Crise no governo

17/6/2005
Caio Martins - Editor - Decon - Boletim de Desenvolvimento Econômico

"Caros amigos (e os tenho poucos e contados, provados e testados), Jamais um editorial representou para mim, jornalista, algo que eu tivesse tanta vontade de assinar. E tanta angústia de ler. Retrata o grave momento em que vivemos e confirma, infelizmente, tudo o que escrevemos nos últimos anos a respeito do quê tomou o poder no país. Fui exilado político e conheci as personagens sombrias hoje em evidência. Mais: conheci sua maneira de pensar, de agir e de sentir. Tanto assim que neguei-me a pedir indenizações e mordomias, considerando que se participei da luta armada contra o regime militar, o fiz consciente e movido pela certeza de que seria possível construir um país livre de tiranias e suas mazelas. Não fui vítima porque reagi. O povo não me pediu que o fizesse, portanto não posso cobrar-lhe as conseqüências de minha vontade. Seria desonesto. Tinha assim mesmo a esperança que restaurada a democracia, mesmo que rastaquera, os princípios da legalidade primassem, impedindo aventureiros de desmando que tais os atualmente verificados. Que a coisa pública, o bem comum, o império da Lei nos levassem a caminhos de moralidade e integridade, de justiça e paz sociais. Que o cumprimento de direitos e obrigações nos permitissem um Brasil feliz. Por isso combati o que aí está conforme minha capacidade. Todavia, isso que domina hoje o país supera tudo que se possa qualificar de desonesto. Os vínculos são perigosos e as intenções criminosas, e as ações decorrentes assim os tipificam. É criminoso. Seu editorial, contudo, comove pela coragem e fortalece pela eloqüência, nos dá ânimo e incentiva a continuar lutando por aqueles princípios acima mencionados, mesmo sabendo que desta vez será muito mais difícil e arriscado. Fosse religioso e pediria que Deus nos ajude. Não sendo, somente resta acreditar, confiar e apoiar aqueles que, como vocês, insistem bravamente em serem honestos."

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