Baixo salário

27/1/2016
Raphael Horta

"O só fato deste assunto ter alcançado a dimensão que alcançou, pode o advogado réu se dar por satisfeito (Migalhas 3.789 - 27/1/16 - "Contrata-se" - clique aqui). Agora, evidente que não se pode ultrapassar os limites da crítica, como direito de expressão, a atingir a honra da sociedade de advogados. Mas, cá entre nós, advogados de trincheira, que colocam diariamente as barrigas no balcão de secretária, diferentes dos donos de grandes escritórios - que não sabem sequer o caminho do fórum - é mesmo um absurdo remunerar com patéticos R$ 1.000,00 por um profissional, mesmo de nível júnior. O desalento do colega, processado, tem forte sentido. As grandes bancas de hoje funcionam como verdadeiras empresas e se distanciam muito das sociedades simples. São verdadeiras empresas 'mercantis' (empresa só pode ser mercantil) e muitas contam até mesmo com assessoria de impressa. Estamos vivendo em uma fase de mercantilização da profissão - agora, certo ou errado, que remunerem com dignidade o profissional que executará as funções nucleares desta sociedade. Querem os sócios (verdadeiros donos da banca) o melhor dos dois mundos, inserindo como associado um profissional que deveria ser empregado ou dando ao advogado uma cota parte mínima da sociedade, transformando-o em sócio de serviço, com autorização da OAB. Enquanto a OAB não se colocar em uma postura firme, haverá afetação na dignidade do advogado, remunerado com valores risíveis sem hora para entrar, mas sem hora para sair, muitas vezes avançando noites a dentro para cumprir prazos. Basta fazer uma pesquisa simples na Catho, com uso do filtro, e se verá que há um achatamento dos honorários pagos aos advogados. Corajoso o colega processado - sugiro apenas que refaça a crítica sem invadir a esfera moral das bancas, mas sem se acovardar no uso das palavras."

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