em 1937 fundou, com Menotti del Picchia e Mota Filho, a "Bandeira", movimento político que se contrapunha ao Integralismo. Dirigiu, àquele tempo, o jornal O Anhangüera, que defendia a ideologia da Bandeira, condensada na fórmula: "Por uma democracia social brasileira, contra as ideologias dissolventes e exóticas."

Eleito, em 1950, presidente do Clube da Poesia em São Paulo, foi várias vezes reeleito, tendo instituído, em sua gestão, um curso de Poética e iniciado a publicação da coleção "Novíssimos", destinada a publicar e apresentar valores representativos daquela fase da poesia brasileira. Entre 1953 e 1954, foi chefe do Escritório Comercial do Brasil em Paris.

Poeta de caráter lírico-sentimental em seu primeiro livro, ligado ao Parnasianismo/Simbolismo, em A flauta de Pã (1917) adota a posição nacionalista do movimento de 1922, revelando-se um modernista ortodoxo até o início da década de 40. As obras Vamos caçar papagaios (1926), Borrões de verde e amarelo (1927) e Martim Cererê (1928) estão entre as mais representativas do Modernismo. Com O sangue das horas (1943), inicia uma nova e surpreendente fase, passando do imagismo cromático ao lirismo introspectivo-filosófico, que se acentua em Um dia depois do outro (1947), obra que a crítica em geral considera o marco divisório da sua carreira literária. Acompanhou de perto as experiências do Concretismo e do Praxismo, movimentos da poesia de vanguarda nas décadas de 50 e 60. A sua obra Jeremias sem-chorar, de 1964, é bem representativa desta posição de um poeta experimental que veio de bem longe em sua vivência estética e, nesse livro, está em pleno domínio das técnicas gráfico-visuais vanguardistas.

Se a sua obra poética é tida como uma das mais sérias e importantes da literatura brasileira contemporânea, a de prosador é também relevante. Historiador e ensaísta, Cassiano Ricardo publicou em 1940 um livro de grande repercussão, Marcha para Oeste, em que estuda o movimento das entradas e bandeiras.

Cassiano Ricardo pertenceu ao Conselho Federal de Cultura e à Academia Paulista de Letras. Na Academia Brasileira de Letras, teve atuação viva e constante. Relator da Comissão de Poesia em 1937, redigiu parecer concedendo a láurea ao livro Viagem, de Cecília Meireles. Para a vitória do seu ponto de vista, manteve destemido confronto. Saiu vitorioso, e Viagem foi o primeiro livro da corrente moderna consagrado na Academia. Ao lado de Manuel Bandeira, Alceu Amoroso Lima e Múcio Leão, Cassiano Ricardo levou adiante o processo de renovação da Instituição, para garantir o ingresso dos verdadeiros valores.

George Rembrandt Gutlich

O artista plástico George Rembrandt Gutlich nasceu em São José dos Campos (SP) em 1968. Formado em Artes Plásticas e pós-graduado em Museologia, atualmente cursa Mestrado em Engenharia Ambiental (enfoque em paisagem). Dentre as principais exposições coletivas destacam-se as da Universidade de Santiago (Chile), em 1993, Coletiva de Gravadores Paulistas - UNB, em 1994, Internacional Mail Art - Havana (Cuba), em 1995 e Mostra de Gravura Rio - Rio de Janeiro (1999).

Realizou exposições individuais em galerias de arte do Vale do Paraíba (SP), no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, em 1995 e na Galeria SESC Paulista, em 1997.

Atualmente, é coordenador da Oficina de Gravura da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, em São José dos Campos, professor da disciplina Plástica na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Taubaté, professor da disciplina de Desenho da Paisagem nos cursos Técnico e de Aperfeiçoamento em Paisagismo do SENAC São Paulo e professor da disciplina Gravura da Faculdade de Artes Plásticas da Universidade Brás Cubas - Mogi das Cruzes (SP).
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  • Locais históricos

Grupo escolar de Santana

Destacando-se como um dos polos comerciais do município, na década de 20 implantou-se uma política de melhoramentos no bairro.
Nesse sentido, em maio de 1920 foram atendidas as reivindicações dos moradores de Santana com a criação no local do 2o Grupo Escolar de São José dos Campos. As manifestações estão registradas, já em 1905, no jornal "O Caixeiro", quando se argumentava a grande distância do bairro ao único grupo escolar do município (Olympio Catão). O prédio funciona até os dias atuais como escola, abrigando a Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus "Santana do Paraíba".

Igreja de São Benedito

A Igreja de São Benedito teve suas obras iniciadas em 1870, com recursos provenientes de festas e quermesses em louvor ao "Santo Preto". A técnica construtiva adotada foi a da taipa de pilão, conduzida por José Vicente, conhecido por "Zé Taipeiro". As primeiras providências para o início da construção da igreja são encontradas na Ata de Reunião da Irmandade de São Benedito do dia 20 de junho de 1869, quando houve o pedido de compra da taipa. A partir de então, começou-se a arrecadar fundos para a obra, sendo paralisada por várias vezes por falta de verba. A inauguração ocorreu em 1876.

Em 1933, transformou-se provisoriamente em Matriz, época em que a antiga igreja na praça João Pessoa foi demolida. Hoje não cumpre mais função religiosa sistemática, abrigando nas laterais da nave principal a Diretoria de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, responsável pelo Museu Municipal, Arquivo Público do Município e Departamento de Patrimônio Histórico, atuando, também, como espaço para atividades culturais.

Capela de São Miguel

Posicionada na entrada de um antigo cemitério municipal, datado de 1830, a Capela de São Miguel foi construída nos fins do século XIX. Desativado desde 1880, o cemitério desapareceu, dando lugar a diversos prédios. Ao longo dos anos, o edifício sofreu várias reformas. Em fins da década de 20, houve a ampliação dos seus espaços, com a construção de um anexo, que permanece até os dias atuais. A Capela continua sendo local de orações dos devotos do santo, que anualmente se reúnem no mês de setembro para o "Tridum", ocasião em que também se realiza a quermesse. O espaço também é utilizado para velórios.

Antigo Teatro São José (Atual Biblioteca Pública Cassiano Ricardo)

Localizado à Rua XV de Novembro, nº 99, o atual edifício da Biblioteca Pública "Cassiano Ricardo" originou-se de sugestão de uma comissão municipal que em 1907 propôs a construção de um teatro para a cidade. Em estilo eclético, foi construído pelo Major de Finis e teve como mestre de obras, Graciano Fachini. Em 24 de dezembro de 1910 foi inaugurado o "Theatro São José", o primeiro teatro do município, cujo proprietário era Bertolino Leite Machado. Durante as décadas de 10 e 20, tornou-se o centro da vida cultural do município, funcionando também como cinema e local para bailes populares. Em 16 de agosto de 1934, os prédios onde estavam instalados o teatro, o "Bar do Teatro" e mais um terreno anexo foram adquiridos pela Prefeitura Municipal. O edifício foi reformado em 1941 para abrigar a sede da Prefeitura. Em 1948, a Câmara também passou a funcionar no local, permanecendo ali até 1967, quando foi transferida para seu atual prédio, na Praça Afonso Pena.

No final da década de 70, com a saída do Executivo para o novo Paço Municipal, a Biblioteca Pública foi transferida para o local. Também foram agregados ao prédio e seus anexos outras repartições municipais (Arquivo Geral da Prefeitura, Fundação de Apoio ao Estudante, Artesanato da Unipas e Zona Azul), restringindo drasticamente o espaço e reduzindo os serviços prestados pela Biblioteca.

Em 1986, após a criação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (Comphac) e da legislação de patrimônio, o edifício passou a ser o primeiro imóvel preservado por lei pelo Município. Na ocasião, o Comphac propôs a classificação de EP-1, que preserva bens móveis ou imóveis em sua totalidade, aprovada pela Câmara através da Lei Nº 3.142/86, de 9 de junho daquele ano. Para que a proposta de restauração do edifício pudesse ser implementada foi necessário modificar a lei de preservação de EP-1 para EP-2, que permite modificações, desde que as características básicas do edifício sejam preservadas e as alterações sejam aprovadas pelo Comphac.

Em 12 de maio de 1994, a Câmara aprovou a Lei No 4.567/94, de 12 de maio de 1994, mudando a classificação do edifício para EP-2. Atualmente, os antigos anexos foram demolidos e o prédio passa por processo de restauração das fachadas e adaptação interna para uso da Biblioteca.

Apenas um anexo será reconstruído para sediar salas de exposições e de leitura de jornais e revistas, auditório, biblioteca infanto-juvenil, videoteca e parte da área permanecerá livre para a construção de uma praça.

Igreja Nossa Senhora Aparecida

Localizada em frente ao antigo Largo do Mercado, a Igreja Nossa Senhora Aparecida foi construída no início do século em um terreno onde antes havia uma pequena capela. No local, denominado Largo d'Aparecida, havia um bebedouro para os burros de tropas, cavalos e bois de carro, que vinham da zona rural trazendo produtos hortifrutigranjeiros para comercialização no Mercado.

O prédio foi construído pela família Cursino como capela particular, em estilo neoclássico, com uma torre tipo mourisca. Possuía uma sala de milagres com diversos santos que foram doados para a Igreja desde a sua construção. Em meados da década de 80 os herdeiros de Francisco Alves Silva Cursino doaram o prédio para a Mitra Diocesana e a Igreja começou a receber a visita de um padre, que ali celebrava missa.

Abandonada e se deteriorando progressivamente, a Capela foi preservada pela Lei Municipal n 3366/88, de 11 de agosto de 1988, como Elemento de Preservação Nível 1 (EP-1). Com a aquisição do imóvel pela Prefeitura Municipal em julho de 1996, o espaço voltará a ser reutilizado, após o processo de restauro e revitalização, para fins culturais. O trabalho de recuperação do prédio está sob responsabilidade técnica do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.


Estação de ferro de São José dos Campos

A estação de São José dos Campos (a original) foi inaugurada pela E.F. do Norte em 1876. Devido a um grande desastre ocorrido na cidade por causa de uma curva de difícil manejo, a EFCB decidiu mudar o traçado da ferrovia criando uma nova variante pela várzea (o chamado Banhado), que tangenciava a cidade pelos campos de Santana, local da nova estação. O medo de que a mudança da estação esvaziasse economicamente o centro gerou oposição na cidade, liderada por Napoleão Monteiro, editor do "Correio Joseense".

O seu prestígio e os seus vínculos com o Partido Republicano chegaram a paralisar as obras, passando-se a estudar a transferência apenas do terminal de cargas, permanecendo a estação de passageiros no local tradicional, além da proposta de que fossem rebaixados os trilhos, permanecendo entrincheirada a ferrovia. Porém, as obras da nova estação foram iniciadas em julho de 1922 e o prédio foi inaugurado, agora na avenida Sebastião Gualberto, em 19/09/1925, exatamente às 4 da tarde, com banda de música e tudo. Poucos meses antes disso, porém, a Central tentou dar à futura nova estação o nome de Doutor Dutra, engenheiro da ferrovia, o que gerou inúmeros protestos na cidade. No mesmo dia da inauguração da estação, foi aberta a variante de 7,120 km, fechando-se então dois postos provisórios nos km 387 e 392 que ficavam nos entroncamentos da linha velha com a variante.

A estação de São José dos Campos segue operando até hoje, atendendo à MRS, que obteve a concessão do ramal desde 1998. É comum ver-se trens manobrando em seus desvios mesmo em fins de semana.

Histórico da Linha
: Em 1869, foi constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba a E. F. do Norte (ou E. F. São Paulo-Rio), que abriu o primeiro trecho, saindo da linha da S.P.R. no Brás, em São Paulo, e chegando até a Penha. Em 12/05/1877, chegou a Cachoeira (Paulista), onde, com bitola métrica, encontrou-se com a E.F.Dom Pedro II, que vinha do Rio de Janeiro e pertencia ao Governo Imperial, constituída em 1855 e com o ramal, que saía do tronco em Barra do Piraí, Província do Rio, atingindo Cachoeira no terminal navegável dois anos antes e com bitola larga (1,60m).

A inauguração oficial do encontro entre as duas ferrovias se deu em 8/7/1877, com festas. As cidades da linha se desenvolveram, e as que eram prósperas e ficaram fora dela viraram as "Cidades Mortas"... O custo da baldeação em Cachoeira era alto, onerando os fretes e foi uma das causas da decadência da produção de café no Vale do Paraíba. Em 1889, com a queda do Império, a E.F.D.Pedro II passou a se chamar E.F.Central do Brasil, que, em 1890, incorporou a E.F. do Norte, com o propósito de alargar a bitola e unificá-las. Os trabalhos começaram em 1902 e terminaram somente em 1908. Em 1957 a Central foi incorporada pela Refesa. O trecho entre Mogi e São José dos Campos foi abandonado no fim dos anos 80, pois a construção da variante do Parateí, mais ao norte, foi aos poucos provando ser mais eficiente.

Em 31 de outubro de 1998, o transporte de passageiros entre o Rio e São Paulo foi desativado, com o fim do Trem de Prata, mesmo ano em que a MRS passou a ser a concessionária da linha. O transporte de subúrbios, existente desde os anos 20 no ramal, continua hoje entre o Brás e Estudantes, em Mogi.
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  • Curiosidades

Companhia de Fiação e Tecelagem Paraíba

A primeira referência à instalação de uma fábrica de tecidos no Município encontra-se no semanário "Correio Joseense", de 30 de abril de 1925, referindo-se ao início das obras de edificação da Companhia Fiação e Tecelagem Parahyba, fundada por capitalistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em junho de 1925, a Fiação e Tecelagem Paraíba arrematou em leilão público as terras dos herdeiros de Benedito Dias Pereira, próxima da então recém-construída nova Estação Ferroviária de São José dos Campos, para a instalação da fábrica. O funcionamento iniciou-se no ano seguinte, especializando-se na manufatura de brins e cobertores.
Em 1934, a Tecelagem ocupava uma área total de 150.000 m2, com 850 operários, produzindo em média 60.000 cobertores e 350.000 metros de brim por mês. Nesta época, a empresa já possuía uma cooperativa para venda de gêneros de uso corrente e alimentos para os seus funcionários. Sob o patrocínio da Tecelagem, os operários mantinham uma Caixa Beneficente para assistência médica. Possuía ainda banda musical, clube de futebol e um clube recreativo.

No ano de 1938, a Tecelagem possuía em seu quadro 1200 funcionários, correspondendo a 8% dos 14.474 habitantes da Zona Urbana do Município, com uma produção mensal de 170.000 cobertores e 180.000 metros de brim. Nesta época, anexa à Tecelagem funcionava uma escola de alfabetização, em dois períodos diários.

Nos anos 50, a empresa registrou grande expansão destacando-se a construção de galpões para a fábrica, o complexo da Usina de Leite e a ala residencial da família projetados por Rino Lévi e Carlos Millán, acompanhados de painéis e paisagismo de Roberto Burle Marx.

Neste período, foram projetados e executados a Escola Primária Suely Antunes (1950), com projeto de Carlos Millán e Carvalho Franco; a residência Olivo Gomes (1951), com projeto de Rino Lévi e paisagismo de Burle Marx; residência (1951), com projeto de Carlos Millán e Carvalho Franco; Mercado Para Operários (1951), com projeto de Rino Lévi; Galpão Para Equipamentos (1953), com projeto de Rino Lévi e um painel de Burle Marx; Hangar para aviões (1953), com projeto de Rino Lévi; Estádio de Futebol (1957), com projeto de Rino Lévi; Usina de Leite (1963), com projeto de Rino Lévi e paisagismo de Roberto Burle Marx.

Existiram ainda outros projetos de Rino Lévi que não foram executados ou as construções foram posteriormente demolidas: Conjunto Residencial Para Operários (1952), Conjunto Residencial (1955) e Sede do Clube dos Operários (1957).

Nas décadas de 50 e 60, a indústria controlava cerca de 70% do mercado nacional de cobertores de mantas. No mesmo período, a Fazenda da Tecelagem atinge destaque em produtividade, despertando a atenção da Fundação Rockfeller, motivo pelo qual passou a sediar vários eventos internacionais.

Na década de 70, a empresa passou a exportar seus produtos para diversos países, tais como Canadá e Estados Unidos. A produção diversificou-se ainda mais, com a produção de colchas agulhadas e novos equipamentos foram incorporados à fábrica. Entretanto, com os novos rumos da economia do país, a falta de modernização dos processos produtivos e as dificuldades financeiras enfrentadas fizeram com que a Tecelagem entrasse em falência, em outubro de 1993.

Atualmente, a empresa está gradativamente desocupando o local. Após um acordo entre o Município e o governo do Estado, a Fundação Cultural Cassiano Ricardo ocupou 5.300 m2, além de o governo estadual ter transferido para a área o Escritório Regional de Articulação e Planejamento (Erplan) e a Delegacia Regional de Cultura do Vale do Paraíba.

A área referente à antiga cooperativa de laticínios está penhorada ao Banco do Estado de São Paulo (Banespa). Outras áreas foram entregues ao Banco Econômico, Banco do Brasil ou permanecem em poder da família.

Na área desapropriada, a Prefeitura está instalou o Parque da Cidade, que objetiva restaurar e preservar o patrimônio arquitetônico, ambiental e paisagístico, abrindo a área à utilização da população. Neste sentido, o Executivo Municipal já encaminhou solicitação ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) para que estas instituições iniciem o processo de tombamento das obras e bens de valor cultural presentes no local.

Parque Santos Dumont

Com uma área 46.346,50 m², o Parque Santos Dumont é um local muito agradável, onde a população joseense pode frequentar sempre que desejar, pois está localizado na região central da cidade e possui áreas de lazer ideais para toda a família.

O Parque possui algumas atrações como um lago com criação de peixes e aves, uma pista de cooper e aparelhos de ginástica, para os esportistas frequentadores, possui ainda quiosques equipados com churrasqueiras, além de abrigar 02 (duas) Escolas de Educação infantil com Play-Ground para crianças de até 10 anos.

Banhado

É uma região imediatamente contígua ao centro urbano de São José dos Campos.

Consiste de uma área de várzea que se abre após um declive abrupto, formando uma extensa planície que se alonga até o Rio Paraíba do Sul.
É um cenário único, totalmente integrado à paisagem urbana local.

Essa integração se faz notar principalmente nos finais de semana de céu limpo, quando o pôr do sol é a grande atração, levando muitas pessoas à Avenida Anchieta na orla do Banhado.

Visando a preservação da região do Banhado, a Lei Municipal nº 3721 de 1990, que dispõe sobre o uso do solo do município, classifica a referida região em cinco áreas compartimento, onde cada uma delas possui parâmetros exclusivos de uso e ocupação do solo.

Parque da Cidade

Desde 1996, parte da antiga Fazenda da Tecelagem Paraíba foi transformada em Parque da Cidade, e desde então, tornou-se mais um espaço de lazer para São José dos Campos.

Com um total de área de 516.000 m², o Parque possui vários atrativos como lago, ilha artificial e uma ampla área verde ideal para trilhas para caminhadas e por onde circulam animais típicos da região, como as capivaras e garças, que com certeza fazem o visitante sentir-se em um verdadeiro espaço natural.

Dentro do Parque, se encontra também, a antiga residência da família Olivo Gomes que conta com projeto arquitetônico do escritório de Rino Levi e tratamento paisagístico de Roberto Burle Marx, e que pode ser vista e apreciada por todos os que lá visitam.

Mercado Municipal

O atual Mercado Municipal de São José dos Campos teve sua construção iniciada em 18 de setembro de 1921, sendo concluído em 11 de março de 1923, durante a gestão do prefeito João Alves da Silva Cursino. Situado no local do mercado anterior, entre as ruas Siqueira Campos, Sete de Setembro, Sebastião Húmel e Travessa Chico Luiz, foram realizadas obras de reforma e ampliação. Este empreendimento inseriu-se no projeto de melhoramento da cidade, num momento de expansão urbana e adequação às exigências sanitaristas acirradas na década de 20, noticiado pelo jornal "Correio Joseense" de 05 de junho de 1921.

O edifício anterior, cujas obras foram iniciadas no ano de 1896, ocupava aproximadamente um terço do atual, sendo que os outros dois terços do quarteirão eram constituídos pelo então conhecido "Largo do Mercado". Em 1865, parte desta área foi comprada pela Prefeitura e parte doada pelo antigo proprietário João Caetano de Mascarenhas Ferraz, destinada especificamente para o Mercado Municipal, conforme está inscrito no Livro de Registros de Ofícios (1863-1872) do Arquivo da Prefeitura Municipal, em 1866.

O edifício foi preservado pela Lei Municipal nº4595/94, de 04 de julho de 1994, como Elemento de Preservação Nível 2 (EP-2).

Em 1994, foi realizada a cobertura do edifício e o Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural Cassiano Ricardo elaborou uma proposta de recuperação das cores originais das fachadas do Mercado.

Cinema para todos

Inaugurado em 1941, seu prédio revelava a modernidade do projeto do arquiteto Tadeu Giuzio, construído à base de concreto e aço, em estilo art-deco.

Com o encerramento das atividades do Teatro "São José" no ano anterior, o Cine Paratodos veio suprir a falta de um estabelecimento cultural no município, com capacidade para 1.830 espectadores sentados.

O edifício é preservado pela Lei Municipal n 3358/85, de 15 de julho de 1988, por seu valor cultural e arquitetônico, como Elemento de Preservação Nível 2 (EP-2).


Hino

"Ei-la envolta na neblina
Debruçada na colina,
Sob o olhar da Mantiqueira
São José a hospitaleira
São José bicentenária

Das mãos de Anchieta nascida,
Desta terra legendária
Que alegre vivas unida
No teu trabalho febril
Que o orgulho sejas do Vale
A cidade que mais cresce
Pois o título desvanece

Ei-la envolta na neblina
Debruçada na colina,
Sob o olhar da Mantiqueira
São José a hospitaleira
São José bicentenária

De operário a estudante,
Teu sangue novo estoante
Flui da escola à oficina
E da fé te ilumina,
Unes o livro ao esmeril,
Terra de obreiro e de bardo,
Que tens Cassiano Ricardo
O Poeta do Brasil"

Letra - Vítor Machado de Carvalho
Música - Maestro Pepe Ávila


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