Invasões

21/6/2005
José Barbosa da Silva - advogado - Santos/SP

"É preciso reagir. Logo que me iniciei na advocacia, pensei que a própria classe fosse capaz de gerenciar seus desígnios, defender suas prerrogativas, e que todo obstáculo seria vencível, em nome da justiça e da dignidade que permeia a advocacia, sem ficarmos todos no muro de lamentações. Logo, porém vendo os desmandos, transtornos, individualismos e fracassos, por que passa a nossa classe, por conta do fraco ou quase inexistente espírito de corpo que grassa em nosso meio, e da fraca atuação de alguns dirigentes da OAB, que sem talento e profissionalismo para enfrentar os desafios inerentes ao cargo, acabam nada fazendo, em situações de verdadeiro degredo à entidade, por conta da atuação desastrosa de alguma "otoridade", como é o caso das invasões de escritórios, revertendo em prejuízo e desmoralização para todos. O desrespeito às prerrogativas é coisa antiga, se analisarmos a atuação da OAB em nível federal, colecionando fracassos na maioria das ações que intenta, chegaremos à conclusão que o Art. 133, da Constituição Federal de 88, tornou-se letra morta, quando instado, em prol do advogado. Nem o legislativo federal respeita o advogado. Haja vista o tratamento desrespeitoso e humilhante que alguns deputados e senadores, dispensaram aos advogados, quando atuaram em defesa dos direito de seus clientes, nas CP'S da vida, como foi o caso da CPMI do Banestado, em que um grupo de advogados foi humilhado, retirado do recinto por seguranças do Congresso, sem o mínimo respeito às prerrogativas dos profissionais que lá estavam cumprindo suas funções constitucionais e legais, o que revelou uma afronta à classe. O pior é que a OAB, depois de se ver desrespeitada em seu mandamento institucional, atingida em cadeia nacional inclusive em programa transmitido pela TV Senado, em flagrante atentado à lei estatutária da advocacia, em vez de imediatamente, ter reagido, distribuindo representações, batendo às portas do STF, exigindo, o cumprimento da lei que eles próprios votaram, nada fez e permanece a mácula. É preciso ter em mente que a OAB, instituição representante maior da classe independente e defensora intransigente dos direitos e garantias fundamentais do cidadão, dos valores inalienáveis da honra e da personalidade, não deve medir esforços no sentido de manter ilibada sua imagem, decoro, e atuação institucional. Conclamo aos colegas diretamente atingidos, e toda classe sem exceção, que não fiquemos lamentando o desrespeito às prerrogativas, porquanto, este estado de coisas, mais cedo ou mais tarde, atingirá a todos. Precisamos sim é reagir, representando essa gente, que é o nosso mister, botando à prova a eficácia da lei, contra os transgressores, travestidos de autoridades."

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