Entendendo Gilberto Gil

17/3/2005
Newton Guerra Garcia junior

"Achei no mínimo interessante a carta que recebi via e-mail e, portanto, submeto-a para se possível desvendar o conteúdo da manifestação de nosso ilustre ministro. 

Carta ao Ministro Gilberto Gil - IMPERDIVEL Brasília, 1º de março de 2005 - Meu caro ministro Gilberto Gil, Não tive o privilégio de conhecer, na íntegra, o seu comentado panegírico sobre a música brasileira. Tomei conhecimento, pela Internet, de um trecho apenas. Rogo sua ministerial licença para reproduzi-lo e, sobre ele, tecer um pequeno, mas sincero comentário: "É..., bom..., eu queria dizer que a metáfora da música brasileira na globalização efetiva dos carentes objetos da sinergia fizeram a pluralização chegar aos ouvidos eternos da geografia assimétrica da melodia..." (sic) Não sei se realmente se trata de um discurso ou se é parte da letra de alguma música sua. Depois de várias leituras, continuei sem entender o que a "mente brilhante" de V. Exa. queria dizer, mas acredito tratar-se de algo muito importante para a música. Afinal, o senhor é o ministro da Cultura e um famoso cantor/compositor (embora seu estilo musical não seja o de minha preferência). Diante da imponência intelectual de V. Exa., senti-me um verdadeiro grão de nada e, tomado por um repentino desespero, comecei a acreditar que burrice e incapacidade - algo muito comum em nossos dias - estavam embotando a minha modesta inteligência. É claro que não tenho a pretensão de ser tão preparado e sábio quanto o senhor. Contudo, imaginava-me capaz de, pelo menos, entender o que escrevem as pessoas, entre elas, o nosso preclaro Ministro da Cultura. Comecei, então, a amargar uma incontida tristeza até que, num domingo de fevereiro (13/2/05), lendo o Correio Braziliense, verifiquei que não sou o único que não entendeu bulhufas do que o senhor quis dizer. A professora Dad Squarisi também não "pescou" nada. Como vê, estou em excelente companhia, pois Dad Squarisi dispensa qualquer comentário. Parece-me, caro ministro, que os próceres do PT estão dando um "banho de cultura" no povo brasileiro. Outro dia foi o palavroso presidente Lula que se saiu com esta: "O holocausto foi um período obsceno na história da nossa nação. Quero dizer, na história deste século. Mas todos vivemos neste século. Eu não vivi nesse século..." (sic) Percebo que o senhor e o presidente Lula têm uma grande afinidade cultural: ambos conseguem se expressar com uma clareza de causar inveja em nossos acadêmicos imortais. Estou plenamente convencido de que o PT é um bando de cabeças à procura de idéias. Meu caro ministro, sem perder a elegância e desconsiderando o estupro intelectual de que estamos sendo vítimas quase que diariamente, devo dizer que, com a "Caríssima Trindade" (Lula da Silva na presidência, o senhor no Ministério da Cultura e Severino na cabeceira da Câmara), para que o Brasil ingresse no seleto e restrito grupo dos desenvolvidos falta apenas o sargento Garcia prender o Zorro. É só esperar. Receba V. Exa. minhas efusivas, candentes, inequívocas e indefectíveis profalsas (esta saudação não é minha. Foi dita pelo inesquecível e "Bem Amado" Paulo Gracindo, no papel do extraordinário personagem Odorico Paraguassu). Considero-a bem apropriada para encerrar esta carta. Continue escrevendo, meu caro ministro, afinal de contas precisamos afastar essa onda de tristeza que está tomando conta do nosso povo. Sinceramente, Geraldo José Chaves."

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