Águas de abril

8/4/2010
Olavo Príncipe Credidio – OAB/SP 56.299

"Senhor Diretor, ao ler e ver o número de mortes devido às chuvas eu fico pensando: sem dúvida os políticos brasileiros que chegam aos comandos são insensíveis com o sofrimento do povo, sejam, de que categoria for direita, centro ou esquerda (Migalhas 2.360 - 6/4/10 - "Águas de abril"). Como pensar em fazer campeonatos, no Rio de Janeiro, com aquele pessoal morando donde mora, em morros, com riscos de vida. Reservam bilhões para obras, que não servirão para nada, após os eventos, e o povão que se dane, e como este é pacato! Depois socorrem o Haiti, e o povo daqui? Não só daqui, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, sujeitos a temporais constantes? Eu não voto desde os meus 70 anos porque não vejo em quem votar, tenho 84 recentemente, e não vejo em quem votar nas próximas eleições. Sim, há algumas figuras importantes, íntegras, mas de que valem defrontando-se com a maioria? Deparamos com políticos corruptos, tão cínicos, que propõem leis em defesa deles próprios e pior, não os vemos condenados, pois o Judiciário, ou esbarra nessas leis, ou compõe-se com eles, interpretando-as com eles, a favor deles, mesmo quando elas não os protejam. Bem acho que falei demais, mesmo porque não vejo soluções breves com os políticos profissionais, sempre os mesmos, em defesa de seus polpudos ganhos, de seus estelionatos. Sempre fui contra ditaduras; mas defendo as memórias do Getúlio e até dos Militares que se apossaram do poder por mais de vinte anos, porque, pelo menos, não privatizaram aquilo que o Getúlio preservou, para o futuro. Com o advento da democracia, vimos nossos bens do solo, metais e petróleo, serem privatizados, doados de mão beijada; e vemos que nosso povo vive em favelas, em morros, sujeitos a morrer esmagados nas catástrofes, quando chove, quando mudamos para aqueles que se dizia de esquerda. Como confiar?"

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