Turma do dominó

9/3/2005
Mauricio Bernardi

"Nos tempos em que a legislação trabalhista ainda previa a estabilidade, um amigo meu trabalhava em um banco que atravessava dificuldades financeiras. Nesse banco havia dois grupos de funcionários: os que estavam empenhados, de corpo e alma, na recuperação administrativa e financeira da instituição e os que, não querendo muito sacrifício, retiravam-se para uma sala que lhes fora reservada, exclusivamente, para jogarem dominó. Aí o meu amigo foi chamado à direção e perguntaram se ele estava disposto a “vestir a camisa do banco”. Ele respondeu, laconicamente: não, vou para o dominó. E ficou dois anos nessa atividade lúdica, tornando-se um ás das pecinhas pretas, até ingressar na carreira pública, mediante concurso. A estabilidade foi abolida da legislação brasileira, mas, parece estar arraigada em nossas práticas burocráticas. Virgílio Guimarães acaba de ser suspenso, por um ano, do PT. Não terá nenhuma participação na vida partidária, mas, pretende continuar filiado para poder candidatar-se nas eleições de 2006. Na mesma situação encontram-se Roseana Sarney, licenciada do PFL, que poderá ser indicada para um ministério, desde que se transfira para o PMDB e Ciro Gomes, que continua no PPS, embora sem nenhuma participação nas atividades partidárias. Assim, ou votamos uma reforma política que transforme os partidos em algo mais que um trampolim eleitoral, ou institucionalizamos a cultura do dominó."

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