Crise no governo

4/7/2005
Abílio Neto

"Dona Marisa Letícia insistiu, insistiu até que conseguiu fazer a sua festa junina. A primeira dama tem razão, pois se trata de uma promessa que fez e não poderia ser quebrada. Apesar de não ser nordestina D. Marisa honra mais as tradições do Nordeste que o marido. Assim os convidados para a festa tiveram que comparecer vestidos em trajes matutos ou caipiras, como queiram, e no salão não poderia faltar a quadrilha típica desta época, apesar do clima político não ser o ideal para esse tipo de dança porque no momento só se fala na quadrilha do partido do marido, superando em grandeza e evolução, aquela famosa quadrilha alagoana do início da década de noventa do século passado. É bem verdade que a quadrilha de Lula deixaria a desejar no quesito harmonia, pois se atreveu a expulsar um dançarino famoso, mas este botou a boca no microfone e deixou marcando passo as alas mais famosas (justamente as da frente), as que dão brilho à dança. Também em má hora Lula dispensou o puxador (faltando poucos dias pro São João isto não se faz). Deste modo algumas brincadeiras juninas foram proibidas na festa deste ano: 1) Subir no pau de sebo. Motivo: tem gente escorregando demais em Brasília. 2) Pular a fogueira. Motivo: tem gente que preferiu guardar as energias para pular as fogueiras das CPIs. 3) Assar batata doce na fogueira. Motivo: muitos convidados poderão ser obrigados a descascar batata quente mais adiante e assim não seria prudente queimar as mãos de véspera. 4) Por fim foi proibido que a quadrilha (já formada e ensaiada) dançasse. Motivo: havia um receio muito grande de que o novo puxador estragasse a dança errando o comando, ou os convidados não se sentissem à vontade. "Anavantur, anarrié, balancê, passeio na roça, travessê de damas", até aí tudo bem. "Preparar para o passeio à direita". Aí a coisa já começaria a complicar. "Preparar para o serrote". Causaria mal estar. "Olha o túnel". Este ninguém atenderia porque um esgoto coberto não deixa de ser um túnel e muitos ainda se lembram das palavras de Roberto Jefferson. Mas o que todos temiam era que na hora de gritar "olha a chuva" o puxador cometesse um ato falho e gritasse "olha a mala", aí a festa acabaria imediatamente."

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