Circus

13/8/2010
Luiza Casasanta Lustosa de Andrade

"Ilmo. Dr. Adauto, Saudações. Acompanho sempre a coluna Circus no Migalhas e aprecio muito sua escrita (Migalhas 2.450 - 13/8/10 - "Circus nº 193" - clique aqui). Entretanto, não poderia me furtar a expressar minha discordância quanto às idéias apresentadas na edição 193, sob o título 'Placas'. Esclareço, inicialmente, que não sou de São Paulo e não estudei no Largo S. Francisco, o que talvez retire qualquer legitimidade das minhas opiniões sobre o assunto, mas, ainda assim, atrevo-me a proferi-las por ter sonhado, durante todo o período em que cursei direito, na UFMG, com uma medida semelhante à adotada em São Paulo a fim de melhorar a estrutura da vetusta casa de Afonso Pena. Certo é que não existem recursos suficientes para aprimorar a contento a qualidade do ensino público – ou, se existem, sabe-se lá por que tortuosos caminhos se perdem e não atingem seus fins – o que acaba resultando em salas de aula mal equipadas, com cadeiras quebradas e ventiladores estragados, bibliotecas obsoletas e, no caso particular do prédio em que estudei, um elevador que teve a audácia de 'cair para cima', atingindo com violência a laje do prédio, no décimo sexto andar, antes de retornar ao poço. Tive a oportunidade de conhecer o funcionamento de uma universidade em Liège, na Bélgica, onde, pasme, as instalações são verdadeiras formas de publicidade. Nas portas, é possível ler nomes como Sala de Informática Coca-Cola ou Laboratório de Química Nestlé. No interior das salas, equipamentos de última geração patrocinados pelos titulares permitem aos alunos uma educação mais aprimorada. A ideia, que em um primeiro momento me soou estranha, em poucos minutos se transformou em uma solução simples e de espetacular eficácia para o problema das verbas destinadas à educação. Quisera eu poder contar com pessoas que, em troca de verem uma sala batizada com seu nome, se dispusessem a arcar com a modernização das estruturas de minha faculdade. E, quanto à placa invisível com dizeres implícitos, não poderia ela trazer a mensagem: 'Faça como eu, dedique-se à sua profissão, seja ela qual for, e, com os frutos de seus esforços, abra caminho àqueles que vêm depois, contribuindo para sua educação' ? Respeitosamente,"

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