Propaganda - Bombril

14/8/2015
Sandra Nascimento

"O mais estranho é que, para mim, a propaganda não soa 'feminista' por debochar dos homens, mas sim machista (Migalhas 3.679 - 14/8/15 - "Sexo frágil" - clique aqui). Machista porque, assim como acontece com outras propagandas de produtos de limpeza, é voltada exclusivamente para o público feminino, apesar de ter sido elaborada em pleno século XXI e em um país no qual a maior parte das mulheres trabalha fora e exerce cargos décadas atrás concedidos apenas a homens. Ora, se vivemos essa realidade, atualmente, em nosso país, por que, então, os anúncios de produtos de limpeza são sempre voltados exclusivamente ao público feminino? Esse tipo de atitude dos fornecedores desses produtos e das agências publicitárias que formulam seus anúncios apenas fazem reforçar o absurdo de que os homens não são responsáveis pela colaboração nas tarefas domésticas, fazendo com que as mulheres, extenuadas, tenham que se desdobrar para darem conta de dupla jornada de trabalho - uma fora e outra dentro de casa. Reforça-se, outrossim, na propaganda, a ideia de que a mulher deve ficar relegada invariavelmente às tarefas domésticas - e que devem ficar felizes em permanecerem nesse papel - ao mostrar mulheres 'vangloriando-se' de entenderem de limpeza e de os homens nada saberem a respeito disso. Em outras palavras: a propaganda acaba apenas reforçando o machismo ainda existente na sociedade que proclama que o lugar de mulher é em casa, na cozinha ou no tanque, e que deve ficar feliz ocupando-se exclusivamente das tarefas domésticas."

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