Roedores

31/5/2005
Zé Preá

  

Nero era doido varrido
Pois até a mãe matou
Um sujeito tão perdido
Que até Roma incendiou
Era Roma se queimando
O doido harpa tocando
E delirando se acabou

A própria vida deu fim
Foi seu último prazer
Mas ainda disse assim
Pouco antes de morrer
O fogo faz bem à vista
Pena que este grande artista
Nosso mundo vai perder!

Eu não adoto a fogueira
Me lembra coisa de Nero
Uma pena mais maneira
Eu desejo e considero
Pra findar a ladroeira
É melhor a ratoeira
Pelo fogo não espero!

Eu convoco o Pio Pardo
Mano Meira bem arisco
Pra me ajudar com o fardo
Pois o povo corre risco
Vamos sair na carreira
Pois agora a ladroeira
Vem do rio São Francisco

Dois anos dessa desgraça
E não fez nada que preste
Só vive a tomar cachaça
E a mentir feito a peste
É a praga da Nova Era
Cismou feito a besta-fera
De acabar com o Nordeste
Ele não faz, mas desfaz
É duma ruindade que dói
Quando alguma coisa faz
Outra coisa ele destrói
Sem Itaipu pra deixar
Estrada pra inaugurar
Ou ponte Rio-Niterói

Como um excomungado
Ou coisa ruim, mau cristão
Lula quer fazer finado
O rio da Integração
Vinte e cinco de largura
Por mais cinco de fundura
São as medidas do Cão!

Ele e o Ciro em ação
Vão lascar nosso destino
Achando a transposição
Brincadeira de menino
Aventura molequense
Desse falso cearense
Traveco de nordestino!

O Lula quer essa obra
Pra ganhar nova eleição
E também pra ver se sobra
Pra campanha seu quinhão
Nem a fome ou desemprego
Tira do peste o apego
Pelo seu novo avião

Dou a mão à palmatória
Se não houver desunião
O sedento da história
Fica de lata na mão
A água é pra irrigar
Terra pro rico plantar
Fruta pra exportação

O valor já é sabido
São mais de quatro bilhões
Em tudo está incluído
As verbas das comissões
Caixas dois pra sustentar
Campanhas pra alimentar
Fora a parte dos ratões

Os ratos das construtoras
Vilões do campo e asfalto
Pois obras são causadoras
Da ladroagem de fato
Tribunal de faz de conta
Que a ninguém mais afronta
Pois é refém do Planalto

Triste coisa meu irmão
É a constatação do fato
Que o progresso da Nação
Depende do fim do rato
Essa espécie tão sabida
Que eles dão a mordida
E a gente paga o pato

Pra rato tem ratoeira
Pra igreja tem devoto
Pra o rio a ribanceira
Pro desonesto uma foto
Pro povo a arma na mão
Fuzilar numa eleição
Quem avacalhou seu voto

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