Racismo

18/4/2005
Abílio Neto – nordestino ofendido

"Denúncia, denúncia. José Grazziano, paulista, economista, ex-ministro da Fome, professor universitário em Campinas, em 2003, no auditório lotado da FIESP, defendeu a “brilhante” tese de que os nordestinos, por serem subnutridos, tiveram acentuadas algumas deformações nos seus cérebros que os tornam propensos ao banditismo. Sem ser biólogo, imputou às carências nutricionais que alteram os fatores biológicos dos nordestinos (sem exceção), a predisposição ao crime, uma forma de racismo descarado. Deste modo condenou à inferioridade, os nativos dos nove estados que formam a sub-raça criminosa (com traço de união separando a sub da raça normal), cumulando a geografia da fome com a do crime. Comprovando-se a denúncia, sugeriu que todos fossem segregados nos seus guetos, do contrário os habitantes do sudeste maravilha seriam forçados a andar sempre em carros blindados. Errou como cientista da vida humana, estudioso do crime, e como assistente social do governo, pois não acabou com a fome. Acertou em cheio no preconceito. Mas como existe o jumento nordestino não poderia faltar o asno paulista em associação animalesca. Seu endereço ainda é no Planalto onde continua assessor e professor de Lula, pois o ex-torneiro mecânico, em São Paulo, só aprendeu com quem não devia e o que não devia, pois adora arrumar uma boquinha pra amigo incompetente. O caso Grafite é apenas um fósforo aceso comparado à coivara incendiada por Grazziano. Aproveitando a onda moralista, é bom que seja convidado a depor e, melhor ainda, se for preso também, pelo menos por dois dias como ficou o argentino Desábato. Se a OAB/SP vai acompanhar o episódio Grafite, por que não retroceder um pouco e começar dois anos antes? Ou será que a maldita hipocrisia nacional vai impedir? Ó céus, Ó Pai, Tu visse? Inté amolei minha faquinha, aquela que “corta” mocotó de bode! O racismo não é o conceito antecipado de que uma raça é superior a outra, confundindo fatores biológicos com culturais? Neste sentido como se justifica a suposição, pelos negros, de que os atletas dessa raça, em diversos esportes, são superiores aos brancos? E os negros defensores de Pelé como o maior de todos, exclusivamente em função da cor, não são racistas? E se um atleta negro, no calor de uma partida, chegar no ouvido de um atleta branco e disser em alto e bom som: branco, branco, branco de m...? O racismo é uma via de mão única?"

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