Exame de ordem

20/5/2005
Wilson Silveira - escritório Newton Silveira, Wilson Silveira e Associados - Advogados e CRUZEIRO/NEWMARC Patentes e Marcas Ltda

"Muito se reclama do obstáculo que o exame de ordem representa para os recém formados, para que possam exercer a profissão para a qual, durante cinco anos freqüentaram faculdades. Realmente, é incrível que 88% dos aprovados nas Faculdades de Direito no país não estejam preparados para exercer a advocacia. É o cúmulo que se mantenham, em nosso país, faculdades de direito que não tem condições de preparar, de fato, seus alunos. Faz muito bem a OAB em impedir que sejam lançados no mercado de trabalho, a cada ano, milhares de despreparados, que dificultarão, ainda mais, a administração da justiça. Mas, por outro lado, o que preocupa é o fato de não haver exame de ordem para outras profissões, como engenharia e medicina, por exemplo. Não se pode acreditar que essa proliferação de cursos vagabundos se limite ao direito. Assim, dá até arrepios pensar que um percentual do mesmo nível de engenheiros e médicos sem condições estão sendo colocados no mercado de trabalho, à disposição da população. O rigor da OAB, de todo louvável, visa permitir o exercício da profissão somente aos que tenham conhecimentos e condições para tanto. E isso veio já a destempo, de vez que existem, no Brasil, um número absurdo de advogados sem qualquer condição de exercer a profissão, colocando em risco os interesses de seus clientes desavisados. O dano, de outro lado, que um engenheiro despreparado pode causar é infinitamente maior, com viadutos e tetos de shoppings despencando, prédios (como os do Naia) caindo etc. São vidas que se perdem em razão do despreparo.  o que pensar, então, dos médicos despreparados? É sempre a vida do paciente que está em risco. A Folha de S. Paulo de 19/5 publicou a notícia abaixo:

 

19/5/05 – 7h04

 

Mulher morre após ser liberada de consulta no PS de Santana

 

Uma mulher morreu no início da noite de quarta-feira (18) na porta do pronto-socorro municipal de Santana, na zona norte de São Paulo, após passar por uma consulta médica.

 

De acordo com a polícia, a empregada doméstica Fátima Gonçalves, 49, foi levada ao pronto-socorro pelo marido, Anderson Mendes Pereira, 65, com forte dores abdominais. Ela passou por uma consulta e foi liberada em seguida.

 

Segundo o marido, havia oito dias que Fátima ia ao PS, diariamente. Ela recebia soro e era liberada.

 

Segundo o marido, havia oito dias que Fátima ia ao PS, diariamente. Ela recebia soro e era liberada.

 

O caso foi registrado no 13º Distrito Policial (Casa Verde). A polícia vai abrir um inquérito para apurar a responsabilidade da morte."


Note-se que a mulher acima referida compareceu, durante 8 dias, ao pronto-socorro municipal de Santana, sendo atendida por oito vezes, recebido soro e liberada. Todos os dias foi atendida por um médico, diplomado com certeza, que não identificou e nem desconfiou do mal da paciente. 
Deu-lhe soro (sic) e a liberou para a morte. Sem dúvida nenhuma, todas as profissões deveriam, obrigatoriamente, sofrer a mesma atenção que a do advogado vem tendo de sua ordem. Certamente isso obrigaria as faculdades a realmente ensinar, que é, exatamente, sua função. Ao contrário de, como dizia um antigo ministro da educação, referindo-se à educação no Brasil, que tudo não passava de um "faz de conta". A faculdade faz de conta que paga os professores convenientemente; os professores fazem de conta que ensinam e os alunos fazem de conta que aprendem."

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