Lava Jato

17/7/2015
Taisa Ruana Ribeiro

"Como sou leitora diária do Migalhas e venho acompanhando algo que parecia ser uma 'crescente demonstração de 'inconformação' do próprio Migalhas e da classe jurídica' em razão da Lava Jato, dos excessos de prisões cautelares e do estardalhaço das delações premiadas, imputadas ao juiz Moro como se o problema estivesse nele e não no imenso esquema de corrupção (Calma! Ainda nada transitou em julgado! Nada está provado (Migalhas 3.656 - 14/7/15 - "Lava Jato - Operação Politeia")! Todos são inocentes até prova em contrário etc.,etc.), a nota de hoje me chamou mesmo a atenção: 1) As pessoas alvo da operação não são importantes? Por que elas não foram citadas? Se eu não tivesse lido mais cedo a Folha de São Paulo, O Globo e o Estado de SP, eu teria ficado com a mesma dúvida que tive quando li a matéria do Correio Braziliense: na casa de quem, no escritório de quem, foi a operação? Ah, do Collor. O Correio alterou a publicação inicial horas depois e incluiu os nomes das pessoas-alvo, mas a primeira matéria não mencionava nenhum nome. 2) Dessa vez os mandados foram expedidos pelo STF, nossa Corte constitucional. Será por isso que, dessa vez, não há nada que mereça mais de quatro linhas de Migalhas? Só os estardalhaços do Moro merecem? Ou politicamente não é interessante para a classe jurídica criticar quando as decisões são dos tribunais superiores? Eu, particularmente, não apostei minhas fichas na Lava Jato. A medida que ia se tornando inevitável que as investigações começassem a ser aprofundadas em relação ao núcleo político/estatal e que os processos começassem a subir em razão do foro privilegiado, eu achava mesmo que a operação ia morrer. Na verdade, eu achava, que conforme os pedidos de habeas corpus subissem, a lotação na papuda ia ser drasticamente reduzida. No fundo, eu mesma achava que o Moro vinha se excedendo. Daí eu acabo tendo que concluir o contrário: as prisões cautelares são necessárias e legais mesmo, tanto que os tribunais superiores estão mantendo praticamente todas elas. As decisões de mérito e o seu trânsito em julgado, claro, são uma pauta diferente. O que eu queria registrar aqui como leitora do Migalhas que sou e continuarei sendo, desse que eu considero o melhor rotativo jurídico deste país, é que a toda a imprensa deve ser justa com os seus leitores e deixar claros os seus posicionamentos. E aí eu pergunto: por que não citar o Collor? Ok, ele não foi o único 'alvo' da operação hoje. Mas, mesmo assim, me resta a dúvida: por que o Migalhas não citou o Collor? Desde já, agradeço pela atenção, porque eu sei que vocês não deixam seus leitores sem resposta. Quando eu reclamei das críticas ao JB, na edição havia uma notinha ('notona') em resposta."

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