Desagravo migalheiro

19/7/2005
Alberto Zacharias Toron

"No Migalhas 1.211 o renomado advogado Alexandre Thiollier dirigiu uma irada e errada crítica à minha resposta veiculada no Migalhas 1.210. Começou por colocar palavras em minha boca, dizendo que eu afirmei que a OAB de São Paulo e o Conselho Federal são maravilhosos. Não disse isso! Apenas afirmei que estes órgãos colegiados estão atuando, como poucas vezes se viu, sobretudo na questão das prerrogativas, em prol do advogado. As manifestações dos Presidentes Busato e D'urso são repetidas e variadas. Ações foram tomadas e manifestações foram realizadas. Daí a considerar maravilhosos os Conselhos vai uma enorme distância. A hipérbole do Thiollier só se explica como um meio para a crítica fácil e descomprometida. Aliás, o que de concreto trouxe o ilustre advogado, seu programa de televisão? Sua cadidatura a deputado? Ah, sobre política é o seguinte: também estou de acordo quanto à necessidade de olharmos mais para o nosso próprio umbigo, mas nem isso resgataria nosso prestígio que começou a declinar com o processo de massificação geral das profissões. Vejam o que se passa com os médicos, dentistas etc. Quem pensa que optar por uma política elitista, isto é, traduzida por um número menor de faculdades de direito, asseguraria um nível mais elevado, esquece que, além do feitio excludente,  a questão não se resolveria com uma penada de um juiz, antes reclama um intenso debate de caráter político. A opção autoritária de quem supõe que uma ação judicial resolveria o problema é profundamente equivocada. Não viesse de quem veio, pensaria que um leigo escreveu o que li. Há mais duas coisas: advogados, historicamente, sempre foram atacados quando se envolvem com causas impopulares ou quando vão na contracorrente da opinião pública. Isso não tem nada a ver com o número de faculdades ou o ministro Márcio Thomaz Bastos com quem tive a honra de começar a advocacia e não posso admitir, malgrado minhas divergências quanto às graves violações que a Polícia Federal vem praticando, a critica fácil e rasteira. Vejamos o recente caso da Daslu. Não tenho dúvidas quanto à violência que representou a ação policial, mas não se pode ignorar que veio respaldada por uma ordem judicial e, mais preocupante, conduzida por um Procurador da República. Quer isso dizer que há uma mentalidade punitiva da qual, gostemos ou não, o Judiciário é partícipe e legitima as ações policiais. Ou será que as invasões aos escritórios não foram realizadas no cumprimento de ordens judiciais, depois de o Ministério Público Federal ter ser manifestado de acordo? Reduzir a situação da advocacia ao problema do número de advogados ou bater no chavão de que a Ordem é "punitiva e arrecadadora" é empobrecer o debate, é ficar na superfície sem ver as nossas reais dificuldades. O mais depende de comprometimento no trabalho! Querendo, caro Thiollier, apresente uma pauta para ser discutida publicamente, que a Ordem está aberta."

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